Entrevista com Lúcia Xavier

Primeiro Ciclo Blooks Outras Histórias do Brasil: Resistências e Reparações

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3 min readOct 29, 2018

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Leia a entrevista que fizemos com Lúcia Xavier, r é Assistente Social, formada pela Escola de Serviço Social/UFRJ, fundadora de CRIOLA, organização de mulheres negras com sede no Rio de Janeiro e membro do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50–50 em 2030 da ONUMulheres. Lúcia é convidada do Primeiro Ciclo Blooks Outras Histórias do Brasil: Resistências e Reparações, que acontece na Blooks de Botafogo, nesse mês de novembro. O ciclo inaugura uma homenagem ao mês da consciência negra e deseja ser espaço de diálogo e novos debates para uma reparação histórica com a população negra.

Clique aqui para detalhes sobre o evento e programação completa.

Poderia falar da sua formação e atuação dentro do movimento feminista negro com a ONG Criola ?

Sou Lúcia Xavier, assistente social é desde os meus 18 anos, atuo contra o racismo. A minha participação em Criola deve-se, sobretudo, a minha inserção na luta pelos direitos da criança e do adolescente que me fez despertar para o profundo processos de exclusão e violência a que estavam submetidas as meninas, as adolescentes e mulheres negras.

Criola inaugura então, um espaço político e de compromisso com as mulheres negras de diferentes idades na luta contra o racismo patriarcal, a partir o conhecimento e da estratégia baseada em nossa ancestralidade e experiência de luta.

E em sua missão busca instrumentalizar as mulheres para o enfrentamento do racismo, do sexismo, da lesbofobia e transfobia, bem como por melhores condições de vida para a população negra.

Ao afirmar o racismo patriarcal como a principal fonte de desigualdades e de violência contra a população negra, estamos afirmando que o padrão de civilidade atual é excludente, violento e genocida.

Qual a missão da CRIOLA no Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50–50 em 2030? O que é o Comitê?

Criola participa do Comitê visando garantir que os ODS relacionados aos Direitos das Mulheres sejam efetivados na integra, sobretudo aqueles que visam a igualdade de oportunidades; bem como os objetivos da Agenda 2030 como um todo.

Poderia dar um panorama de quanto a sociedade brasileira avança, resiste e restitui depois de 130 anos da abolição da escravatura?

Creio que a abolição da escravidão foi um processo profundo de resistência dos africanos e seus descendentes a um crime contra a humanidade que durou quase 400 anos em nosso país. Hoje nesses 130 de regime republicano, podemos dizer que o Brasil mudou pouco para quem dá o sangue pelo país.

A força jovem negra está provocando mudanças fortes. Há um futuro lindo pela frente, de luta e de resistência, concorda? O que a CRIOLA tem de projetos com juventude hoje, poderia falar um pouco?

Criola é uma organização onde a juventude sempre teve espaço, inclusive na direção. Confiamos que a juventude está atenta e em luta contra o racismo.

Você participará da programação do Primeiro Ciclo Outras Histórias do Brasil: Resistências e Reparações, na Blooks Rio. Qual a importância dessas iniciativas dentro de um projeto de educação antirracista num país como o Brasil?

Iniciativas como essa permitem preservar e disseminar a memória dos grupos excluídos historicamente, possibilitando a revisão histórica.Iniciativas como essa reforçam a estratégia dos movimentos que é trazer a memória e a história dos africanos e dos afrodescendentes no Brasil.

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