“Quanto custa o outfit?” e sua relação com o marketing de luxo

Ana Vitória Paz
Blogando
Published in
4 min readJun 12, 2018

Parece loucura montar um look do dia com mais de R$ 30.000,00? Ou melhor, pagar esse valor por apenas um relógio? Não para os jovens do viral “quanto custa o outfit” e, PASMEM, eles não são os únicos.

Se você é ligado, pelo menos um tiquinho, nas mídias sociais, aposto que tem acompanhado esse recente viral. O vídeo “quanto custa o outfit” mostra jovens revelando o quanto gastaram em cada uma das peças de roupa ou acessórios que estão usando para frequentar um evento para revenda e troca de itens de streetwear.

Gastar um valor considerável em uma peça de roupa pode parecer absurdo para a maioria das pessoas, tanto é que esse episódio se tornou facilmente um viral, dando, até mesmo, espaço para ótimas paródias! Mas a realidade é que essas pessoas não estão sozinhas: isso existe e não é de hoje.

Mas, enfim, o que o marketing de luxo tem a ver com essa história?

Primeiramente, vale a pena entender o que é marketing de luxo.

O marketing é extremamente importante na comunicação de uma marca ou instituição com seu público alvo, ok? É dever do marketing transmitir ideias e valores da marca em questão, mas sempre com a finalidade de atrair esse público. Digamos que o marketing de luxo faz exatamente isso, entretanto com um detalhe fundamental a se observar: a exclusividade que ele oferta!

Enquanto uns lutam em período de crise econômica, outros fazem parte de um mercado que, surpreendentemente, não para de crescer: o mercado de luxo. Mesmo em período de desaceleração, o segmento cresceu 9% em 2016, segundo a ISTOÉ DINHEIRO.

O comportamento do público alvo do mercado de luxo procura exatamente o contrário do que a maioria dos outros públicos, eles desejam aquilo que é para poucos, ainda que tenham que pagar um valor altíssimo por isso. A ideia aqui é não tornar o produto acessível, tornando-o extremamente exclusivo, escasso e, por isso, de grande valor.

Assim como os jovens que aparecem no vídeo, essas pessoas buscam algo que as tornem parte de um grupo altamente seleto, principal e fundamentalmente ao que diz respeito a status. Elas não compram um produto, mas um estilo de vida.

Isso, de alguma forma, acaba se relacionando à teoria da Hierarquia de Necessidades do Consumidor, a famosa Pirâmide de Maslow. Ela explica perfeitamente como os indivíduos são movidos a ter ações que façam suprir as suas necessidades através de uma ordem pré-estabelecida, considerando as mais básicas (biológicas e fisiológicas)até as mais complexas (psicológicas e emocionais).

Saiba mais sobre a Pirâmide de Maslow: bit.ly/2r7t4dm

Neste caso, esses consumidores estão claramente no patamar que busca por autoestima, cujas necessidades são as de aceitação e valorização por si e pelos outros que estão ao seu redor, procurando constantemente por reconhecimento. Ao comprarem uma peça caríssima e limitada, a sensação é como se eles ganhassem uma competição, um certo tipo de prêmio, uma colocação em um pódium.

Muitas marcas entendem isso e, desta forma, produzem um número reduzido de peças que são focadas nesse tipo de público, além de proporcionarem eventos exclusivos para aqueles que compram com grande frequência ou qualquer outro evento que os faça se sentir parte de um grupo exclusivo, um lugar onde muitos querem estar, mas poucos estão. Sem falar nas parcerias com personalidades idolatradas por esse público.

Causar a sensação de escassez e exclusividade sobre uma marca faz com que seus produtos/serviços sejam cada vez mais valorizados. É claro, isso a partir do momento em que a marca já estabeleceu uma cultura, estilo e valores que vão de encontro com o comportamento e necessidade do seu consumidor, a ponto do mesmo se identificar, querer fazer parte desse grupo seleto e, assim, estar disposto a pagar valores altíssimos por isso, constantemente.

O mercado de luxo, que está diretamente ligado ao marketing desse segmento, existe há algum tempo. A surpresa que trouxe o vídeo “quanto custa o outfit” surgiu por conta de como essa ostentação vem sendo exposta ou até mesmo adquirida por seus consumidores.

Tem mercado para toda boa estratégia, independentemente se sua marca lida com o público A, B, C ou D. “Do concorrente é mais barato, por isso eu não vendo” nunca fez tão pouco ou nada de sentido.

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