A cortina de fumaça do Desgoverno Bolsonaro

Com frases impactantes e obtusas que fomentam debates vazios, o Governo Bolsonaro consegue o que quer: pautar o debate nacional

Patrício
Blog do Patrício

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Não faz nem uma semana que Bolsonaro e sua trupe desbocada assumiram o poder após uma eleição em que tudo pode ser questionado, mas nada foi. É um começo marcado, dentre outras coisas, por atrocidades verbais sem tamanho que rendem notícias, engajamento nas redes sociais e críticas pesadas. Mas eles não parecem estar constrangidos ou dispostos a mudar. Pelo contrário. A turma de extrema-direita que nega ser de extrema-direita parece nadar confortavelmente num mar cheio de intempéries. Por que será? Eu vou responder mais à frente.

Ontem publiquei uma thread no Twitter que esclarece alguns pontos dessa estratégia, que tem como principal intuito manipular gregos e troianos para gerar uma cortina de fumaça que nos impeça de debater as questões realmente importantes do Brasil. Mas como as redes sociais têm essa coisa da velocidade, não pude me aprofundar nos danos que essa estratégia perniciosa gera na sociedade para que o governo possa pintar e bordar sem nosso olhar vigilante, bem como na solução para lidar com esse novo tipo de governo — populista e autoritário, mentiroso e entreguista, mas sobretudo inteligente ao manipular o debate nacional.

Esse texto basicamente é um aprofundamento do que publiquei ontem nas redes sociais, incluindo algumas proposições para enfrentarmos verdadeiramente o problema. Mesmo que você tenha lido a thread, acho que vale a pena dedicar uns minutinhos pra se aprofundar na questão. Afinal, pensar é tudo que eles menos querem que você faça.

O QUE PUBLIQUEI NAS REDES SOCIAIS (VERSÃO REVISTA E AMPLIADA)

Frases impactantes como “meninas de rosa, meninos de azul”, “livrar o país do socialismo”, “chegou a nova era” e similares parecem comprovantes da idiotice do desgoverno Bolsonaro, mas têm uma função estratégica muito sofisticada que talvez você não tenha percebido. E, ao menos pra eles, a estratégia está funcionando muito bem. Vejamos alguns pontos.

