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Saúde não é “atividade essencial” no governo Bolsonaro. Mas Economia sim!
Saída de Teich evidencia o descaso do governo Bolsonaro com a pasta
Precisou ter uma pandemia para mostrar aos incrédulos o que muitos já diziam: Bolsonaro não tem preparo mental e nem competência administrativa para ser presidente de uma nação como o Brasil.
Preocupado com propagações de narrativas copiadas do, também insano, Donald Trump, Bolsonaro está desconsiderando recomendações dos órgãos de saúde e de cientistas. Com isso, o país caminha para ser o epicentro da doença no mundo.
Nesta segunda-feira (11), Bolsonaro decretou a inclusão de atividades de salões de beleza, barbearias e academias de esportes na lista de “serviços essenciais”. A reação do “atual” ex-ministro da Saúde viralizou nas redes sociais.
Na mesma coletiva, Nelson Teich afirma que cabe ao Ministério da Economia determinar que tipo de atividade é ou não essencial, e por isso, o Ministério da Saúde não é consultado sobre a liberação dessas atividades. Qual a lógica, em plena pandemia da covid-19, a pasta não ser consultada sobre as atividades que aumentam o contato de pessoas e que, portanto, promove maior transmissão do vírus?
A resposta me parece simples: Ministério da Saúde é uma “atividade não essencial” do governo em tempos de covid-19. Tanto é que Teich disse em coletiva de imprensa:
A pasta da Economia, por sua vez, é a atividade essencialíssima da gestão, que faz de tudo para executar, mesmo em pleno caus sanitário, a agenda do liberalismo econômico.
Luiz Mandetta (DEM-MS), o primeiro escolhido para comandar o Ministro da Saúde, foi um dos apoiadores do Teto dos Gastos em 2016. Quando deputado, votou favorável à PEC que retirou R$ 22,5 bilhões da Saúde. Já como ministro, entre as ações do Mandetta que debilitaram ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS) estão:
- o fim do Programa Mais Médicos;
- a mudança na política de saúde mental (antimanicomial), adotando práticas abandonadas na década de 1980;
- o fechamento do depto. de HIV/AIDS;
- a implementação de uma lógica questionável para o financiamento da Atenção Básica.
O primeiro escolhido de Bolsonaro tem fortes ligações com as empresas de planos de saúde e, enquanto defendia a existência de um SUS forte, que ele mesmo ajudou a debilitar, tratou prontamente de providenciar a liberação R$ 10 bilhões aos planos de saúde.
Com a saída de Mandetta, Bolsonaro escolheu um médico com experiência apenas na iniciativa privada e isso significa que o escolhido por Bolsonaro não tem o menor conhecimento sobre Saúde Pública. Tanto é verdade que sinalizou uma parceria público privada para testagem em massa do vírus sem se dar conta de que o SUS está presente por todo o Brasil e a inciativa privada concentrada nos grandes centros. Portanto, essa parceria resultaria em dinheiro público que ao invés de fortalecer o SUS seria injetado em grandes empresas que lucrariam com o programa de testagem em massa.
Tanto Mandetta quanto Teich foram úteis para agenda bolsonarista por promover um discurso de transferência de demandas que deveriam ser do Estado para as empresas privadas. Contudo, promessas de “melhorar” a Economia em detrimento do fortalecimento de investimentos na Saúde Pública há limites, até mesmo, para esses ex-ministros da Saúde.
Com o jargão “Economia também é vida!!”, Bolsonaro quer
- recomendar cloroquina, mesmo quando estudos indicam a ineficiência contra o coronavírus;
- ser contra o isolamento social;
- expandir ainda mais a lista de “atividade essenciais”.
No fim das contas, temos um presidente que diz “E daí?” quando atingimos a marca de 10 mil mortes por covid-19, mas que segue em marcha com empresários rumo ao STF contra a “morte dos CNPJs”
Resta saber até quando aguentaremos um presidente que privilegia a Economia à vida.