Quatro Recursos de Roteiro que te Farão Entender Praticamente Qualquer História

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3 min readJun 1, 2018

Aviso: Caso leia este texto até o final, a possibilidade é grande de fazer com que você se decepcione com muitos dos filmes e livros que você já viu/leu ou vai ver/ler no futuro.

Leia por sua conta e risco.

A Jornada do Herói

Talvez o mais conhecido e difundido dos quatro recursos que serão mencionados aqui.

Em “O Herói de Mil Faces”[1] o escritor Joseph Campbell traz a tona um dos recursos de roteiro que hoje é repitido a exaustão em filmes e livros desde então.

Neste livro ele demonstra como diversos heróis da literatura possuem as mesmas características e que todas as histórias seguem 12 passos básicos que servem de esqueleto para diversas produções até hoje. Star Wars, Harry Potter, Jogos Vorazes, isto pra citar apenas alguns.

Os Doze Passos da Jornada do Herói

A Lei de Tchekhov

O Escritor e Dramaturgo Anton Tchekhov disse: “Se no primeiro ato você tem uma pistola pendurada na parede, então, no último ato você deve dispará-la.

Do cilindro de ar comprimido que, “se você brincar com isso, vai explodir” em Tubarão até o “Problema com as Capas” em Os Incríveis, uma evidência aparentemente sem sentido anunciada no primeiro ato de um filme vai ter um papel relevante na história lá no final.

Ripley e o Power Loader

Deus Ex Machina

“Deus Surgido da Máquina”.

O T-Rex aparecendo totalmente do nada para salvar os personagens de serem devorados por Velociraptores em Jurassic Park ou a cena absurda de uma Nave Alienígena salvando Brian da morte certa ao cair de uma torre em A Vida de Brian são dois dos exemplos mais claros desta manobra de roteiro.

O “Deus Ex Machina” normalmente acontece quando o autor coloca o protagonista (ou outro personagem importante para a trama) em uma situação a qual ele não teria escapatória e tem que providenciar uma “intervensão divina” para salvar o personagem e a história.

Fala se não arrepia?

Mary Sue

Ou sua versão masculina “Gary Stu” ou “Marty Stu” talvez seja o recurso de roteiro mais irritante de todos. Mary Sue é uma personagem que surgiu em uma “Fanzine” de Star Trek como sendo “a tenente mais jovem da frota — com apenas quinze anos e seis meses de idade”. O que fez muita gente torcer o nariz na época, pois a personagem era uma prodígio que tinha todas as habilidades necessárias para resolver qualquer problema.

Desde então qualquer personagem que sempre sabe de tudo, não tem dificuldades para resolver os problemas que se apresentam e que de tão perfeito se torna chato, recebe o rótulo de Mary Sue.

Dois personagens de produções recentes que levam esse rótulo com louvor são Wade Watts protagonista de Jogador Numero 1 e a Ray, da nova trilogia de Star Wars.

Este recurso de roteiro é irritante, porque deixa a história desinteressante, afinal o protagonista não tem desafios. No caso de Wade Watts, por exemplo, ele com 22 anos já conhecia todos os jogos, todos os filmes, séries e músicas dos anos 80 a ponto de mencionar que ele consumia estes conteúdos mais de uma vez, o que torna isso humanamente impossível considerando o seu tempo de vida.

Parzival fazendo um jogo perfeito

[1] — O Herói de Mil Faces

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