Lítio
Romance | 2ª edição | 2016 | 290 págs | Edição revista pela autor
Desesperado, o protagonista de “Lítio” liga para o Centro de Apoio à Vida. Ele quer confessar seu pecados antes de se matar — ou, talvez, queira apenas buscar alguma palavra que consiga evitar esse final drástico.
O grande problema é que ele é atendido por uma funcionária que também está no limite. E agora ela, suprimindo todos os seus instintos, vai tentar salvar a vida dele ainda que não veja muito sentido em sua própria vida.
Será que ela conseguirá? Será que ele quer ser salvo? Quais serão as consequências desse improvável encontro entre almas que operam no limite das suas existências?
Coalhado de referências pop e ironias das mais diversas, escrito numa linguagem nervosa e pulsante, “Lítio” embarca o leitor numa sinuosa viagem por sentimentos extremos num mundo que acaba de testemunhar reviravoltas sombrias como o Onze de Setembro.
Retrato de uma época em que as emoções estavam à flor da pele, “Lítio” traz um panorama amplo, por vezes pessimista, por vezes esperançoso, de um mundo pré-internet. Um mundo em que, surpreendentemente, as conexões entre as pessoas eram ainda mais superficiais.
“O livro de Patrício Jr. é denso, repleto de lembranças e com um toque de humor que caracteriza o narrador de ponta a ponta. O cara anuncia que vai cometer suicídio e a analista quer saber o motivo. A partir daí não posso contar muito para não entregar tudo ao leitor, mas garanto que será uma louca viagem.”
Carlão de Souza, Tribuna do Norte
"Grande livro. Li e recomendo."
Xico Sá, escritor
TRECHO DO ROMANCE "LÍTIO"
– Posso ajudar?
– Frum, frum, tô procurando uma camiseta.
– Algo específico?
– Sim, um azul, meio turquesa, tava na vitrine.
– Azul turquesa? Não lembro de nenhuma.
– Fum, tinha um desenho do, fruuuuum, Patolino, eu acho, fruuuuuuum!
– Patolino?
– Sim, aquele pato preto, meio louco, he, he, he, que vive querendo ser Pernalonga, fruuuuuuuum!
– Anrã.
– Me identifico com ela, saca?
– Sei…
– E aí, tem?
– Deixa eu dar uma olhadinha no estoque.
– Frum, frum, ok, he, he, he.
Pum!, pum!, pum!, pum!, pum!, pum!, pum!, pum! Ela demora um pouco. Fruuum, fruuuuuuuuum. Aquela puta tá demorando! Pum, pum, pum, pum, pum.
– Olha, parece que só tinha aquela da vitrine.
– Frum, frum, como é?
– Infelizmente foi vendida.
– He, he, he, pra quem?
– Bem ,um cliente, não sei, não fui eu que vendi.
– Descubra.
– Ahn?
– Quem comprou minha camiseta.
– Perdão?
– Você tá surda é? Frum, frum.
– O senhor quer que descubra quem comprou a camiseta azul turquesa?
– Sim, he, he, he, isso mesmo, fruuuuuuuuuuuuuum.
– Mas…
– Olha, eu quero aquela camiseta de qualquer jeito, frum, frum, frum. Eu mato e morro por ela, he, he, he. Tá me ouvindo, mocinha?
– Senhor, pode soltar meu braço?
– Eu quero a camiseta!
– O senhor está me machucando.
– Sua puta, fruuuuuuum, eu quero a minha camiseta que você vendeu pro coroa que está te fodendo.
– Segurança! Segurança!
– Sua, fruuum, vaca!
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