Arquitetura da Informação: considerações de um bibliotecário
Aprenda o que é a Arquitetura da Informação (AI), quais são os seus subsistemas e como você pode aplicá-la no seu dia a dia de trabalho.
Sumário 📃
1. Arquitetura da Informação (AI) 🌐
2. Arquitetura da Informação Pervasiva 🏦
3. Os Sistemas da Arquitetura da Informação 💻
4. Instrumentos para a rotulação de interfaces ✍
5. Alguns sites e grupos para seguir 💭
1. Arquitetura da Informação (AI) 🌐
De acordo com a Digital House a Arquitetura da Informação é :
“[…] responsável por organizar todos os elementos de uma página na internet, aplicativo e softwares, para privilegiar a experiência do usuário e facilitar a sua navegação no conteúdo que deseja encontrar.”
Eu vou um pouco além, a Arquitetura da Informação é uma área interdisciplinar do conhecimento, ela é tão importante que se deriva para uma comunidade prática (que principalmente no Brasil se vê muito presente no mercado de UX).
Ela não se resume somente a ambientes virtuais e para complementar essa percepção tem-se a evolução do termo, dada como Arquitetura da Informação Pervasiva.
2. Arquitetura da Informação Pervasiva 🏦
Pervasiva vem da palavra “pervadir”:
“verbo transitivo direto Tomar posse de; preecher por completo; espalhar-se, ocupar, invadir: precisava que a felicidade pervadisse sua vida. Etimologia (origem da palavra pervadir).”
Essa evolução conceitual e prática ocupa os nossos espaços físicos, nossas casas, condomínios, bairros, cidades, museus, casas de festa e principalmente no ambiente de trabalho.
Precisa de um exemplo? Vamos aos emissores de sons em sinais de trânsito. Eles emitem determinadas sons em determinados momentos para que pessoas cegas ou com baixa visão tenham acesso aquele espaço, para que elas possam fazer usufruto de um espaço comum.
Quando conversamos com uma Alexa ou com o Google Assistente também estamos fazendo uso da Arquitetura da Informação. Conversamos com sistemas que foram programados para interagir conosco, fazer cálculos, informar o clima, abrir aplicativos, tocar músicas e muito mais!
Falando em tocar músicas, você já fez o exercício mental de entender como é o caminho que o seu assistente percorre para conseguir encontrar uma determinada música através da sua fala e conversar com você?
Vamos a um pequeno passo a passo:
1. Você fala uma frase como “Alexa, toque Caetano Veloso no Spotify”;
2. Seu/sua assistente capta essa informação;
3. Realiza o processamento por linguagem natural;
4. “Abre” essa base de dados onde estão localizadas suas músicas;
5. Busca pelo artista “Caetano Veloso”;
6. Encontra a página respectiva a ele;
7. E por fim reproduz a primeira música da lista.
Perceba que para um pedido o seu/sua assistente teve que seguir um número delimitado de passos, acessou outro sistema, utilizou de partes da informação da sua fala e por fim executou a tarefa.
Ele “invadiu” tanto o ambiente físico (sua casa, por exemplo), até um ambiente digital, dado como um banco de dados (alocado na internet). Esse é um dos maiores exemplos de como a informação tem forma e estrutura, dado estes pontos podemos concluir que nos relacionamos com a AI a todo momento.
3. Os Sistemas da Arquitetura da Informação 💻
Ainda me referindo ao passo a passo anterior, o agente conversacional teve que se relacionar com 4 sistemas que dão base para a AI, vem conhecer as definições apresentadas pelo David Arty no seu texto “Arquitetura da Informação — Ciência para estruturar conteúdos” no site Chief of Design:
Obs.: o foco apresentado pelo autor é a AI aplicada a websites, mas como já discutido, podemos extrapolar e adaptar essa compreensão.
1. Sistemas de Organização
“São responsáveis por agrupar e categorizar a informação.”
2. Sistemas de Pesquisa/Busca
É um sistema com a função de ajudar o usuário a pesquisar uma informação no website ou aplicativo. É indicado quando existe muito conteúdo facilitando assim o acesso a rápido a informação.
3. Sistemas de Navegação
“São modelos de navegação responsáveis por orientar os usuários sobre como se movimentar pelas informações. Esses sistemas indicam a localização do usuário e o caminho correto a seguir para se chegar a um destino.”
Sendo seus subsistemas:
3.1 Navegação Global
“Este é o modelo de navegação que oferece a visão macro de um website e que apresenta a instituição representada. É formado por um conjunto de links que aparecem em todas as páginas e que acessam informações de primeiro nível.”
3.2 Navegação Local
“A navegação local complementa a global e é destinada a orientar o usuário para se movimentar em uma seção específica do site. É uma navegação que destina o usuário para informações secundárias, mas importantes no contexto, cujos itens de navegação não caberia na navegação global por se tratar de um conteúdo volumoso e específico.”
