Anna Dantes, da Dantes Editora, conversa com a Blooks sobre os Independentes!

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3 min readJun 18, 2018

A gente conversou, sobre os rumos do espaço dos independentes no mercado editorial, com a Anna Dantes, que dirige a Dantes Editora, uma casa de livros muito carioca e muito querida. A Dantes é carioca sim mas está de olho no Brasil, há mais de 20 anos abrindo caminhos entre sonhos e leitores.

Como vê a visibilidade dos Indie (editoras independentes) no Brasil?

Vejo que as editoras independentes pulsam cada vez com mais força. Ocupam as livrarias possíveis, os lugares que não vendiam livros antes, feiras, mesinhas, ateliês, ruas, redes sociais e principalmente os corações dos que gostam de leitura e arte. Uma onda que preenche as frestas apertadas que o dito esquemão não teve rejunte suficiente para cobrir. Essa onda vai crescer pois tem muita gente boa com a mão na massa.

As editoras Indie estão para as grandes editoras, como os permacultores diante do agronegócio. Apresentam um cenário de diversidade, com técnicas mais sustentáveis e criativas. Abrem caminho para múltiplas vozes que por vezes são caladas pelo modelo econômico ainda dominante.

Como vê o posicionamento dos Indie hoje no mercado?

Estão indo a luta. Ocupam os espaços e se organizam. Criaram uma rede de afetos. Surfam na grande onda que espero um dia possam navegar com mais liberdade.

Do ponto de vista da criação ainda vejo um certo colonialismo estético, influência do design gringo para apresentar conteúdos. Mas tem muita editora trazendo novas linguagens e conversando com os mananciais riquíssimos da cultura brasileira.

Quanto ao modelo de negócio é um experimento em busca de sustentabilidade. Os descontos para livrarias, as tiragens e o custo de produção, digamos mais artesanal, exigem muito esforço e destreza por parte do editora. Se por um lado a busca é cansativa, por outro absolutamente necessária nesse momento de crise de valores.

O que é Indie e o que não é?

Para mim Indie é indio. É local. Tem a própria forma de expressão. Está no ramo por amor.

O não Indie talvez seja o robô que invade as redes com aplicativos que forjam visibilidade e seguidores. Um mecanismo que age como aquela cena na rua em que uma pessoa aponta para uma direção, muitas param para ver e quando você se dá conta parou também por curiosidade “o que está acontecendo ali”.

Acontece que essas pessoas “que apontam” e param para ver e curtir na internet talvez nem existam, sejam robôs. E a internet nesse momento é uma forma de divulgacão preciosa para os Indie que tem pouco espaço na mídia oficial, inundada pela avassaladora produção do grande negócio editorial.
Esse robô serve também de metáfora ao que acontece fora das redes, ele não pertence apenas ao fenômeno da internet que é recente, é um programa de privilégios sociais e financeiros, com mídia paga e outras ferramentas de informação internas e externas.

Então o Indie é quem segue o caminho um passo depois do outro de acordo com o tamanho da perna, e o não Indie aquele que tem uma estrada pavimentada construída por ele mesmo e que detém a cancela do pedágio.

Vivemos um tempo positivo e de encontros, quebras de paradigmas para todos, confio nas transformações, acredito que indies e não indies podem trabalhar em harmonia e aprender mutuamente.

Como vê o posicionamento da Blooks como livraria independente

É generoso e visionário. Fortalece o movimento e agrega. Só posso aplaudir, saudar e agradecer. Viva!

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Contemporânea e inovadora, a Blooks é uma livraria que aposta na diversidade e que encara o livro não como produto comercial mas como fonte de cultura.