O Rio de Clarice Lispector

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3 min readSep 18, 2018

Texto de Toinho Castro

Eu e Clarice Lispector temos pelo menos duas coisas em comum; passamos a infância no Recife e, em determinado ponto das nossas vidas, mudamos para o Rio de Janeiro. Clarice aos 14 anos e eu aos 30. Eu poderia falar ainda do amor comum pelas letras, pela literatura, mas para o assunto que vamos tratar aqui Recife e Rio de Janeiro já dão conta do que vou escrever.

Certa vez passei na praça Maciel Pinheiro, junto à qual fica a casa em que Clarice viveu, lá no Recife, casa que está de pé até hoje, aos trancos e barrancos, maltratada pelo abandono que acomete a cultura brasileira em geral. Passando por ali, parei um pouco e pensei: Clarice brincou aqui. Sim, certamente Clarice brincou ali; Clarice que veio a se tornar, possivelmente, a maior escritora brasileira.

Que fantasia imaginar aqueles que admiramos tanto vivendo suas vidas, suas infâncias, seus jogos e brincadeiras, suas árvores preferidas. Imaginei se Clarice não teria uma árvore preferida que ainda estaria ali. Pensei na casa de Manuel Bandeira, também lá no Recife, e no sobrado de Machado de Assis, aqui no Cosme Velho e refiz imaginariamente os possíveis passos de Clarice já nesse Rio de Janeiro, o mesmo Rio para o qual eu vim tantos anos depois dela. Caminho pela cidade (Recomendo!), por Botafogo, pela Tijuca ou no Leme, bairros em que a escritora morou. O que resta de Clarice nesses trajetos?

Viver na cidade em que Clarice viveu é uma sorte de privilégio. Trata-se de uma escritora de projeção mundial, sua obra é de uma riqueza enorme e andamos pelo Rio como se não soubéssemos disso. O livro O Rio de Clarice — Passeio afetivo pela cidade, de Teresa Montero, editado pela Autêntica Editora, é um trabalho que vem justamente para abrir nossos olhos e as portas da cidade em que Clarice viveu 28 anos. Onde ela escreveu, fez amigos, passeou e olhou pela janela de um apartamento para o céu, para a lua no céu, certamente. A cidade em que ela se inspirou. O livro é um guia afetivo, e afetuoso, desses trajetos, dessa presença. Perfeito para quem ama a cidade e ama Clarice. Do encontro dessas duas personagens, talvez a gente possa assumir um jeito novo, diferente, de viver aqui; uma consciência mais precisa do que é uma cidade e de como ela marca nossas vidas, ou a vida de uma Clarice Lispetor.

Então pense nesse Rio que ela olhou da janela, nos seus passos nas calçadas, no mar que ela fitou. O mapa desses trajetos, dessas ocorrências, podem nos ensinar demais!

O O Rio de Clarice — Passeio afetivo pela cidade será lançado na Blooks Livraria de Botafogo, no próximo dia 29 de setembro, um sábado, a partir das 16h.

Blooks Livraria — Rio de Janeiro
(Espaço Itaú de Cinema)
Praia de Botafogo, 316, Botafogo — Rio de Janeiro | Rio de Janeiro
CEP: 22.250–040
Telefone: (21) 2237–7974

Estacionamento no Novotel, Praia de Botafogo, 330

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