3.3 Navegação Contextual
“Este modelo de navegação oferece aos usuários acesso a conteúdos similares publicados no website. O intuito é dispor estrategicamente esta navegação para que o usuário perceba informações adicionais e similares ao que ele tinha buscado sem que ele tenha pensado em procurar sobre.”
3.4 Navegação Suplementar
“A navegação suplementar disponibiliza caminhos alternativos de acesso a conteúdos fora da hierarquia estabelecida. Este modelo de navegação possibilita ao usuário ver a estrutura do site e conteúdo do site ou parte dele.”
E por fim, mas com certeza não menos importante:
4. Sistemas de Rotulagem
“São responsáveis por especificar formas para representar as informações. Eles servem para simplificar informações que possam confundir o usuário.”
Sobre o Sistema de Rotulagem, se torna necessário deixar bem claro que é onde o profissional que se ocupa na escrita focada na pessoa usuária (UX Writing) mais concentra o seu trabalho.
4. Instrumentos para a rotulação de interfaces ✍
A AI contém no seu bojo várias estruturas e esquemas que viabilizam a apreensão de boas práticas de rotulagem, neste artigo não irei abordar todas elas (até porque isso seria um tema para um doutorado), mas irei fazer um repasse geral sobre instrumentos que as pessoas bibliotecárias utilizam na sua rotina de trabalho, bora lá?
Vocabulários Controlados (VC)
De acordo com o Tesauro OC [Organização do Conhecimento] da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), pode-se afirmar que:
“Os vocabulários controlados são desenhados para aplicações para identificar cada conceito com uma etiqueta consistente, durante a classificação, indexação ou busca de um documento. Tesauros, listas de cabeçalho de assunto e listas de autoridades são exemplos de vocabulários controlados.”
Vale explicar que o “documento” referido nesta citação normalmente se dá como livros, documentos arquivísticos (atas, relatórios, ofícios etc) ou objeto museal (esculturas, quadros, colagens etc).
Contudo, a aplicação de vocabulários controlados não se resume a este tipo de suporte, o principal intuito dos VCs é organizar, classificar e indexar informação, o que pode ser facilmente apreendido dentro do contexto de produtos e serviços digitais.
A PM3 (empresa que comercializa cursos relacionados ao mercado de produtos digitais) disponibiliza um Glossário de Produtos:
Aproveitando, glossários podem ser definidos como:
“[…] um tipo de dicionário específico para palavras e expressões pouco conhecidas, seja por serem de natureza técnica, regional ou de outro idioma.”
VCs podem ter muitos derivados, dentre eles os glossários (como já vimos), mas também podem ser listas de assuntos; cabeçalhos; uma lista de autores, dentre vários outros instrumentos para organização do conhecimento.
Uma outra características comum dos VCs que também se apresenta como instrumento em si são as taxonomias.
Taxonomias
De acordo com o dicionário Priberam, taxonomias podem ser definidas como a:
“Teoria ou nomenclatura das descrições e classificações científicas.”
São basicamente estruturas hierárquicas que organizam algum conteúdo em níveis, um dos maiores exemplos que temos é a classificação biológica dos seres:
As hierarquias podem ser muito básicas, como por exemplo uma estrutura de um condomínio:
1. Prédio;
2. Apartamento;
3. Quarto;
4. Suíte do quarto.
Como mais refinadas, como um exemplo de refinamento de hierarquias eu te apresento os tesauros.
Tesauros
De acordo com a professora Lillian Alvares da Faculdade de Ciência da Informação de Brasília (FCI/UnB):
“No contexto da organização e recuperação da informação, tesauros são instrumentos de controle terminológico, utilizados em sistemas de informação para traduzir a linguagem dos documentos, dos indexadores e dos pesquisadores numa linguagem controlada, usada na indexação e na recuperação de informações.”
Você pode conhecer mais sobre tesauros aplicados no mercado de produtos e serviços digitais na minha palestra intitulada: “Sistemas de Organização do Conhecimento em Chatbots: tesauros para rotulagem” no canal do Youtube da Bots Brasil (#ConfBotsBrasil2022), clicando no link a seguir:
5. Alguns sites e grupos para seguir 💭
Se você se interessou sobre o tema você pode visitar e acompanhar algumas comunidades/sites que são conhecidas na área por divulgarem cursos, emitirem certificações e evangelizarem a AI pela Web. Segue a listagem:
1. Instituto de Arquitetura de Informação:
2. Grupo deste Instituto no LinkedIn;
3. Grupo de AI no LinkedIn (outro grupo homónimo);
4. UX Design Information Architecture (também no LinkedIn);
Por fim:
Por hoje é só pessoal, Até breve para mais conteúdos sobre UX; Produtos e Serviços Digitais; e Biblioteconomia.
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