50 Anos de Chatbots Inteligentes

Rodrigo Siqueira
Bots Brasil
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3 min readSep 2, 2017

Há 50 anos atrás, em 1967, o pesquisador do MIT Joseph Weizenbaum (criador da Eliza, a mãe de todos os bots) publicava o artigo “Contextual Understanding by Computers” sobre a evolução dos chatbots, criando uma Nova Eliza, muito mais sofisticada, propondo métodos para melhorar a fluidez das conversas entre pessoas e máquinas e falando sobre:

  • Compreensão de Linguagem Natural (vai bem além do simples reconhecimento de palavras-chave)
  • Uso educacional (“Teaching machines”). Ex: substituir programas simples (como “testes de múltipla escolha”) por programas capazes de interagir em linguagem natural com os alunos
  • Capacidade de aprender durante a conversa
  • Bots capazes de prover serviços úteis (não apenas entretenimento)
  • Reconhecimento de padrões semânticos em textos
  • Análise de fragmentos de textos nas conversas
  • Tolerância a erros gramaticais
  • Conversas consistentes mesmo sem ter “conhecimento do mundo real”
  • Decompor e recompor trechos de texto (decomposition and reassembly rules)
  • Utilização de trechos das frases dos usuários para compor novas respostas
  • Contexto global e sub-contextos dentro da conversa
  • Uso de programas conversacionais em psicoterapia
  • Importância de identificar e usar o contextos

Um dos pontos principais é a capacidade de aprendizado durante a conversa usando o que ele chama de “Evaluator”, um poderoso interpretador de linguagem natural que converte algumas frases dos usuários em mini-programas de computador. Veja, no exemplo abaixo, o diálogo entre o humano e o computador demonstrando a capacidade de aprender:

Usuário:A área do círculo é PI vezes o raio do círculo elevado ao quadrado.
Usuário:Qual é a área de um prato com raio 10?
Bot:Um prato é um círculo?
Usuário:sim
Bot:A área é 314,159

O bot fez a conta que aprendeu com o usuário durante a conversa!

No artigo, Weizenbaum mostra a que ponto pode chegar a relação de uma pessoa com um programa conversacional. Conta que uma vez a secretária dele conversou com a “software psicóloga” (Eliza) e quando a conversa começou a ficar muito pessoal, a secretária pediu privacidade e Weizenbaum saiu da sala.

Abaixo, um trecho do artigo “Contextual Understanding by Computers” (Compreensão Contextual pelos Computadores), publicado em agosto de 1967:

Essa pesquisa que resultou na criação da ELIZA foi patrocinada pelo Departamento de Defesa americano (DARPA - Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa).

Link para o artigo completo (pdf):
https://in.bot/chatbots/eliza/contextual-understanding-by-computers-Weizenbaum-1967.pdf

Capa do “Communications of the ACM”, onde o artigo foi publicado.

Em 2001, implementamos algumas dessas ideias na primeira versão da plataforma InBot, desenvolvida para criar chatbots capazes de conversarem. Escrevi sobre isso na revista “The Industry Standard”, em comemoração aos 35 anos do lançamento da Eliza a primeira chatbot com Inteligência Artificial (veja o artigo na íntegra).

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Rodrigo Siqueira
Bots Brasil

Head of Artificial Intelligence and founder at InBot (www.in.bot). I create natural language processing engines, next generation chatbots and AI platforms.