Os 30 antes dos 30 — somos os mais ansiosos que já se viu

Listinhas estão na moda. São 5 dicas, 3 passos, 8 meses… Vamos das dietas até o “ficar rico” em listas como as de verso de caixa de bolo pronto: é tudo rápido e em poucos passos.

Bom, você já comeu bolo caseiro e bolo de caixinha né? Então…

Uma das listas que mais me preocupam são aquelas listas dos 30 antes dos 30.

Quando se chega nos 30 você começa a ter o olhar mais treinado pra coisas que falam dos 30. Acho que daqui pra diante deve ser assim mesmo.

Mais do que isso, chegando aos 30 você já completa mais um setênio de vida (continha de 7 em 7 anos, na média, em que mudam nossos ciclos de vida de forma geral, nossas idéias, objetivos, aspirações…) e aí você sente aquela mini-pressão social do famoso “e aí, o que você já fez”?

Cara, como assim, “e aí, o que você já fez”? Eu ainda estou nos 30!

Somos uma geração fruto de grandes transformações sociais.

Somos fruto de uma das maiores mudanças comunicativas e tecnológicas. Somos a geração que pede comida sem telefone fixo, paga sem dinheiro, paquera sem nem se avermelhar todo, é só arrastar o dedo pro lado no celular.

Somos também o fruto de frustrações de gerações que passaram.

Culturalmente somos uma geração em que se deposita muito (julgamentos, expectativas, esperanças, contradições) e que se compreende — ainda — muito pouco.

Somos listinhas de jovens que, antes dos 30 são parte de uma lista de 30 melhores de alguma coisa, segundo alguém que julgou que aquilo é sucesso e publicado em algum lugar que dizem ser importante.

E aí o padrão do sucesso é ser milionário, empreendedor, morar num Vale por aí, ser tecnológico, saudável e tudo isso antes dos 30, heim!

E se eu não quiser? E se esse não for o meu sucesso e nem o seu sucesso?

Afinal, quem é que define o que é sucesso pra gente, somos nós — viventes de nossas próprias vidas — ou uma lista feita por Deus sabe quem?

Assistimos e vivemos uma pressão listada e velada que sucede efeitos formando mais um membro parte de uma geração acelerada, frustrada, impaciente e por muitas vezes depressiva.

Fico procurando o lugar da pressa nessa receita. Se desandar o molho fica com aquele gosto de ansioso, sabe?

Talvez eu não queira ser um 30 antes dos 30. Me faltam boas horas de forno.

Ou, talvez seja só invejinha minha que não fiz parte de nenhuma lista ainda. Vai saber.