I Don’t Love You Yet: amar é sair da zona de conforto

Suca
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8 min readNov 25, 2019
Ren e Yo fazendo o que mais gostam: beber cerveja e comer takoyaki

Encontrar alguém com quem você pode conversar por horas, que te entende apenas com um olhar, a melhor companhia para uma viagem, o melhor abraço na hora que a tristeza aperta, para quem você liga quando algo bom acontece. O amor pode estar literalmente do seu lado. E se seu par perfeito fosse seu melhor amigo(a)? Você apostaria neste amor ou teria medo de estragar uma linda amizade?

I Don’t Love You Yet mostra exatamente essa situação, Mitarai Yu e Ishida Ren são amigos desde a escola, os dois viveram todas as dificuldades da passagem da adolescência para a vida adulta juntos, agora com quase 30 anos, são amigos inseparáveis com uma sintonia de causar inveja. No entanto, se olharmos com um pouquinho mais de atenção, dá pra ver que por trás desta linda amizade, um grande amor está sendo sufocado.

Também conhecido com In Time With You, este drama é um remake do drama taiwanês de mesmo nome. Existem outros remakes desta história (Coréia do Sul, China e Tailândia), então gostaria de alertar que neste texto só vai ter reflexões sobre o remake japonês.

Drama: I Don’t Love You Yet
Título em Japonês: 僕はまだ君を愛さないことができる
País: Japão
Episódios: 16
Emissora: Fuji TV

Sinopse: Mitari Yo trabalha em uma loja de sapatos. Ela acha seu trabalho gratificante e avançou com sucesso em sua carreira. Mas ela continua com o coração partido e sua vida romântica não tem ido muito bem ultimamente. Ishida Ren trabalha para uma multinacional e é o melhor amigo de Yo. Um ex-colega de escola, tanto no ensino médio quanto na universidade, ele a entende e é a única pessoa a quem ela se dedica. No aniversário de 29 anos de Yo, os dois amigos apostam em dar 300.000 ienes como um presente àquele que primeiro se casar até o dia em que eles completarão 30 anos. Embora eles declarem que é impossível que se apaixonem entre si, essa aposta, bem como os avanços de Ren na empresa e o reencontro de Yo com seu ex-namorado Mizusawa Ryusei, levam a mudanças graduais no relacionamento dos dois melhores amigos.

A paixão entre amigo, a necessidade de se casar depois dos 30, o medo de se declarar… Todos são temas que já vimos muitas vezes em filmes e doramas, I Don’t Love You Yet tem tudo isso, mas mesmo assim valeu a pena assistir. Apesar de ser uma história bem comum, eu fiquei muito envolvida justamente pela inovação não partir do roteiro, e sim por mostrar de uma maneira mais profunda e detalhada temas que são recorrentes em comédias românticas.

Matarai Yo: a pressão para casar

A linda da Adachi Rika ❤

Tanto aqui no Brasil, como no Japão, as mulheres depois de certa idade, sofrem uma grande pressão para estar em um relacionamento sério, casar e ter filhos. Yo está com 29 anos e vê todas as suas amigas, colegas e conhecidas se casando. Ela não está em um relacionamento e se sente muito mal por não ter um namorado. Apesar de à primeira vista parecer apenas uma personagem chata, reclamona e superficial, como várias que já acompanhamos em outras comédias românticas, com o passar dos episódios podemos ver que todo o seu desespero tem uma explicação. Além das questões culturais japonesas, em que as mulheres são intensamente cobradas para se casarem antes dos 30, também existe a história pessoal de Yo, com sua trajetória complicada no amor.

Yo é uma excelente profissional, trabalha com o que mais gosta (sapatos), vive de maneira feliz com sua família, porém ainda sente esse peso de não ser casada. Confesso que no início não conseguia entender porque casar era fundamental para ela, eu só relacionava com a pressão da sociedade como um geral, só entendi os reais motivos para sua angústia por ter um marido quando o passado da personagem foi contado e Ryusei aparece.

Ryusei é o ex-namorado de Yo, os dois namoraram por um longo período e chegaram a morar juntos. Após um término traumático, Yo ficou destruída, sendo amparada por Ren e por sua família. Com esse novo desdobramento do roteiro, percebi que Yo tinha baixa autoestima, que não sentia que alguém pudesse amá-la, não se sentia digna de receber amor. E isso doeu fundo no meu coração.

Infelizmente, muitas de nós mulheres já passamos por isso, por um relacionamento tão ruim, tão complicado, tão abusivo, a ponto de se sentir massacrada, não se reconhecer mais e ter que recomeçar do zero. A partir daí comecei a ter uma grande empatia pela personagem, isso também se deve a interpretação de Adachi Rika, que fez uma atuação muito madura, mostrando pouco a pouco cada lado da Yo. Através das suas lágrimas, dos seus risos, dos olhares profundos e suspiros, eu cada vez mais entendia e gostava da personagem.

