Jorge Pereira, da Revista Philos, conversa com a Blooks!

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5 min readJul 7, 2018

A Revista Philos chega à Blooks e com ela muito debate promovendo a diversidade cultural e linguística do mundo latino, a partir da publicação de obras artísticas e literárias que contribuam para a expansão das línguas e espaços linguísticos.

Seu editor, Jorge Pereira, conversou com a gente sobre a Revista e a parceria Philos/Blooks que vem aí!

Foto: Vitor Pastana

Há o retorno das revistas de literatura de qualidade nos dias de hoje, por exemplo a 451, as independentes como a Puñado, a MaisdeUm, a Brejeiras e a Philos. Como vê esse retorno das revistas literárias?

As revistas literárias funcionam como uma vitrine de novos escritores e artistas. Com as mudanças no mercado editorial, com os surgimentos de novas editoras independentes, os autores procuraram novos canais para dar evasão às suas produções. O surgimento de novas e boas revistas literárias, como a Philos, a Lavoura, a Subversa e tantas outras que surgem e colaboram para a democratização da literatura tem sido essencial para criarmos uma sociedade de leitores críticos e conscientes de sua subjetividade humana.

Quais os eixos temáticos da Revista Philos?

A Philos é uma revista de literatura e artes que se consagra à promoção da diversidade cultural e linguística do mundo neolatino. Nós queremos expandir e democratizar as línguas e os espaços linguísticos. Por isso investimos em ações que contribuam para a difusão do patrimônio linguístico-cultural, material e imaterial, que constitui a riqueza e a identidade latina nas áreas de linguística, literatura, artes plásticas e visuais, cinema e teatro, cultura material, história intelectual e cultural, teoria e crítica cultural, psicanálise, estudos de gênero, ciências sociais e antropologia. Que reflexionem acerca das questões da latinidade, história e etnografia neolatina, estudos africanos e ibero-americanos, história das religiões, línguas e linguagens, ações e práticas educativas, literatura neolatina, literatura de povos originários, manifestações culturais e tradições orais comunitárias, arte poética e estudos contemporâneos. Nós acreditamos que uma latinidade ativa encoraja o intercâmbio entre pessoas e favorece o diálogo sobre as nossas origens comuns, permitindo o reconhecimento de nossas perspectivas culturais.

Curadoria reflete a missão da revista. Como é realizada?

Costuram-se nas nossas páginas, um a um, os pensamentos e anseios de artistas diversos da latinidade, que conversam com os nossos leitores e permeiam os debates de nossa sociedade. Nossos colaboradores, de diversos países, escrevem e transcrevem em suas línguas de origem, e nós fazemos ecoar suas transgressões nas outras tantas línguas latinas do ramo a que pertencemos. Caracterizada como uma revista experimental, a Philos transita entre as concepções de literatura e arte visuais. Buscamos reverberar a obra de novos artistas que personifiquem através das imagens a própria linguagem da modernidade. O objetivo de nossa proposta de integração da literatura e das artes é ampliar as experiências e percepções artísticas, promovendo a aproximação dos leitores com a produção cultural latina na atualidade. Sem a pretensão de atender a demandas específicas, nossa curadoria abre espaço para a subjetividade do corpo e da mente humana, na construção do diálogo múltiplo que permite o desenvolvimento de nosso processo de aprendizagem e sensibilidade artística. Curadoria significa cuidar, e o cuidado, nas páginas deste editorial, se traduz no modo como ele prestigia a diversidade do trabalho dos artistas e escritores da contemporaneidade, abrindo-se para a multiplicidade de leituras, que podem incluir encontros, fricções, espelhamentos e contrastes que por sua vez tomam forma nos movimentos e relações que se estabelecem entre os textos, obras e leitores. Atualmente contamos com um corpo de 22 curadores espalhados por 7 países da Iberoamérica, incluindo Portugal, Espanha e Catalunha1, Itália, França, Alemanha e Noruega. Todos os curadores e colaboradores, revisores e tradutores que trabalham na Philos o fazem gratuitamente, trabalhamos por uma latinidade democrática, pluralizada e socialmente justa através da literatura e das artes.

A revista está no ambiente virtual e 3D, impressa, além dos eventos presenciais, saindo das redes sociais. Qual a receptividade do público nos eventos?

Por sermos uma revista literária da União Latina e circularmos em seis línguas e em suporte digital e impresso, temos uma grande facilidade de atingir nichos distintos de leitores e colaboradores. Conversamos com comunidades tradicionais, com escritores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na África, com grupos de poetas dos Açores, Timor-Leste, com comunidades de povos originários das Américas… De forma que o nosso trabalho para salvaguardar um patrimônio, uma cultura que é nossa, se reflete também na busca das pessoas em conhecer e colaborar com o projeto. Costumo dizer que temos uma raiz e vozes diversas. Para além da revista, ainda investimos esforços na elaboração de circuitos literários, mesas de debates, exposições, instalações, ações educativas e da Casa Philos, nossa residência itinerante que circula as festas literárias no Brasil e no exterior.

Em breve, no Pós-FLIP, teremos a parceria Revista Philos e Blooks em eventos na Blooks Rio. Qual a importância de uma parceria como essa?

Estamos sempre viabilizando ações para democratização da literatura e acesso à leitura e fomentar debates literários é uma das ferramentas que temos para isso. E foi ótimo encontrar na Blooks Rio, especialmente nas figuras da Elisa Ventura e da Nélida Capela; esse aspecto de construção coletiva. O circuito Philos na Blooks vai trazer o melhor da Casa Philos na Flip em Paraty para mesas de diálogos na livraria. A ideia é apresentar os nossos novos autores e instigar as trocas de ideias entre o público e escritores. Está sendo um gosto realizar a curadoria desse circuito para a Blooks, é verdadeiramente uma ação de coesão social entre dois importantes veículos literários.

Como vê o papel das livrarias em parceria com as iniciativas de autores e editoras independentes.

As livrarias são detentoras de uma imagem forte e culturalmente importante de espaço não apenas de vendas de livros como de estimuladoras do hábito da leitura. Portanto o papel social (espaço da livraria na sociedade) que desempenham vai além da comercialização. É cabível e muito pertinente que esse espaço seja cada vez mais repensado para incluir os novos autores e as pequenas casas editorais, bem como os formatos diversos de publicação: livros de artistas, zines, jornais e revistas literárias. Felizmente temos visto um movimento crescente de apropriação desses espaços pelas pessoas e pelas iniciativas independentes. Ler e viver servem para a mesma coisa.

Poderia finalizar dando sua percepção da Blooks enquanto multi-plataforma de conteúdos, seja em livraria, Medium, eventos, parcerias e iniciativas nômades em eventos externos.

A Blooks consegue resumir o conceito de “latinidade”. É um espaço plural e democrático, que estimula as trocas de conhecimentos e o faz com muita permissividade. Atuando em múltiplos canais e firmando parcerias importantes com festas literárias e iniciativas independentes.

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Contemporânea e inovadora, a Blooks é uma livraria que aposta na diversidade e que encara o livro não como produto comercial mas como fonte de cultura.