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100 dias de Tarcísio: política da fome de Bolsonaro se espalha por São Paulo
Além da capital, São Vicente, no litoral paulista, também teve fechamento do Bom Prato e redução da oferta de alimentação
Uma das marcas da gestão Bolsonaro (PL) foi colocar o Brasil de volta no mapa da fome e a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do Palácio dos Bandeirantes está seguindo a mesma toada no estado de São Paulo. No dia 30/03 leio estarrecidamente a notícia publicada no Rede Brasil Atual sobre o fechamento do restaurante Bom Prato de Campos Elíseos. O estarrecimento também se deu porque estamos passando pelo mesmo processo aqui em São Vicente, no litoral paulista.
Na sexta-feira (17/03), o prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos), publicou um vídeo nas suas redes sociais oficializando o fechamento da unidade do restaurante Bom Prato, instalada no Centro da cidade. Uma vez que o Bom Prato é um programa estadual, as tratativas foram feitas com o governo do Estado em parceria com o secretário de Desenvolvimento Social, Gilberto Nascimento.
O fechamento do Bom Prato do centro de São Vicente, que servia 300 cafés da manhã, 1200 almoços e outros 300 jantares, veio com a promessa de uma nova unidade do restaurante a ser instalada na antiga Etecri do México 70, favela onde fui criado. Contudo, o local não está pronto para servir essas quantidades e passa por reformas. No momento, apenas 300 almoços estão sendo oferecidos no serviço móvel do Bom Prato para a comunidade.
Ao invés de ampliar a política de combate à fome do Bom Prato, a gestão Tarcísio diminui o número de refeições fornecidas à população carente e ainda usa a comunidade do México 70 como moeda de troca para implementação de uma política pautada pela aporofobia, que é aversão aos pobres, e pela gentrificação, que inclui um processo de retirada das pessoas mais pobres de áreas revitalizadas pelo poder público para destiná-las a grupos econômicos.
O comércio de São Vicente é um dos mais lucrativos da Baixada Santista, por isso, a medida de retirar o restaurante que atente a população em situação de rua contou com o apoio dos vereadores, todos de partidos de direita, que buscam atender o interesse imobiliário de construtoras que estão se instalando na cidade.
Sobre a população em situação de rua, a Prefeitura limita-se em dizer, em nota, que “a região do Centro de São Vicente apresenta estrutura de refeição e alimentação a preços variados, além de contar com o Centro Pop, que é a unidade de referência para a população em situação de rua, e que serve café da manhã diariamente”. O prefeito de São Vicente e o governador Tarcísio de Freitas estão, na prática, ignorando essa realidade social provocada pela política econômica de Bolsonaro que levou milhões de pessoas para essa situação de fome e insegurança alimentar.
Os movimentos sociais estão em luta para tentar reverter a situação. No entanto, em ato na Câmara dos Vereadores de São Vicente, liderada por entidades da sociedade civil e partidos como PCB, PSOL e PT, o vereador Jabá (PL) mandou as mulheres que protestavam “procurar louça para lavar”.
Como vemos, o bolsonarismo mantém os seus tentáculos em São Paulo implementando uma política para o grande capital e menosprezando as minorias sociais, que no fundo são a maior parcela da população. Uma etapa da batalha contra o neofacismo brasileiro foi vencida em Brasília, mas perdemos a etapa estadual. O bolsonarismo está se organizando para se manter forte nos municípios do Estado de São Paulo. Trabalhadores e trabalhadoras, não se esqueçam: lutamos arduamente para vencer o bolsonarismo em Brasília e continuaremos em luta para derrotá-los nos municípios. Pra cima deles!!
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