Ishida Ren: o medo de se declarar

O lindo do Shirasu Jun ❤

Ren não sofre a mesma pressão que Yo para casar, também com uma vida profissional muito organizada e uma família muito tranquila, ele segue repetindo sua rotina de eterno ouvinte e conselheiro de sua grande amiga. O grande dilema do personagem é se declarar para Yo, já que existe o medo de perder a sua amizade. Enquanto via o dorama, fiquei inúmeras vezes muito impaciente com a falta de atitude do Ren. Assim como aconteceu com Yo, apenas com o desenvolvimento da história e as explicações sobre o passado dos dois, entendi a falta de atitude dele em declarar esse sentimento tão grande e tão antigo pela amiga.

Também tive meu momento “identificação” com Ren, já que ele tinha muito medo de perder algo seguro e tão importante na sua vida, a amizade de Yo, para viver a possibilidade de ter um romance com ela, algo que poderia nem ser duradouro. Já diz o ditado, mas vale um passarinho na mão do que dois voando e essa é mesmo a filosofia de vida do Ren. Nos momentos de flashback do roteiro, o personagem é mostrado sempre como um garoto muito tímido e reservado, alguém que não teria coragem de se expor de forma alguma. Através da música, ele conseguia se expressar, mas ao entrar numa banda famosa e sair rapidamente, já que não conseguiu ter seu talento reconhecido, acaba esquecendo até disso e se fechando cada vez mais no seu mundo de certezas.

Shirasu Jun fez uma atuação maravilhosa como Ren, só o tinha visto em papéis secundários, nunca como protagonista e ele me surpreendeu muito positivamente. Assim como Adachi Rika, conseguiu dosar bem as emoções do personagem e fez possível que conseguíssemos ter carinho e torcêssemos por Ren.

Ryusei: amar não é sofrer

O ex embuste

Outro tipo de personagem bem comum em comédias românticas é o ex problemático. Em I Don’t Love You Yet também temos este personagem, o diferencial é que ele é o gerador de mudanças na história. Ryusei, ex de Yo, trava embates fortes com Ren, e graças a isso nosso protagonista consegue sair da sua zona de conforto e mudar, para si mesmo e também para tentar conquistar Yo.

Yo também tem grandes mudanças ao reencontrar Ryusei, já que não sabe se ainda o ama ou não. Aqui o tema do relacionamento abusivo é trabalhado de uma forma magistral, como eu nunca tinha visto antes. Com Ryusei podemos ver realmente como é um parceiro abusivo, como ele é conquistador, persuasivo, manipulador e violento de várias formas. O que me deixou feliz foi Yo ter conseguido encontrar forças pra sair dessa relação e ter mudado a si própria, para então ir atrás do amor de Ren. A atuação de Asaka Kodai foi excelente, porque em todos os episódios eu senti vontade de matar Ryusei com minhas próprias mãos.

Corre, Ren, corre!!

I Don’t Love You Yet foi uma grata surpresa na temporada de verão, não costumo ver comédias românticas, mas fiquei encantada como uma história tão simples e tão batida pode ter nuances tão profundas e poéticas, que me emocionaram muito. Gostei muito de como as famílias dos protagonistas eram, fazia muito tempo que não via em um dorama exemplos de famílias tão saudáveis e amorosas. Também chamou muito minha atenção como o roteiro trabalhou com alguns símbolos para mostrar a personalidade e o desenvolvimento pessoal de cada um dos protagonistas.

Yo é sempre rodeada por sapatos, no seu trabalho, na sua vida pessoal e amorosa, para mim o sapato mostra as tentativas da personagem de se encaixar no mundo, por isso tive um momento de intensa emoção quando ela começa a produzir os próprios sapatos, ou seja, a construir seu próprio caminho. Já Ren tem o violão como seu símbolo, através da música, o jovem Ren conseguiu se expressar e inclusive falar sobre o que sentia por Yo pela primeira vez. E através do violão e das suas canções, ele consegue se libertar e chegar até o coração de Yo.

A abertura mais linda que eu já vi!

Também quero destacar a abertura desse dorama! Fazia tempo que não via uma abertura tão bonita. A abertura inteira dá muitas dicas válidas sobre como será a história de Yo e Ren. As cores, os objetos, o que cada um faz em cena. Preste muita atenção, vai te ajudar muito a entender o que vai acontecer com os dois. A trilha sonora também é fundamental e é um grande spoiler da trama. A letra de “結び様” , música da banda Indigo La End e OST do dorama, fala muito da relação de Yo e Ren e também vai ter um papel muito importante na história dos dois.

Calma, isso não é o final!

Toda a trajetória de Yo e Ren, entender o passado dos dois, os motivos para eles serem tão inseguros e a veracidade na história, me fizerem vibrar, chorar e ficar apreensiva pelo episódio seguinte. Sei que pode parecer meio repetitivo da minha parte, mas é exatamente essa capacidade de mostrar a complexidade em temas simples e cotidianos que me faz ter tanta paixão pelos j-dramas. Foi muito lindo ver esses dois personagens desabrocharem para vida, cada um em seu tempo, saindo da zona de conforto e entendendo que para amar é preciso se entregar, é preciso errar, é preciso arriscar e também é preciso olhar para o lado, porque às vezes o grande amor da sua vida está aí, do seu lado.

O amor pode estar do seu lado ❤

Links para assistir: Céu Asiático e Viki

OST: 結び様, Indigo la End

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vejo muitos jdramas e gosto de escrever sobre eles.