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Para Bolsonaro, aposentadoria. Para cientistas, calote
No mesmo mês que Bolsonaro ganha uma aposentaria de 30 mil reais, pós-graduandos tem seus pagamentos cortados.
Este texto é o roteiro de um vídeo que fiz para minhas redes (link no fim do texto).
É justo um presidente que trabalha menos horas que um estagiário cortar o pagamento de trabalhadores que se dedicam exclusivamente para a pesquisa?
Eu sou Caio Faiad doutorando do Programa Interunidades de Ensino de Ciẽncias da USP. Além de ser formado em química na Unesp e mestre em química na Unicamp, também sou formado em Letras na USP.
Ano que vem, a primeira lei de combate ao racismo na educação fará 20 anos e a minha pesquisa tem a ver com isso. Eu produzo uma pesquisa de interface entre Ciência e Literatura onde estudo a escrevivência de saberes tradicionais na literatura negro-brasileira e a contribuição para formação antirracista de professores de ciências.
Devido ao impacto social e a natureza do trabalho intelectual, todos nós bolsistas, quando assinamos o contrato de bolsa, nos comprometemos a nos dedicar integralmente ao trabalho na universidade. A dedicação à Ciência é o principal, mas também por contrato da bolsa CAPES, temos que realizar atividades de Ensino em monitoria de disciplinas. E nós do PIEC ainda fazemos Extensão com a editoração da Revista BALBÚRDIA.
O não pagamento das bolsas, portanto, impactam o funcionamento das universidades públicas, que são as que produzem ciência no Brasil. E como a gente não pode ter outro trabalho. O não pagamento da bolsa impacta a nossa sobrevivência cotidiana.
Por isso, para além desse pagamento, temos que, enquanto nação, assumir um compromisso de romper com a lógica do trabalho intelectual precarizado com essa massa de servidores públicos informais, que somos nós, os pós-graduandos. A bolsa precisa cair amanhã, mas o país precisa estar comprometido com as pautas dos pós-graduandos relacionadas aos direitos trabalhistas dos cientistas.
Nós que não temos o direito à contribuição previdenciária, auxílio-doença, férias e nem 13º, trabalhamos dia e noite para colocar o Brasil entre os países com maior produção científica no mundo.
Mas o vagabundo da república, que trabalha menos de cinco horas por dia e que em 27 anos como deputado federal, teve apenas dois projetos aprovados, sendo que um deles é rechaçado pela comunidade científica, pois liberou a falsa pílula do câncer, esse no mesmo mês que não paga a minha bolsa de 2200 reais, ganhou uma aposentadoria de 30 mil.
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