Consumerismo: conceitos de uma nova forma de pensar o consumo

Gabriela Pastori
Blogando
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4 min readSep 25, 2018

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Vivemos em uma sociedade que prioriza e incentiva o máximo consumo. A busca pelo modelo mais recente, pela peça da nova tendência, pelo produto exclusivo determina os investimentos do consumidor.

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Indo na contramão deste movimento de manada, uma forma diferente de pensar o consumo vem aos poucos ganhando cada vez mais atenção de empresas e clientes: o consumerismo.

O conceito

Em uma definição bastante conceitual, consumerismo indica-se como uma forma de consumir em que a racionalidade, a reflexão e a responsabilidade são os principais gatilhos para a tomada de decisão.

Nesta forma de pensar o consumo, todas as nuances que envolvem a aquisição de novos produtos — econômicas, sociais, ambientais e culturais, são consideradas.

O consumo impulsivo, baseado no desejo e nos apelos emocionais, passa a ser racionalizado e o consumidor expõe suas preocupações sobre os impactos do seu comportamento de consumo.

Este não é movimento recente, nem mesmo inesperado. Na verdade, ele é a consequência direta de uma sociedade que, por conta das novas tecnologias de informação e comunicação, está pautando suas de escolhas em informações.

O consumerismo não envolve somente deixar de lado o consumo de itens desnecessários e efêmeros. Ele vai além — está relacionado a uma análise aprofundada sobre todo o papel desempenhado pelas as companhias que comercializam os produtos e suas consequências.

Hoje, com o acesso quase irrestrito a referências, informes e notícias, tornou-se muito simples compreender quais os impactos de todas as decisões mercadológicas que são feitas.

Empresas que tenham suas marcas envolvidas em irregularidades trabalhistas, ambientais, ou em qualquer transação ilegítima, pode ter sua imagem totalmente questionada por consumidores mais engajados.

As movimentações do mercado

Não é possível negar que uma fatia altamente considerável do trabalho do profissional de marketing é provocar, incitar e manter os estímulos consumistas que estão presentes em nós.

De forma geral, as movimentações do mercado, provocadas e impulsionadas pelas empresas, eram as forças que ditavam as diretrizes do consumo. Com isso, assistimos a diversas tendências serem criadas e imputadas aos consumidores.

Em uma sociedade de consumo, em que muitos comportamentos de baseiam na máxima contemporânea ‘tenho, logo existo’, o desejo por adquirir sempre novos produtos é o que sustenta, em boa parte, o mercado da publicidade.

Diferente disso, o consumerismo coloca-se como uma nova forma de pensar o consumo: mais consciente, racional e reflexiva.

Este novo cenário vem provocando impactos em alguns nichos de mercado, substancialmente para aqueles mais engajados e influenciadores. O perfil deste consumidor — mais crítico e seletivo, acendeu o alerta para as novas tendências de consumo.

Logo, as empresas buscaram entender este comportamento, a fim de incorporar o novo posicionamento está sendo exigido.

Para o desenvolvimento deste novo mindset, o primeiro passo é entender que o caminho para as marcas conquistarem destaque não é negar o consumo, muito menos demonizá-lo.

Estamos inseridos em contexto em que as transições comerciais sustentam a economia e amparam o desenvolvimento. Mas, como se colocar diante da dicotomia que se inseriu o consumo?

A resposta pode não ser simples, tampouco definitiva, mas o caminho mais assertivo será criar marcas mais engajadas e responsáveis.

Empresas com propósito

Uma companhia que demostra ter compreendido este movimento e está aplicando em suas campanhas de marketing este posicionamento é o Uber.

A empresa americana, atuante na área do transporte privado urbano, iniciou suas atividades apresentando-se como uma alternativa mais barata e eficiente aos táxis e ao transporte coletivo.

Porém, aos poucos este posicionamento vem se transformando. Agora, em suas iniciativas, a empresa enfatiza sempre que o serviço de carro compartilhado vai além de ser uma possibilidade viável às opções tradicionais.

Ela promove que esta modalidade de transporte inibe o uso de veículos motorizado de uso individual, diminuindo assim o número de carros circulantes, além de amenizar o trânsito e contribuir para a diminuição de emissão dos gases poluentes.

Em todas estas colocações, o Uber procura racionalizar o uso do seu aplicativo, colocando argumentos pragmáticos e pertinentes às discussões atuais.

Assim, a escolha pelo serviço para a ser feita de forma lógica e coerente.

As tendências de consumo

Os pontos mais relevantes que o movimento do consumerismo mostra aos profissionais de marketing é que o consumo por consumo está sendo cada vez mais abandonado.

Os clientes atuais buscam empresas que tenham posicionamento e propósitos reais.

Por isso, nunca o branding das marcas foi tão fundamental e necessário. Pontos como responsabilidade social e sustentabilidade se tornaram essenciais nas ações dos grandes players da indústria.

Estratégias de comunicação que apresentam estes temas como pontos principais já não são novidades e fazem parte das peças principais das marcas.

Porém, no consumerismo, o novo consumidor espera mais de suas marcas.

Mais do que imprimir um juízo de valor sobre esta tendência, ou as aplicar conclusões simplistas e rasas sobre a viabilização do consumerismo, é importante compreender como este movimento vem interferindo nas práticas de consumo.

Às empresas, cabe a missão de pensar produtos e serviços que imprimam em todas as suas partes o engajamento que elas propõem.

Aos marqueteiros, compete o trabalho de pensar ações e peças que tenham propósitos reais, consistentes e perenes.

Para este público altamente criterioso, os motes simples, as liquidações fáceis, os jingles que grudam na cabeça, definitivamente, estão perdendo espaço.

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Gabriela Pastori
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Cientista da Informação. Digital Planner - BANG Agência Digital. Colaboradora do @Blogando.