  • Esses slogans impactante desestabilizam a oposição. Pensávamos essas questões como superadas, ou ao menos a caminho de serem resolvidas, então dá uma revirada nada saudável no nosso juízo ver alguém proferindo essas barbaridades impunemente. A gente perde o ânimo, cansa de verdade. E é isso que eles querem.
  • Os slogans absurdos também rendem muitas matérias, muitas hashtags, muito engajamento dos dois lados da política. Ou seja: passam a ser assuntos mais urgentes que discutir desigualdade, geração de empregos, corrupção, crescimento, ou até mesmo discutir verdadeiramente os problemas que as frases expõem. Quando a ministra disse "meninos de azul, meninas de rosa", ela disse de propósito: ela sabia que poucos se aprofundariam no debate a ponto de discutir a responsabilidade do Governo Federal sobre o número absurdo de mortes causadas pela LGBTfobia, por exemplo. Ela sabia que o grosso do debate seria de memes e só.
  • Frases assim dividem a população e dificultam uma cobrança por parte dos eleitores de ambos espectros políticos. É como se tivéssemos que concordar com tudo ou discordar de tudo pra nos encaixarmos em um dos lados. Em suma, paramos de pensar. É isso que eles querem.
  • Essas frases impactantes também esvaziam o diálogo. E não há nada mais confortável que governar uma população com debate vazio. Fica bem simples manipular todo mundo, a favor e contra. Afinal, o absurdo é tão imenso que nos força a tomar um lado e aceitar tudo que aquele lado propõe. É isso que eles querem.
  • Os slogans também simplificam o trabalho da imprensa. Pra que perder tempo e dinheiro apurando fatos se os likes estão garantidos com esses slogans? “Põe BOLSONARO AFIRMA QUE VAI LIVRAR PAÍS DO SOCIALISMO que a audiência tá garantida”. E pronto: o Governo consegue a façanha de pautar a imprensa, até mesmo a imprensa que tenta fazer oposição ao Governo. Tudo gira em torno do que eles falam e das reações que as falas causam, e nada de cobrar o que realmente deve ser cobrado. É isso que eles querem.
  • Temos uma consistente cortina de fumaça que libera Bolsonaro do compromisso de governar. Em vez de explicar quais são as medidas reais para fazer o país voltar a crescer, para diminuir a violência, para acabar com a desigualdade, para nos tirar de novo do Mapa da Fome, para acabar com o extermínio dos negros e indígenas, as lives do Bozo serão sobre esses slogans. Ele cria a polêmica, ele alimenta a polêmica, ele explica a polêmica e a polêmica se torna mais importante que a solução. É isso que eles querem.
  • Além disso, esses slogans rendem desmentidos, retificações, direitos de resposta e acusações de que a imprensa produz fake news. Imprensa sem credibilidade nunca leva as democracias para um bom lugar. É isso que eles querem.
  • Não se ganha uma eleição presidencial sem uma estratégia eleitoral inteligente (honesta ou não, tem que ser inteligente). Então vamos parar de subestimar o grupo que está no poder. Eles não são idiotas, muito embora se esforcem bastante para parecer que são.
  • Vamos enxergar além da cortina de fumaça. Cada slogan desse nos causa uma revolta (ou uma satisfação, a depender de qual lado você está) que nos imobiliza enquanto cidadãos. A gente organiza boicote, posta textão, faz nota de repúdio, mas amanhã lá vem eles já com outro impropério que vai dominar novamente o debate. É exatamente isso que eles querem.
  • Sejamos menos manipuláveis. Porque Bolsonaro apenas abriu uma porta que muitos outros tentarão atravessar. É uma estratégia que veio pra ficar. Será copiada. Sejamos mais inteligentes. É isso que eles NÃO querem. Que a gente pense.
Acompanhem a estratégia: a ministra solta a bomba, a bomba repercute o dia todo, no final do dia ela solta a retratação e assim perdemos mais um dia em que a discussão sobre a LGBTfobia se resumiu a responder à ministra uma frase que ela sabia desde o começo que iria repercutir.

Próxima matéria com frase absurda que vc ler, pense duas vezes antes de sentir algo a respeito. Contenha o impulso de compartilhar, xingar, bater textão. Aguarde uns minutos e pense: “Qual a real intenção em dizer isso?” Talvez fazendo essa reflexão breve, a gente consiga responder da forma correta: cobrando do Governo e não respondendo ao que eles falam. É isso que eles NÃO querem.

ENTÃO A SOLUÇÃO É SE CALAR?

Olha, se eu tivesse a solução nada disso estaria acontecendo, posso garantir. A verdade é que não tenho. E muito provavelmente ninguém ainda tem. Pelo simples fato de que essa política extremista-populista-lacradora que Bolsonaro importou pro Brasil é um dado novo que ainda faz os maiores cientistas políticos do mundo perderem alguns cabelos. Porque é tudo muito novo.

Quando Trump chegou à presidência dos EUA fazendo exatamente a mesma coisa que Bolsonaro fez no Brasil (a combinação de fake news, frases bombásticas e afronta à racionalidade), ninguém sabia ao certo para onde as coisas caminhariam. Alguns apostavam num desgaste da fórmula pela incapacidade de entregar resultados concretos à população; outros falavam sobre o risco de um endurecimento do governo para conter manifestações contrárias já que o flerte com o autoritarismo era evidente. A verdade é que pouco mais de dois anos depois de assumir a principal cadeira da Casa Branca, Trump está em maus lençóis: sua popularidade está em curva descendente, seu partido perdeu a maioria no Congresso, greves já pipocam pelo país e alguns analistas já falam que a abertura de um processo de impeachment é inevitável.

Mas os EUA são bem diferentes do Brasil, principalmente por terem uma democracia mais madura, uma população em média mais instruída e uma identidade cultural muito mais solidificada. O fato de o trumpismo estar escoando pelo ralo da falta de consistência não é garantia de que o mesmo acontecerá por aqui.

