A economia brasileira está melhorando. Mas para quem?
Enquanto o Governo Temer comemora o fim da recessão, a maioria de nós paga o preço
Sim, os índices da economia brasileira estão melhorando.
Com verbas para a saúde e a educação públicas congeladas por 20 anos.
Com direitos trabalhistas enfraquecidos em prol de um grupo de empresários que acredita mais no trabalho escravo do que na inovação — através de uma reforma que mexe na vida de todo mundo, mas foi feita a toque de caixa.
Com a cultura praticamente sem dinheiro e os artistas marginalizados, vilanizados, monstrificados.
Com o pré-sal entregue aos estrangeiros a preço de banana, mas com pomposa isenção fiscal.
Com este mesmo pré-sal, que em breve não mais nos pertencerá, sendo responsável por quase metade de todo o petróleo extraído no Brasil.
Com o salário-mínimo em queda e nenhum constrangimento em admiti-lo.
Com uma reforma da previdência que fará você trabalhar mais para ganhar cada vez menos (visto que a corrosão do mínimo já é uma realidade), reforma esta feita às pressas e sem consenso nenhum entre os economistas.
Com o adiamento do reajuste dos servidores federais lá para 2019. Sem medo de reação.
Com o dinheiro público usado à luz do dia para influenciar votações de denúncias — e a imprensa tratando isso com uma naturalidade inédita.
Com mais concentração de poder político e econômico nas mãos dos mais ricos. Cada vez mais ricos, por sinal.
Com as liberdades individuais cassadas, uma a uma, dia após dia, sem prazo para a repressão terminar.
Com crápulas desalmados — que naturalizam o estupro, a homofobia, o racismo e a tortura — ficando cada vez mais influentes nas decisões que alteram nossas vidas.
Com homens notoriamente desonestos bradando suas morais e seus bons costumes mesmo com vídeos que provam e comprovam o contrário.
Com a Lava Jato indo pro ralo.
Com o Supremo, com tudo.
Sem escolas, sem saúde, sem cultura, sem direitos, sem dinheiro, sem perspectivas, sem justiça e sem liberdade, o brasileiro comemora o fim da recessão.
Ninguém pergunta: mas melhorou pra quem?
Shhh, não vamos estragar a festa com perguntas inconvenientes. Comemoremos a eficiência de Temer sem olhar o valor da fatura.
E palmas pra todos nós.
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