Um passeio pela vida de Anita Malfatti

Think Olga
bradesco
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3 min readMar 22, 2017
Tropical, 1917, de Anita Malfatti/ Foto: Isabella Matheus.

Quem foi Anita Malfatti? Quando ouvimos falar sobre a pintora, logo pensamos em uma figura tímida, quieta, muito diferente de outras artistas que se tornaram símbolo do Modernismo no Brasil, como Tarsila do Amaral e Pagu. Alguns podem até se lembrar que o autor Monteiro Lobato fez críticas duras ao trabalho dela, que impactaram profundamente a carreira da artista. Quando Anita expôs pela primeira vez, em 1917, suas obras chegaram a ser rasgadas e devolvidas logo após a publicação da resenha de Lobato. Para uma jovem artista, poderia ter sido o fim do mundo.

Anita tinha uma infinidade de razões para desistir. Nasceu com uma má formação no braço direito, que a impedia de usá-lo para pintar e escrever. Com muito esforço, passou a usar o esquerdo para trabalhar. Com a ajuda de um tio, estudou arte na Alemanha, ao contrário da maioria dos artistas brasileiros, que se inspiraram em artes francesas — e por isso, suas obras foram consideradas diferentes demais.

Mas não é exagero dizer que Anita foi revolucionária em muitos segmentos de sua vida. Além de adotar um estilo de pintura explosivo, com traços e cores nunca vistas, a forma como lidou com a desaprovação de Lobato e outros artistas é uma inspiração para nós, mulheres, até hoje. Quantas de nós não tiveram que lidar com opiniões sexistas sobre o que fazemos? Quantas não desistiram dos seus sonhos porque o caminho da mulher sempre é mais difícil? Pense em quantas pintoras célebres temos na história da arte e tente comparar com o número de homens que estão imortalizados como gênios criativos. Somos em minoria esmagadora em todos os setores, não apenas na arte.

Chanson Montmartre, 1926, de Anita Malfatti / Foto: Leonardo Crescente.

É por isso que reconhecer a importância de Anita é tão essencial. Hoje, compreendemos que a Semana de Arte Moderna de 22 só existiu por causa de sua coragem de continuar trabalhando no que amava. Como ela mesma dizia, atingiu o ponto de ser confortável consigo mesma a ponto de “tomar a liberdade de pintar a seu modo”. Mesmo introvertida, sua arte era pura explosão, uma verdadeira “festa da cor”. E esse é um dos seus maiores legados: ter coragem de inovar, desbravar e não desistir do que queria.

Visitar a exposição “Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna” é um passeio pela transformação da artista ao longo das décadas. É uma visita a suas paixões, amizades, temas e preocupações. E mais do que tudo, é um retrato de como a arte moderna floresceu no Brasil: pelas mãos de uma mulher destemida. Nós vivemos tudo isso a convite do Bradesco e recomendamos a visita.

Chinesa, 1922, por Anita Malfatti. Foto: Romulo Fialdini

Informações
Local:
Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque Ibirapuera
Horário:
De terça a domingo, das 10h às 18h
Até 30/04/2017

Ingresso:
R$6, gratuito aos sábados

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ONG de empoderamento feminino por meio da informação.