O que temos como sustentação do Governo Bolsonaro é o pior da política brasileira: ruralistas ambiciosos, evangélicos hipócritas, militares egomaníacos e falsos intelectuais de direita — fiz questão de adjetivar cada um deles porque o real problema não é serem ruralistas, evangélicos, militares ou intelectuais, mas sim o fato de carregarem em suas condutas o pior que cada uma dessas classes pode produzir. Ao juntar esse bolo todo com um Congresso historicamente corrupto, assustado pela vigilância ferrenha dos eleitores num contexto pós-internet, o que temos é um barril de pólvora. Se cai Bolsonaro, vem um pior. Ou muitos.

Nesse contexto, não falar nada, simplesmente calar para não repercutir as frases bombásticas, não me parece uma solução. Do contrário, alardear tudo que o governo faz como uma hecatombe nuclear me parece um falso oposto: dá a sensação que estamos combativos e militantes, quando na verdade estamos apenas jogando o joguinho obtuso deles. A tal frase infeliz da ministra Damares chegou muito mais longe do que deveria pelo simples fato de que nos contentamos em respondê-la. E não devemos parar por aí.

Acho que a solução é pensar.

MAS QUE SOLUÇÃO É ESSA?

Pois é, não parece uma grande ideia. Mas o que a gente precisa entender é que depois das jornadas de julho de 2013, a classe política se sentiu acuada demais para deixar o debate correr solto. Estávamos nas ruas pedindo um Brasil melhor, e o mais interessante é que o desejo genuíno era um Brasil melhor para todos. Eles tinham que dar um jeito de reassumir as rédeas do debate, porque de repente todo mundo canalizou suas frustrações na classe política ao exigir uma solução urgente aos problemas do Brasil. Cada um ali tinha sua demanda própria, mas todos sabiam exatamente de quem cobrar. Foi isso que uniu o bolo difuso: a gente sabia quem devia nos responder. E como já aconteceu diversas vezes na História, a melhor forma de entreter um povo interessado em debater questões realmente importantes era trazer à tona pautas que dividem a população. Os políticos não querem o povo unido. É um perigo para eles.

As melhores pautas para dividir a população vêm do que normalmente chamamos de costumes. Isso porque cada nicho da população tem seus próprios costumes e não está disposta a abrir mão deles. Assim, a solução foi atacar os grupos mais vulneráveis, aqueles que estavam conquistando direitos num movimento que parecia irreversível. Que se vitimem os gays, os negros, as mulheres, os pobres, enfim, que se divida a população em torno de assuntos potencialmente polêmicos para que as pautas em comum que uniam essa população passem a ser secundárias. Assim, se consegue o efeito máximo de inviabilizar o debate dentro da população, uma vez que estamos divididos em grupos que não conseguem mais estabelecer um diálogo que encontre pontos em comum para justificar a união.

É óbvio que a formação dessa cortina de fumaça causa danos irreparáveis aos mais vulneráveis. A legitimação da violência contra esses grupos é, ao meu ver, um dos piores efeitos colaterais que essa política da polêmica gera numa sociedade. Os EUA viram o número de crimes de ódio crescer exponencialmente após a vitória de Trump, por exemplo. E ao invés de encarar isso como um problema, o presidente americano só fez jogar mais lenha nessa fogueira. Era a forma perfeita de desviar o foco. Você gera um problema, amplifica esse problema, distorce as origens do problema e ninguém se foca no problema real, que é você. E no fim das contas, quem pauta o debate nacional é o obtuso e não o inteligente.

A extinção do Ministério da Cultura, por exemplo, é o ponto alto de uma série de impropérios lançados contra a classe artística para enfraquecê-la. Porque artistas têm voz e conseguem eco dentro da sociedade — ou seja, são uma ameaça em potencial ao Governo, uma vez que detêm o poder de unificar as pessoas através das suas ideias. E tome acusação de pedofilia, discussão sobre o que é arte, denúncias falsas de irregularidades nas leis de incentivo e todo tipo de golpe baixo até se chegar à martelada final: o fim do fomento governamental à produção artística. A coisa foi feita de um jeito tão bem pensado que quando a canetinha de Bolsonaro extinguiu o MinC não doeu em quase ninguém, porque a sensação geral que foi artificialmente criada era a de que um problema estava sendo resolvido com aquela canetada.

