Literatura: substantivo feminista
Por Toinho Castro
Que beleza entrar na Blooks e ver tantos livros lindos escritos por mulheres lindas, sagazes, inteligentes, cheias de uma sensibilidade transformadora. São livros pela vida, contra a violência; insurgências contra uma ordem patriarcal, misógina e autoritária. São livros também sobre pessoas, vivências, a perspectiva de estar no mundo, participar dele e narrá-lo como só elas podem e carregam o direito de narrar.
Você pega essa literatura brasileira tão masculina, do grande escritor brasileiro, do grande poeta… João Cabral, Drummond, Machado, Quintana! Tenho aqui, ao meu lado, enquanto escrevo, a poesia reunida de Adélia Prado… que vastidão! Que poesia enorme! Você leu? E as mulheres negras nessa literatura! Uma Conceição Evaristo que tem a dimensão de uma Academia Brasileira de Letras, até maior na sua escrita que fala de e com uma Nação que tantos julgam sem voz, calada. Não, não está calada, fervilha até, basta ouvir uma Mel Duarte na poesia falada quase cantada, que fala mais alto e mais forte a cada verso. A dororidade, isso mesmo, Dororidade, de Vilma Piedade, num livro necessário e definidor.
As Mulheres que Escrevem estão aí também, promovendo encontros, discutindo essa literatura, abrindo espaço e chamando a atenção para o que deveria ser óbvio. Mulheres escrevem, escrevem muito e muito bem. E há muito tempo. E as pontes estão acontecendo, as conexão estão vingando, Brasil, América Latina, África; coletivos se formam e ampliam públicos. É uma onda bonita que se ergue e eu quero estar na água, e ser lavado e levado.
Mas não vou ficar aqui escrevendo e citando nomes, que são tantos, de tantas que não conheço. Essas mulheres não precisam de mim, não precisam sequer que eu fale sobre elas. Eu é que preciso reinventar meu papel de leitor, limpar as antenas e estar atento e não perder esse momento único. Meu lugar é na calçada, à margem, vendo passar a força dessa gente.
Vá lá, abra um livro escrito por uma mulher. Tenha essa coragem e saiba que tudo vai mudar depois desse gesto, prepara-se para a diferença. Deixe que lhe toque e te transforme. Lembrando que muitas não estão nos livros mas estão nas redes, nos Facebook, no Instagram, nas suas próprias páginas, criando o novo, como a jovem pernambucana Iya Zidanes.
É um amor danado pela literatura e pela vida que move essas mulheres, para mais e para além.
Recomendação? Visite a seção Mulheres que escrevem, na IndieBlooks, a loja online da Blooks! Você terá um belo panorama da dinâmica dessa produção literária que está mudando tudo!
