Logan: um soco no estômago com garras de adamantium
A despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine é tudo que Wolverine sempre devia ter sido
Se o primeiro X-Men, lá do longíquo ano 2000, tivesse apresentado o mesmo Wolverine que vemos em "Logan" (EUA, 2017), a história das adaptações de super-heróis para os cinemas teria sido bem diferente.
Arrisco a dizer: nessa historia não mais caberiam bobagens como os filmes do Quarteto Fantástico e do Lanterna Verde.
Passaram-se 17 anos para que alguém tivesse a coragem necessária de levar às telas o selvagem rabugento cheio de ódio pelo mundo que conquistou nossos corações nas páginas das HQs.
Pois finalmente o temos.
A trama de "Logan" começa com um Wolverine velho, manco, com dificuldades reais em estender suas garras.
Esse Wolverine cuida de um Charles Xavier (Patrick Stewart, sempre perfeito no papel) alquebrado e meio insano numa relação rabugenta e carinhosa ao mesmo tempo. Os dois contam com a ajuda do mutante Caliban (Stephen Merchant) para se manterem escondidos do resto do mundo.
Tudo que sabemos é que por causa de algum incidente que dizimou boa parte dos mutantes há alguns anos, Logan mantém o Professor X sempre dopado para que seus poderes devastadores não causem mais destruição. Detalhe: o filme se passa em 2029.
O detalhe mais devastador para quem acompanha os X-Men em diversas mídias como eu vem logo no início da historia: ficamos sabemos por Wolverine que há 25 anos não nasce nenhum mutante. O homo superior está entrando em extinção.
Já nos primeiros momentos do filme somos apresentados a Gabriela, uma jovem que cuida de uma garotinha muda. Ela insiste que Logan as leve ao lugar que chama de Eden, segundo ela para a segurança da menininha.
Quando Logan finalmente topa a missão, a história se transforma num road-movie: Logan e Xavier devem cruzar o país para levar a aparentemente inofensiva menininha até o local que Gabriela indica como seguro para crianças como ela.
A menininha em questão, porém, é a X-23. Ah, você não sabe quem é a X-23? Senta que lá vem SPOILER.
X-23 é nada menos que um clone de Wolverine criado pela empresa que herdou o Projeto Arma X (o programa responsável por enxertar adamantium em Wolverine).
X-23, entretanto, é bem mais letal do que parece. O programa que a criou tem por único objetivo gerar soldados assassinos, que não tenham nenhum escrúpulo em usar seus poderes mutantes para matar.
É aí que a porradaria começa. Com muito, muito, muito sangue.
Se você sentia falta do precioso líquido vermelho toda vez que Wolverine usava suas garras, está tudo resolvido. "Logan" não economiza na carnificina quando Wolverine e X-23 entram em ação para chutar algumas bundas.
Com o andamento da trama, e das matanças, uma relação muito delicada de pai e filha vai se formando entre o personagem de Hugh Jackman e a até então inocente garotinha que ele apadrinhou. Uma relação bonita, muito embora banhada de sangue.
Mas onde estão os mutantes?
"Logan" levanta várias questões sobre o universo X nos cinemas. Como a trama se localiza num futuro próximo, fica a pergunta: o que exatamente aconteceu para que Xavier tivesse que se isolar do mundo? Onde estão os outros X-Men? Qual o futuro da franquia?
A própria Fox, detentora dos direitos dos X-Men no cinema, ofereceu algumas pistas para esses enigmas. Segundo o portal americano IGN, o próximo filme dos X-Men adaptará para os cinemas a Saga da Fênix Negra, o arco de historias mais importante de todo o universo mutante.
X-men: Fênix Negra tem estreia prevista para 2 de novembro de 2018. Se as especulações estiverem corretas, os eventos que conduziram Wolverine e o Professor X ao exílio que vemos em "Logan" provavelmente são consequências da devastadora aparição da entidade cósmica que será retratada no filme que ainda vai estrear.
Sem dúvidas, o universo mutante nos cinemas segue um caminho muito interessante. Após um reboot que não é reboot (X-Men: Dias de um futuro esquecido) e de um apocalipse que não foi apocalíptico (X-Men: Apocalipse), "Logan" aponta os mutantes para um caminho bem mais parecido com o que Christopher Nolan conduziu seu Batman — em vez de incorrer no erro da DC de imitar a Marvel, a Fox tenta dotar sua franquia mais grandiosa de uma identidade própria, levando realismo a um universo que tinha tudo para ser outro Quarteto Fantástico.
Hugh Jackman se despediu do papel de Wolverine em grande estilo. E agora deixa as portas abertas para que outros mutantes sejam tão bem explorados quanto Logan.
Pra resumir minha opinião, fiquem com a crítica embasada e construtiva que escrevi no Twitter sobre o filme:
Logan (EUA, 2017)
- Direção: James Mangold
- Roteiro: James Mangold, Michael Green e Scott Frank
- Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Boyd Holbrook, Stephan Merchant, Dafne Keen, Elizabeth Rodriguez, Richard E. Grant
- Duração: 135 min.
DE ZERO A DEZ: ★★★★★★★★★✩
Gostou? Então clique no botão Recommend 💛 e ajude esse texto a ser encontrado por mais pessoas.
Aproveita e segue o Blog do Patrício Jr pra ficar sempre por dentro das postagens.