Melhores práticas para desenvolvimento de chatbots — Parte 1
Que os chatbots ganharam um espaço gigantesco no mercado, não podemos negar. Vemos várias organizações começarem a utilizar a tecnologia para entregar aos seus clientes um serviço rápido e que consiga, ao mesmo tempo, respondê-lo de forma amigável e sanar suas dúvidas prontamente.
Os chatbots, além de possuírem disponibilidade 24/7, podem aguentar um grande número de usuários, responder perguntas repetitivas e tornar automáticas tarefas rotineiras. Isso permite que o tempo, que antes era gasto em algo mecânico, seja investido em algo que possa agregar ainda mais valor e seja motivador/estimule a criatividade.
Por ser algo relativamente novo no mercado, algumas pessoas possuem certas dúvidas de como estruturar, montar um planejamento e, até mesmo, iniciar um projeto de chatbot de sucesso e que satisfaça as expectativas estipuladas.
Com essa sequência de artigos, quero clarificar alguns passos no desenvolvimento de chatbots em organizações, a fim de facilitar a implantação dessa tecnologia que, em muito, pode auxiliar nosso dia a dia e trazer grande valor para o negócio.
Antes de partir para a técnica, vamos conversar sobre algumas coisas…
Escopo definido
Durante o planejamento do ingest (adição de dado e conteúdo) no chatbot, é de extrema importância que se defina qual será o escopo em cima do qual o chatbot trabalhará. Isso faz com que possamos ter uma noção maior de seu desempenho e possamos concluir etapas, não perdendo a noção do quanto ele abrange e podendo definir de forma clara seu domínio.
Squad especialista
O ideal para se ter um chatbot que supere as expectativas dos clientes é que ele tenha sido construído por uma equipe multidisciplinar. Mesmo que a tecnologia seja um dos pontos chaves na construção, é importante que se tenha especialistas de montagem de fluxos conversacionais e responsáveis pela estratégia de escrita.
Um exemplo de squad seria, por exemplo (sem levar em consideração o tamanho da equipe, pois depende do ramo e do tamanho do projeto):
- Product Owner (repassará a visão do cliente e possuirá em mente o roadmap e a visão do produto)
- Arquiteto da tecnologia
- Desenvolvedor de chatbot
- Arquiteto de conversação
- Designer de conversação
- Copywriter
Isso porque não estamos falando ainda de um chatbot voltado para voz. Nesse caso, temos novos profissionais a serem adicionados, como o VUI Designer.
Personalidade
Criar uma persona para seu bot faz com que os usuários que interagem com o mesmo possam criar uma maior sintonia, gerando maior engajamento e fazendo com que as pessoas se interessem em continuar conversando com o assistente.
A criação da persona é uma das partes mais importantes no projeto de chatbot. Dentro desse processo, alguns tópicos podem ser importantes para nortear essa criação:
- Quais são as características do seu público? Baby boomers, millenials, os dois, ou algo totalmente diferente? Este mapeamento é importantíssimo para definir como seu bot deve se relacionar.
- Como seria sua marca se ela fosse uma pessoa? Quando pensamos no contexto de chatbots, é muito comum que foquemos como uma pessoa que possa atender alguma solicitação. No entanto, o assistente não precisa, necessariamente, ser um humano. As opções são inimagináveis: animais, objetos, plantas, ou até mesmo seres fictícios que representem seu negócio.
- Como sua marca falaria pessoalmente com seu público? Ela é uma marca que preza a positividade? Algo mais corporativo?
- Qual a principal função do seu chatbot? Ajudar a marcar viagens, procurando passagens aéreas? Ou auxiliar com despesas financeiras? Isso irá marcar como será a forma com que ele tratará o usuário e seu engajamento com o público.
Vamos colocar a mão na massa?
Pense como o usuário na formulação das perguntas
Dificilmente os usuários irão fazer perguntas extremamente estruturadas, como em uma faq. O mais provável é que eles usem uma linguagem extremamente coloquial, com possíveis abreviações e gírias. Eles irão falar com o chatbot de forma direta e, muitas vezes, deixar em aberto o que desejam.
No momento do treinamento, é de extrema importância que pensemos como um usuário (aí está o poder da empatia): imagine que ele está em uma correria enorme, sem tempo para escrever de maneira formal. Deve-se treinar o bot e verificar seu desempenho com o tipo de escrita que seu nicho de usuário possui, evitando que haja falhas na comunicação e o bot não entenda quase todas as mensagens enviadas.
Apresente-se e diga qual seu papel!
É importante que o usuário saiba qual o propósito do chatbot antes de iniciar a conversa. Isso fará com que ele possa ter uma conversa mais focada dentro dos objetivos estabelecidos, e não acabe por desestruturar o fluxo do chatbot devido à expectativas diferenciadas do que o mesmo faz.
São diversas as formas de apresentação possíveis. Em uma simples frase, você pode informar qual é o propósito do chatbot e o motivo pelo qual ele pode ser útil para o usuário.
Feito é melhor que perfeito
Montar fluxos grandes demais fará com que se gaste muito tempo com a criação de diálogos complexos na tentativa de tapar todos os buracos, sendo que na primeira conversa com uma pessoa externa, já serão encontrados no mínimo 5 buracos que estavam escondidos.
Com isso em mente, é interessante que o aprendizado do assistente seja planejado em etapas. Desejar que o mesmo seja especialista em um determinado assunto da noite para o dia é inviável e desgastante. Fazer com que ele domine pequenas partes de um contexto de forma gradativa é muito mais simples e fácil de obter métricas e validar seu conhecimento nos tópicos a ele atribuídos.
Outro ponto importante é que, desenvolvendo-se o chatbot por etapas, podemos validá-lo com os clientes mais rapidamente e verificar se o “mvp” satisfaz as condições estipuladas inicialmente.
Forneça sugestões, mas permita a digitação
Sabemos que há dois tipos de chatbots — os compostos por comandos e os de linguagem natural.
O chatbot por comandos possui uma série de instruções predefinidas para o usuário escolher, não sendo possível a escolha de funções diferentes das listadas.
Isso faz com que os usuários fiquem limitados quanto a opção de escolha, e não torne a experiência tão humanizada — embora ainda sejam muito úteis dependendo do contexto a ser trabalhado.
Ao trabalharmos com chatbots de linguagem natural, trazemos uma aproximação ainda maior com a nossa realidade. Temos a liberdade de enviar mensagens semelhantes às que enviamos para amigos e colegas em aplicativos de mensageria já existentes, tornando a experiência muito avançada.
É possível mixar ambas as funcionalidades. Trazer para o chatbot de comandos uma caixa de digitação que permita ao usuário dizer o que deseja, caso as opções que lhe foram fornecidas não o satisfaçam, ou o contrário — trazer para o chatbot de linguagem natural alguns comandos predefinidos que facilitem a conversação.
O que é importante, nos dia de hoje, é a pessoa possuir liberdade e agilidade.
Tá achando que acabou? Ihhhhh, achou errado, acabou não! 😄
A sequência continua! Tem mais dois artigos chegando! Está só começando! 🔥
Gostou? Deixa uma palminha para eu saber que esse artigo contribuiu em algo para você!