O que você poderá ver nas redes sociais durante as eleições 2018

Letícia Ferreira
Blogando
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4 min readAug 20, 2018

Nós últimos meses, assistimos a influência das redes sociais em diversos processos políticos ao redor do mundo. O vazamento de dados do Facebook promovido pela empresa Cambridge Analytica, a interferência da mesma rede social no processo de separação da Inglaterra do Reino Unido, o BREXIT, e o crescimento exponencial de noticias falsas (as famosas fake news) que afetam a compreensão do que real ou falso das pessoas todos os dias. Uma perspectiva muito diferente do poder que as redes sociais proporcionaram nas jornadas de junho de 2013 no Brasil e na Primavera Árabe.

A gravidade dessas situações obrigou Mark Zuckerberg a dar esclarecimentos ao Senado americano. As empresas que vivem no guarda-chuva do Facebook — além do próprio Facebook, o Instagram e o Whatsapp — tomaram medidas para evitar que ações mal-intencionadas continuassem a perpetuar mentiras e invenções sem qualquer restrição, principalmente em anos eleitorais — por pura pressão.

No Brasil

Para combater as notícias falsas e impedir que essas informações distorçam os resultados eleitorais de 2018, o escritório do Facebook no Brasil contratou duas agências de checagem para verificar conteúdos suspeitos que circulam na rede. São elas: Aos fatos e Agência Lupa.

Os links identificados como informações falsas, verificados pelas empresas checadoras, têm menor alcance na plataforma e recebem a indicação de conteúdo suspeito.

Propaganda política até no Facebook

É real e inédito! Pela primeira vez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permite anúncios pagos durante as eleições na internet. Antes, os candidatos divulgavam suas propostas apenas de maneira orgânica. Essa modalidade de patrocínio está regulamentada apenas para Facebook e Instagram.

Os responsáveis pelo gerenciador de anúncios da página de um candidato (a) precisam passar por uma autenticação de dois fatores no Facebook para iniciar o processo. Depois, a plataforma permitirá o registro de um CNPJ — o da campanha registrado no TSE — que ficará visível para as pessoas atingidas pelo patrocínio. Esse procedimento é necessário para que qualquer publicação patrocinada com intenção eleitoral seja publicada com uma indicação de propaganda eleitoral no Facebook e no Instagram. Para ter informações oficiais sobre esse mecanismo clique aqui.

O exemplo, a seguir, de como isso funciona na prática nas redes não tem a intenção de promover um ou outro candidato. A campanha eleitoral começou oficialmente no país no dia 16 de agosto, quinta-feira, por isso muitas empresas de comunicação e candidatos (as) ainda estão se adequando às regras e aos mecanismos de segurança do Facebook, o que dificulta a disponibilidade de exemplos mais diversos, por enquanto.

O nome do candidato também fica disponível logo após o CNPJ da campanha. Essa informação e o número de urna foram apagados para esta publicação. Imagem: Reprodução/facebook

Nessa imagem, é possível ver como a propaganda eleitoral é indicada pelo Facebook, acompanhada pelo número do CNPJ da campanha do candidato.

A empresa anunciou que vai manter um banco de dados de tudo o que for anunciado como propaganda eleitoral na plataforma. As informações estarão disponível por sete anos.

A explosão do Whatsapp

O “zap” não é uma rede social como o Facebook, o Instagram e o Twitter. Para falar com alguém, você precisa ter o número daquele pessoa. É uma ferramenta de mensagem one to one, ou para grupos específicos. Em alguns casos, principalmente quando há circulação de notas sem link ou referência, ninguém sabe quem escreveu, quem compartilhou primeiro um conteúdo. Ainda assim, o Whatsapp é uma fonte primária de informação significativa para muitas pessoas.

Candidatos e candidatas que possuem grupos de apoio no Whatsapp já estão na frente na corrida eleitoral. Pra quem está começando agora, o caminho é longo para criar uma comunidade ativa, engajada e que propague ideias de candidatos entre círculos de pessoas muito próximas, que se relacionam fora da internet. É por isso que os postulantes a cargos públicos, de todos os espectros políticos, estão de olho no Whatsapp.

Inteligência Artificial nas eleições

Chatbot, inteligência artificial, automação! Eles ganharam um novo espaço nas eleições. Os chatbots são robozinhos programados para falar com alguém como se fosse um ser humano. O inbox de muitas empresas já utilizam esse recurso na primeira etapa de atendimento ao cliente. Agora, candidatos a cargos no poder executivo e legislativo estão contratando o serviço de programação de mensagem para Whatsapp, focados em acelerar a comunicação com seus possíveis eleitores.

Respondendo com um dos números disponíveis, mais informações sobre o candidato são enviadas automaticamente.

Para os profissionais de comunicação fica o desafio de administrar, alimentar e mensurar os resultados dos conteúdos divulgados pelo Whats. O que parece evidente, pelo menos nesses primeiros dias, é que temos nele uma ferramenta indispensável para quem quer ter um projeto de comunicação forte nas eleições.

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Letícia Ferreira
Blogando

Jornalista, repórter na Revista AzMina. Ex-trainee no Programa de Jornalismo de Saúde da Folha de S.Paulo e fundadora da Rede Brasileira de Jornalistas Negros