Yoko pede paz e (auto) amor

Think Olga
bradesco
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3 min readApr 10, 2017
Yoko Ono com sua obra Play It By Trust (Jogue na Confiança), versão para jardim, 1999. Foto: Synaesthete ©2009

Organize as alegrias e tristezas de sua vida em caixas, com pedrinhas. É com esse convite que fomos, em parceria com o Bradesco, na exposição de Yoko Ono, O céu ainda é azul, você sabe…, no Instituto Tomie Ohtake. Não haveria de ser de outro jeito: conhecida por sua arte interativa, Yoko pede ao visitante que, pouco a pouco, vá despindo suas emoções de formas que, provavelmente, nunca tentou. Pinte um quadro. Martele um prego. Conserte pratos quebrados. Caminhe por fotos de pessoas mortas na guerra. Escreva sobre sua mãe. Ame-se.

Ao longo de sua extensa carreira, Yoko foi muitas coisas. Quando pequena, estudou em uma escola de música que, até então, era restrita a garotos. Vinda de uma família rica no Japão, contrariou a vontade dos pais ao se mudar para Nova York e apostar em sua arte. Foi professora de artes japonesas, artista conceitual, lançou um livro, fez parte de um grupo vanguardista, casou-se, teve uma filha, separou-se — tudo isso antes de John Lennon sequer entrar em sua vida. Já era uma artista convicta, de grande complexidade emocional, conhecida por seus convites que não deixam nada na superfície.

Yoko Ono with her work Half-A-Room “Yoko Ono at Lisson: Half-A-Wind Show” Lisson Gallery, London, October 11 — November 14, 1967. Photo: Clay Perry © Yoko Ono

A arte de Yoko tem uma leveza de brincadeira, mas suas intenções são profundas. Em determinado ponto da exposição, um telefone anuncia: “quando tocar, saiba que sou eu”. A ideia de atender ao telefone e ouvir a voz da artista é mágica, especial — mas também faz referência ao telefone silencioso, à expectativa, à angústia pelo contato humano. Ao pedir que o visitante suba uma escada para encontrar a palavra “sim” com uma lupa (obra, essa, onde ela e Lennon se conheceram), ou aceite uma peça de quebra-cabeça com um pedaço do céu, Yoko apela tanto ao lúdico quanto ao inspiracional. Sua arte é grandiosa até nas miudezas. Nota-se que a artista já viveu e experimentou muito, e lida com alegrias e dores da mesma forma: transformando em arte.

E é por essa grandeza e profundidade emocional que Yoko consegue abordar temas pesados do feminino. A artista nos convida a lembrar da mãe como uma mulher, um ser sexual; ela pede que mulheres brasileiras vítimas de abuso fotografem seus olhos e contem suas histórias. Ela nos força a olhar para dentro ao colocar uma gigante árvore no meio da exposição, para que todos dividam seus pedidos mais íntimos.

Quando visitar a exposição de Yoko, lembre-se do amor. Ele está presente em toda a obra dela. Mas lembre-se que esse tema, que permeia sua obra desde a década de 50, é apenas mais uma peça no quebra-cabeça dessa grande artista. E esse quebra-cabeça tem as cores do céu.

Exposição O CÉU AINDA É AZUL, VOCÊ SABE…
Curadoria: Gunnar B. Kvaran
Abertura: 02 de abril de 2017
Visitação: até 28 de maio de 2017
Entrada: gratuito às terças feiras — ingressos R$12,00 e R$6,00 (meia-entrada)
Os ingressos podem ser adquiridos no site www.ingresse.com
Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 201 — Pinheiros — São Paulo- SP
Horários: terça a domingo, das 11h às 20h00
Tel.: (11) 2245–1900
www.institutotomieohtake.org.br

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