MANIFESTO: Feliz aniversário, Bruce!

Uma reflexão sobre os 7 anos de vida da Atlética de Comunicação e Artes da UFRJ

Oi, meu nome é Bruce! Hoje, 27 de outubro, é meu aniversário. Faz 7 anos que minha trajetória na Atlética de Comunicação e Artes começou — e por isso, sou grato. Foram anos incríveis, amizades incríveis, conquistas e certezas de que ganhei uma nova perspectiva de vida.

Encontrei uma casa na Praia Vermelha e outra no Fundão. Vi minha personalidade incorporar um pouco de tudo: tenho sotaques de norte a sul do Brasil, tenho várias personalidades em uma só. Tenho a alegria e o companheirismo como traços essenciais de quem eu sou…

Mas eu não seria nada se não fosse livre.

Sou quem sou porque fui livre pra estender a bandeira LGBT em pleno Sombrão. Porque fui livre para caminhar ao lado dos outros mascotes do JUCS num casamento debaixo de chuva, em Vassouras, para reconhecer que todas as formas de amor são válidas.

Sou quem sou porque fui livre pra gritar a plenos pulmões que “o feminino é foda”. Porque fui livre para tratar com respeito e dignidade tanto o esporte feminino quanto o masculino, assegurando que todos tenham acesso em iguais condições à prática esportiva.

Sou quem sou porque fui livre para condenar o racismo. Porque fui livre para dizer que a cor da pele não define caráter de ninguém. Porque fui livre para me posicionar contra o arremesso de uma casca de banana em direção a um atleta no meio de um dos jogos universitários.

Sou quem sou porque fui livre pra tocar meu samba na Bateria. E meu forró. E meu funk. E meu pop. E todos os ritmos musicais possíveis, porque fui livre pra reconhecer a rica diversidade cultural que existe no nosso país.

Sou quem sou porque fui livre para promover o debate. Porque a história dessa Atlética passou pela construção coletiva, com o dedo de cada um dos alunos, voltada diretamente aos nossos interesses.

Sou quem sou porque fui livre para ser democrático.

E essa liberdade está em jogo.

Nos últimos anos — e especialmente na campanha eleitoral de 2018 — , vimos o fascismo tomar conta. As ameaças à liberdade para sermos quem somos parecem cada dia mais próximas. Estamos assistindo a um filme que tem como protagonistas o nacionalismo exacerbado, promessas vagas por um futuro melhor e esperança pelo fim da crise econômica. Como a história é cíclica, já vimos esse filme antes. Sabemos como ele termina.

O futuro nos reserva dúvidas e apreensões. Sei que as barbatanas podem fraquejar (e não há vergonha em sentir medo), mas agora é hora de resistir. Não caiam na falácia da democracia passiva: ser neutro é tomar o lado de quem já está vencendo. Que façamos eles ouvirem nossa voz quando lutarmos pelo justo. Pelo igualitário. Pelo livre. Pelo democrático.

Parabéns para nós que somos resistência todo dia. Obrigado, do fundo do meu coração, a todos que fizeram parte desses sete anos de história da Atlética de Comunicação e Artes da UFRJ. A pluralidade de cada um de vocês é parte essencial da nossa liberdade. Esse ano o aniversário não é lá tão feliz, mas permaneceremos aqui para assegurar que o sol volte a brilhar um dia.

ATLÉTICA DE COMUNICAÇÃO E ARTES DA UFRJ ANTIFASCISTA

RESISTIMOS