Com a tal "ideologia de gênero" (entre aspas mesmo, porque é um termo falso para designar algo que não existe) está sendo a mesma coisa. Solta-se um "meninos de azul, meninas de rosa", por exemplo, cria-se um clima de batalha em que grupos rivais debatem uma questão secundária (porque não é o cerne do problema, e sim um sintoma da LGBTfobia), criminaliza-se aqueles que se insurgem mais agressivamente contra um óbvio absurdo declarado por um membro do Governo, transforma-se em problema o debate da questão e não quem falou a bobagem, acirram-se os ânimos e a solução vem a galope: retirar qualquer menção a LGBTs nas diretrizes do Ministério dos Direitos Humanos. Quase ninguém sentiu a dor dessa facada porque a sensação geral era: problema resolvido. E mais uma vez foi Bolsonaro e sua turma que pautaram o debate.

O dano dessa estratégia é bem conhecido pelos mais vulneráveis. Tomando a fala de Damares como exemplo, a ministra acaba por legitimar uma visão preconceituosa que justifica a opressão de grupos que ainda lutam para conseguir sobreviver numa sociedade tão machista. O gay que está distante do poder econômico e dos padrões da heteronormatividade, por exemplo, acaba por se tornar mais vulnerável ainda, uma vez que o Governo dá sua chancela para o que muitos homofóbicos acreditam: que meninos vestem azul e meninas vestem rosa. A frase que pode soar infantil na verdade tem o poder de detonar ações violentas contra esses grupos, mas dentro da estratégia do Governo não passam de danos colaterais para atingir um objetivo maior: dominar o debate para que a gente só fale sobre o que eles querem que a gente fale.

Quando sugiro que a gente pense, não estou inventando uma desculpa para encarar um problema sem solução. O que estou fazendo é o que a maioria dos gênios que enfrentaram governos autoritários fizeram. Eles não foram com a manada, eles não pararam de refletir, eles não entraram no modo "foda-se". Eles foram inteligentes. Mais inteligentes que seus oponentes. E conseguiram plantar ideias que perduraram por séculos e ressoaram em toda a Humanidade justamente porque estavam realmente pensando. Eu não sou um gênio. E justamente por isso, me inspiro neles.

É óbvio que essa estratégia do Governo Bolsonaro causa danos terríveis, mesmo sendo uma cortina de fumaça. Mas a gente tem que ter consciência que essa cortina de fumaça, apesar de causar danos terríveis, está servindo para encobrir danos piores.

De novo retorno ao que postei ontem nas redes sociais como um complemento do que originalmente publiquei:

Coisas realmente importantes que hoje (03/01/2019) foram abafadas pela declaração da ministra Damares:
- Queiroz foi operado? Em qual hospital? Por qual médico? Já temos documentos comprovando a doença? O que o MP fez hoje?
- A investigação sobre o uso indevido de Whatsapp pela campanha de Bolsonaro avançou? Temos um inquérito? Testemunhas serão ouvidas? Quem será acionado pela Justiça para responder todas as questões?
- Como andam as investigações sobre o assassinato de Marielle e Anderson?
- Os gastos com a transição de governo seguem sob sigilo? Por que? Quem autorizou?
- O que o Governo vai fazer com os madeireiros paraenses que invadiram hoje a terra indígena Arara?
- E os deputados que não conseguiram se reeleger que estão ganhando cargos?
- E o acordão entre DEM e PSL pra reeleger Rodrigo Maia como presidente da Câmara?
- E a invasão dos gabinetes de deputados petistas sob o pretexto de reforçar o esquema de segurança da posse? Quem autorizou? Onde está o documento que dá essa ordem? Foi assinado por quem? Com que intuito entraram nos gabinetes de deputados de esquerda?
São questões reais que a fala de Damares abafou. E se a gente não se ligar, serão 4 anos assim: eles fazendo o que querem enquanto criam factóides que geram excelentes hashtags.

A SOLUÇÃO É MAIS SIMPLES DO QUE PARECE

Vivemos um momento muito delicado da história do Brasil e não podemos agir como se as coisas estivessem normais. Claro que devemos repudiar publicamente absurdos como essa fala infeliz da ministra da Família, e tantos outros que virão, mas não podemos engolir corda a ponto de esquecer de outras questões que merecem ser debatidas.

