As Veias Abertas da América Latina

Lara Magalhães
Boteco Literário
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3 min readSep 16, 2022

Leitura obrigatória nos cursos de formação de história, As Veias Abertas da América Latina do Eduardo Galeano deveria fazer parte da literatura obrigatória do Ensino Médio e livro obrigatório dos vestibulares. Especialmente pela forma como é escrito. Apesar de ser um livro que trata de questões históricas, a linguagem é leve apesar de trazer a dureza do que vem sofrendo toda a América Latina desde que os Europeus aportaram por aqui.

Nesse livro entendemos como o ensino da história do nosso país é superficial e romantizado. Quando se fala sobre a exportação do café, do ouro, da prata. Quando lemos sobre a Guerra do Paraguai, quando se fala sobre a “abolição” da escravidão. A história em si é muito mais cruel. Através desse livro entendemos claramente onde estamos e porque estamos vivendo da forma como estamos vivendo na América Latina.

“A veneração do passado sempre me pareceu reacionária. A direita elege o passado porque prefere os mortos: mundo quieto, tempo quieto. Os poderosos, que legitimam seus privilégios pela herança, cultivam a nostalgia. Estuda-se história como se visita um museu; e essa coleção de múmias é uma fraude. Mentem-nos o passado como nos mentem o presente: mascaram a realidade. Obriga-se o oprimido a ter como sua memória fabricada pelo opressor, alienada, dissecada, estéril. Assim ele haverá de resignar-se a viver uma vida que não é a sua como se fosse a única possível.”

É urgente entendermos essa relação de exportação que vivemos desde a chegada dos europeus, os interesses dos Estados Unidos, o fato de não utilizarmos os nossos recursos para nossas produções internas e vivermos nesse ciclo vicioso de necessitar desses países sendo que não deveríamos necessitar.

“Na América Latina é normal: sempre se entregam os recursos em nome da falta de recursos.”

Um livro escrito em 1971, há mais de 50 anos, que foi proibido em vários países da América Latina durante a ditadura. Um livro que apesar de ir lá atrás faz com que a gente entenda cada vez mais o que estamos vivendo hoje. Parece mais atual do que deveria ser. Sabemos que o presente é feito do passado mas, especialmente quando vivemos um presente tão dolorido é importante ter um olhar bem atento a esse passado.

“O banho de sangue coincidiu com um período de euforia econômica da classe dominante: é lícito confundir a prosperidade de uma classe com um bem-estar de um país?”

Leia! Eu demorei mais do que o “normal” pois é um livro que me fazia parar por diversos momentos para pensar, para quebrar algumas coisas que eu achava que sabia, para reconstruir meu pensamento. Pra refletir, até pra me indignar. Leia! É importante, é necessário!

→ As Veias Abertas da América Latina
→ Eduardo Galeano
→ Tradução de Sérgio Faraco
→ Editora L&PM Pocket
→ Livro 20 de 2022

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Lara Magalhães
Boteco Literário

De falar, de ouvir, de ler e de escrever. De beber com os amigos e de sorrir para a vida. IG literário: @botecoliterario_