5 filmes com protagonismo negro para ver em 2022

Um ano cheio de fortes emoções e muita negritude no cinema

Patrício
Blog do Patrício

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O Globo de Ouro 2022 não foi sequer transmitido pela televisão. A NBC, tradicional casa de um dos prêmios do cinema mais importantes do mundo, se negou a transmitir o evento enquanto os problemas envolvendo diversidade não fossem solucionados.

O estopim dessa treta ocorreu ano passado, quando a série "I may destroy you" de Michaela Coel (uma das realizadoras mais aclamadas do ano, e representante legítima da leva de criativos negros millenials que surgiu nos últimos anos) foi esnobada pela premiação. Para surpresa de todos, "Emily in Paris", série da Netflix que passa longe de ser um primor artístico, foi indicada.

Michaela Coel em "I may destroy you": série aclamada por crítica e público foi esnobada pelo Globo de Ouro em 2021

Dias depois, o jornal Los Angeles Times iniciou uma série de reportagens mostrando fatos desconcertantes sobre a premiação: além de todos os 90 jornalistas da banca avaliadora do Globo de Ouro serem brancos, a maioria deles foi agraciada com viagens a Paris pagas pela Netflix para, digamos assim, facilitar a indicação de "Emily in Paris". Era só a ponta do iceberg de um escândalo que revelava como produtoras e estúdios privilegiavam produtos protagonizados por pessoas brancas usando vantagens indevidas junto a jurados de algumas premiações.

Vários atores passaram a boicotar o Globo de Ouro, negros e não-negros, dente eles Mark Ruffalo, Scarlet Johansson, Viola Davis. Tom Cruise chegou a devolver todos os troféus da premiação que já havia recebido. O estrago na credibilidade do prêmio, e na indústria como um todo, foi avassalador.

No rastro do #BlackLivesMatter, a indústria parece ter ouvido o recado. Olhos estão abertos para produções com protagonismo negro. E quando falo de filmes com protagonismo negro, não falo de filmes estrelados por atores negros — cheios de boas intenções, mas repletos de furos de representatividade que não cabem mais no cinema. Falo de filmes escritos, dirigidos AND estrelados por pessoas negras, que não ignoram questões da negritude e nem tem melindres de tocar nas feridas da branquitude.

Um avanço significativo sim, mas ainda um claudicante começo. Ainda assim, esse ano tem um monte de filmão com protagonismo negro. Alguns com cheiro de Oscar.

Então não faça como o Globo de Ouro, tá? Olho nessas produções.

MEDIDA PROVISÓRIA, Lázaro Ramos

Estreia: 20/01/22.

O Governo Brasileiro edita uma medida provisória que obriga todos os cidadãos afrobrasileiros a retornar à África. A premiada distopia de Lázaro Ramos, que levou meses para vencer a censura da Ancine, finalmente chega aos cinemas.

Com Taís Araújo, Alfredo Enoch, Adriana Esteves e Seu Jorge

NOPE, Jordan Peele

Estreia: 22/07/22

Nada se sabe sobre a trama do novo filme de Jordan Peele (Corra!, Nós). Há poucos dias, o diretor publicou um pôster que não entrega nada. Daniel Kaluuya mais uma vez protagoniza o filme, ao lado de Steven Yeun (Minari, The Walking Dead).

Com Daniel Kaluuya, Steven Yeun e Keke Palmer

THE WOMAN KING, Gina Prince-Bythewood

Estreia: 16/09/22.

Baseado em fatos reais, narra a história da comandante do exército 100% feminino do Reino de Daomé (um dos maiores impérios africanos entre os séculos XVII e XX). Nanisca (Viola Davis) e sua filha Nawi (Lupita Nyong’o) são guerreiras que lutaram contra os colonizadores franceses e seus planos de escravização. Tem cheiro de Oscar.

Com Viola Davis e Lupita Nyong’o

PANTERA NEGRA: WAKANDA FOREVER, Ryan Coogler

Estreia: 10/11/22.

Quem vai ser o novo Pantera Negra? Após a morte prematura de Chadwick Boseman, que protagonizou o primeiro filme da franquia, essa é a grande pergunta que a Marvel precisa responder. A aguardada sequência traz boa parte do elenco original e promete arrancar lágrimas até dos mais ressequidos.

Lupita Nyong’o, Letitia Wright e Angela Bassett

I WANNA DANCE WITH SOMEBODY, Kasi Lemmons

Estreia: 23/12/22.

A primeira biografia autorizada de Whitney Houston fecha o ano com um grande desafio: a complexa trajetória de uma das maiores estrelas da música vai se transformar em uma trama água com açúcar? Ou vai entregar todas as contradições típicas de um gênio que ela protagonizou? A conferir.

Com Naomi Ackie e Ashton Sander

Gostou? Então bate palmas 👏 aí embaixo pra esse texto ser visto por mais pessoas.

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Patrício
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Escritor, jornalista, publicitário, roteirista. Autor dos romances “Lítio” e “Absoluta Urgência do Agora” e da coletânea de contos “A Cega Natureza do Amor”.