Conheça a opinião de um dos maiores especialistas em branding que se recusa a ter um smartphone.

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4 min readOct 31, 2017

O smartphone é seu inimigo, diz Martin Lindstrom, dinamarquês, autor do best-seller “Small Data: The Tiny Clues That Uncover Huge Trends”, colunista na Fast Company e na Harvard Business Review. Não sabemos se deveríamos dizer isso, mas imagino que somente alguém de origem escandinava, e nunca americana, para defender um argumento desses.

Nokia 206, acredite, é o celular do especialista. Entre suas limitações, a falta de capacidade de conectar na wi-fi. (Unlimited)

O texto original, em inglês, você pode encontrar aqui, publicado pela Unlimited, um projeto da UBS que, aliás, a gente também recomenda. Mas se você prefere nossa versão, abrasileirada, continue aqui com a gente ;)

O Nokia 206 é um telefone bastante estúpido, de certa forma.

Em uma época em que uma série de atividades podem ser executadas a partir de um telefone celular, o 206 tem dificuldades para transmitir um vídeo e não tem a capacidade de conectar na wi-fi. Ainda assim, Martin Lindstrom, tratado pela Time Magazine como uma das pessoas mais influentes do mundo, o mostra de forma orgulhosa. No mundo do pensamento livre, Lindstrom defende que o smartphone é seu inimigo.

“Quando eu comprei o primeiro iPhone, eu percebi que eu estava adquirindo o aparelho mais viciante no planeta terra”, ele sorri. “É brilhante, viciante, atrativo — mais do que amigável, mais do que amor, mais do que qualquer coisa”, ele pausa, e manda a mensagem de efeito: “Então eu decidi não ser viciado”.

O Nokia 206 do Martin, parece que é real mesmo (Unlimited)

Ao contrário, ele diz que o mais longe que você permanece das redes sociais, mais livre você pensa. Extrapolando o valor do presente, ele adiciona:

“Inovação está crescendo rápido, mas os níveis de criatividade estão decaindo. Criatividade acontece quando se tem silêncio na sua vida, e tédio é o fundamento da criatividade. Mas no momento que estamos esperando um amigo no bar, a primeira coisa que pensamos é pegar o nosso celular e fazer qualquer coisa — qualquer coisa com ele. Não é mais aceitável olhar externamente, e se não é, quando você desenvolve pensamento criativos em um espaço proposital, não provocado?”

“Para mim, eu encontro esse tempo para pensar enquanto nado e escrevo, é o momento que eu chamo de “water moment” —quando você se desconecta e não tem nenhuma corda amarrada. Algumas pessoas o tem quando correm, outras enquanto estão no banheiro, mas muitas delas não sabem que o estão perdendo. E também cada vez mais o mundo corporativo está deixando de lado.

Raramente estamos no presente nos dias de hoje, e essa falta de estar no presente significa que estamos perdendo tudo aquilo que está ao nosso redor”.

“Na minha perspectiva, smartphones estão diminuindo o espaço da criatividade da nossa sociedade, especialmente nas gerações mais novas. A internet por si só é a analogia de ‘junk food’. Satisfaz o seu apetite por 30 minutos, mas uma hora depois você está com fome de novo. É por isso que eu chamo a geração de hoje de ‘Screenagers’, eles estão constantemente procurando a tomada mais próxima deles. O medo de ficar sem energia é como o medo de ficar preso a uma ilha deserta, abandonado dos amigos e forçado a encarar quem você é, sem o seu telefone na mão”.

“Nós podemos acreditar que queremos isso, e que nós merecemos uma infinidade de informação, mas na verdade não conseguimos lidar com isso, e isso praticamente não alimenta os nossos apetites. Dito isso, a tecnologia por si só não é o problema, o desequilíbrio é.”

Para o especialista, os detalhes que compõem nossa vida, são o meio de subsistência dela mesmo. Como um expert em branding, Lindstrom trabalha para empresas líderes, como Lego, Pepsi e Nescafé, utilizando mais de 300 noites por ano na casa de estrangos observando como eles vivem sua vida. Ele observa tudo; desde o fato de que nós apertamos o botão do controle mais forte, para aproveitar a energia quando as baterias estão baixas, até a razão dos chineses evitar colchas, (um desgosto pela abordagem existente de viver, Lindstrom afirma).

“É importante entender como nós realmente vivemos”, ele acrescenta. “Geralmente, grandes empresas produzem as figuras que eles precisam para suportar seus argumentos”.

“Nós precisamos entrar a fundo na experiência de como as pessoas realmente vivem!”.

Texto original: “The Smartphone is Your Enemy”, Unlimited UBS, 24 de outubro de 2017.

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