“Keep calm” e se toca mulher!

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5 min readNov 28, 2019

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Diagnóstico precoce, sintomas e o impacto da Campanha Outubro Rosa

“Sei da importância do autoexame devido a uma experiência própria e outra familiar. Uma pessoa da minha família retirou um câncer do seu lado direito e neste ano de 2019, constatei um nódulo em meu seio. A importância do autoconhecimento e a realização da avaliação anual são fundamentais no tratamento. ” Este foi o depoimento da Márcia, 34 anos, sobre Outubro Rosa, a experiência que vivenciou na própria pele e no acompanhamento de um familiar no tratamento do câncer de mama.

Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é a segunda causa de morte entre as mulheres. Dados de um levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que o câncer de mama é o segundo câncer mais comum entre as mulheres no país e no mundo. O Brasil somará, aproximadamente, 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019. O número corresponde a 28% de todos os diagnósticos registrados da doença. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia revela que uma em cada 12 mulheres terá um tumor nas mamas até os 90 anos de idade. As chances de cura em caso de diagnóstico precoce chegam a 95%.

A Dra. Deborah Margatho Ramos Gonçalves — médica especializada em ginecologia e obstetrícia, formada pela Universidade de São Paulo (USP), explicou que o câncer de mama é “a multiplicação desordenada de células anormais da mama, que gera um aglomerado celular, chamado de tumor maligno. Hoje se tem conhecimento de vários tipos de câncer de mama e com isso diferentes formas de manifestação e evolução da doença. Cada tipo tem um comportamento diferente. A incidência só perde para o câncer de pele não melanoma. Além do mais, deve-se ressaltar que não é uma doença exclusiva de mulheres. Os homens também podem ser acometidos, mas representam 1% do total de casos”, ressaltou.

Sintomas

De acordo com a Dra. Deborah, alguns sintomas e sinais que podem ser percebidos no autoexame das mamas podem levar a mulher e pode ser um sinal de que algo não está bem. “A presença de um caroço ou bolinha, que geralmente não dói, pode ser a principal manifestação da doença. A paciente também pode notar alterações na pele da mama como vermelhidão, retração ou enrugamento como se fosse casca de uma laranja murcha. Além destes, podem ser observadas alterações nos mamilos, como inversão ou saída espontânea de líquidos. Caroços notados em baixo do braço (nas axilas) ou no pescoço ou em cima dos ossos da clavícula também têm sua importância e merecem ser investigados ao serem notados”, completou.

Não há uma causa única para o desenvolvimento do câncer de mama. Diversos agentes estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (idade da primeira menstruação, ter tido ou não filhos, ter ou não amamentado, idade em que entrou na menopausa), histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.

As práticas de atividade física e de alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado, estão associadas a diminuição dos riscos de desenvolver câncer de mama, cerca de 30% dos casos podem ser evitados quando são adotados esses hábitos. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Diagnóstico Precoce

O diagnóstico precoce ainda é o maior aliado para o tratamento eficaz do câncer de mama. Quando identificado cedo pode ser tratado, impedindo que o tumor alcance outros órgãos. O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim as chances de tratamento e cura. A obstetra explica os benefícios do diagnóstico precoce:

“O maior benefício do diagnóstico precoce é o aumento das possibilidades de tratamentos menos agressivos com taxas de sucesso satisfatórias! Temos que ‘empoderar’ as mulheres a conhecerem melhor o seu corpo, pois a maior parte dos cânceres de mama são descobertos pelas próprias mulheres. A mamografia é uma radiografia que pode detectar alterações suspeitas ainda não palpáveis pela mulher ou pelo profissional de saúde. Pelas recomendações do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia é indicado o rastreamento anual entre 40–74 anos. Acima de 75 anos, deve ser reservado para as mulheres com expectativa de vida superior a 7 anos. A ultrassonografia de mamas deve ser reservada para as mamas densas observadas na mamografia”.

Tratamento

Existem diversos tipos de tratamento indicados para combater o câncer de mama. O plano terapêutico a ser adotado deverá ser definido pelo médico, mediante a análise de todos os exames realizados e pelos dados fornecidos pelo médico patologista, após a realização de biópsia.

“O tratamento depende da fase em que a doença se encontra e do tipo de tumor. Quando o câncer de mama é diagnosticado no inÍcio, há maiores chances do tratamento ter cura. Se o câncer de mama já se espalhou por outros órgãos (metástases), o tratamento busca melhorar a qualidade de vida. O tratamento do câncer de mama inclui procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal e terapias alvo. As cirurgias podem ser agressivas e com isso podem trazer consequências emocionais negativas para as pacientes. Nos últimos anos, o tratamento cirúrgico do câncer de mama vem evoluindo com o advento de novas técnicas que poupam a pele e o complexo areolomamilar”, complementou a médica.

Outubro Rosa

A campanha, presente no mundo inteiro, começou em 1997 nas cidades de Yuba e Lodi, nos Estados Unidos e foi criada pela Fundação “Susan G. Komen for the Cure”. O movimento denominado Outubro Rosa, visa conscientizar mulheres e homens sobre a prevenção do câncer de mama, através do diagnóstico precoce. O nome remete a cor do laço rosa, que é o símbolo da campanha. É realizada por diversas entidades, que efetivamente começaram a fomentar e desenvolver ações voltadas para a prevenção do câncer de mama, não só no mês de outubro, mas ao longo dos doze meses do ano. A campanha é dirigida a toda sociedade, enfatizando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade.

O impacto da Campanha

O objetivo da campanha é compartilhar informações sobre o câncer de mama e, mais recentemente, câncer do colo do útero, promovendo a conscientização sobre as doenças, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade. Para Elaine, 34 anos, “a campanha é fundamental porque muitas mulheres não sabem da importância do diagnóstico precoce da doença”. A estudante Carolina, 18 anos, explicou que “quanto antes você tem o diagnóstico mais fácil para você solucionar”. A entrevistada Ana Paula, que também tem 18 anos, alertou as mulheres sobre um aplicativo que emite um alerta para que seja feito o autoexame todo mês. Para Carla, 19 anos e para a Mariana, 22 anos, é essencial realizar além do autoexame, a mamografia, para obter o diagnóstico, o tratamento e a cura da doença o mais cedo possível. A Aline, de apenas 17 anos, chamou a atenção ao reforçar que a campanha precisa ser intensificada, principalmente voltada para o público masculino, já que os homens também podem ter câncer de mama. A universitária Carol, 24 anos, disse: “acho muito importante o autoexame como prevenção do câncer de mama. Deveriam ser realizadas palestras em Universidades, lugares públicos para toda população e precisa ser reforçada a distribuição de panfletos e informativos, sem que a campanha passe despercebida”, finalizou.

O que as mulheres pensam?

Redação: Luiza Condado / Edição de áudio: Maria Júlia Cabral / Entrevistas: Luiza Condado e Maria Júlia Cabral / Revisão: Maria Júlia Cabral

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