Eu e tu
Estando eu e tu despidos, podemos finalmente ser sinceros.
Austeros.
Inteiros.
Podemos rir de nossas gorduras, beijar nossos defeitos, despertar nossas reentrâncias e seguir adiante.
Podemos fazer poema do que é carne e nos canibalizar — afinal, o que realmente importa, nem mais disfarçamos, é nos celebrar um no outro.
Estando eu e tu despidos, podemos nos provocar a dor.
O ardor.
O andor.
Podemos sacralizar para blasfemar sem medo do pós-vida, esse segredo.
Podemos entregar o que guardamos sem nem saber por quê — esses mistérios que a terra nos impõe como instinto de sobrevivência.
Estando eu e tu despidos, podemos finalmente ser colonizadores.
Coronéis.
Cruéis.
Podemos atingir um ao outro com a força de mil planetas e por fim nos implodir num só naco.
Podemos os imponderáveis. Os impossíveis. Os indubitáveis.
Podemos, quem diria?, sermos quem somos de verdade. A tarefa mais dura de todas.
Estando eu e tu despidos, podemos ser bardos.
Bêbados.
Bebês.
Podemos estourar nossas bocas uma na outra. Estourar nossos peitos. Nossos pleitos.
Estourar o guardado para que se exploda em nossas faces.
Estando eu e tu despidos, que maravilha esse dom de te ver.
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