É ótimo fazer campanha na internet para expor o absurdo que a fala da ministra representa, e eu serei o primeiro a vir trabalhar de rosa no dia 10 de janeiro de 2019 para mostrar que sou absolutamente contra o que ela disse. Mas não podemos parar por aí. A fala da ministra serve para encobrir o problema real, e esse problema é: somos o país que mais mata LGBTs no mundo, com a vergonhosa estatística de uma morte a cada 19 horas. Entre 2016 e 2017, o número de assassinatos de LGBTs cresceu 30%, minha gente! E tudo isso sem que o Governo Federal encarasse essa estatística como um problema. Além de responder a fala da ministra com trhead no Twitter, textão no Facebook e série de Stories no Instagram, nós temos que levar esse debate para o que realmente é importante ser debatido: e aí, o Governo Federal vai tomar alguma atitude para diminuir o extermínio causado pela homotransfobia?

A eleição passou, mas o Governo faz questão de manter aceso o clima de guerra que possibilitou sua ascensão ao poder. E a técnica está cada vez mais sofisticada: com imbecilidades como "o Brasil é laico mas essa ministra é terrivelmente cristã", o Governo Bolsonaro consegue dividir opiniões até entre quem julga lutar dentro do mesmo lado. Porque a esquerda tem cristãos. Porque a direita tem umbandistas. Porque o mundo não é feito de caixinhas em que podemos nos acomodar confortavelmente para sempre. E de uma hora pra outra, pessoas que lutam pela mesma coisa estão discordando, se xingando, imobilizando o debate e inviabilizando qualquer solução real. Tudo de caso pensado por parte do Governo, porque esse clima de desagregação geral é ótimo para eles.

Sejamos mais inteligentes que eles. E a primeira coisa que nós, povo brasileiro, independente das nossas convicções políticas, temos que fazer é: retomar as rédeas do debate nacional. Vamos retirar de Bolsonaro o poder de pautar o que deve ser debatido, e vamos retirar o mais rápido possível. Vamos parar de reagir e voltar a agir, porque se o debate estivesse sendo pautado pelo povo a tal ministra cairia tão logo proferisse aquele impropério — em vez de ganhar ainda mais força dentro do Governo por ter emplacado um case de manipulação da opinião pública.

Precisamos urgentemente trazer à luz o que realmente merece ser debatido e cobrar do Governo uma resposta à sociedade, porque é assim que uma democracia deve funcionar. Neste exato momento, a equação democrática está perigosamente invertida: é o Governo que está pautando o debate e nós que nos sentimos impelidos a respondê-los. Isso deve mudar. Temos que ser mais #MeToo, mais #EleNão, e trazer à tona o que queremos que o Governo responda. Porque independente do grupo político que ganhou a eleição, o Governo nos deve respostas.

Nós devemos cobrar mais liberdade para a imprensa na cobertura dos passos do Governo. Nós devemos cobrar respostas concretas para o plano econômico. Nós devemos cobrar explicações para o Bolsogate e o Bolsolão. Nós devemos cobrar atitudes relevantes para retirar o Brasil do mapa da fome, garantir direitos a pessoas vulneráveis, acabar com a violência sem que se restrinja a nossa liberdade. E devemos cobrar juntos. É assim que a democracia funciona. Quem é eleito é eleito para prestar um serviço e tem como principal incumbência prestar contas a toda a sociedade do seu trabalho. Se a sociedade deixa para os governantes a incumbência de pautar o que é importante, me parece bastante óbvio que se paute apenas o que é importante para manter o poder de quem está no poder. Precisamos mudar isso.

É isso que eles mais temem. É isso que devemos fazer. Talvez essa seja a solução.

Ps.: Obrigado Raphael Maia por enriquecer meu texto com suas saudáveis e inteligentes discordâncias. O debate real faz isso com a inteligência da gente. ❤️💜💙💚💛🧡

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Patrício
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Escritor, jornalista, publicitário, roteirista. Autor dos romances “Lítio” e “Absoluta Urgência do Agora” e da coletânea de contos “A Cega Natureza do Amor”.