Episódio 21

Samuel De Carvalho Hernandez
brainstormfell
Published in
9 min readMar 30, 2021

O Volsectum e a Pedra Amarela.

Mais um dia nascia na cidade de Thatchum, ou algo do tipo. O Pequeno Halfling de Terraplana, o condado mais plano do mundo conhecido, Ligeiro Raiz, teve dificuldades para gravar o nome da cidade, mas o principal ponto de referência não era o nome, era o extraordinário acontecimento que despertava seus sonhos: uma ilha flutuante, meio montanha meio fortaleza mágica que está sempre recheada de tesouros.

Havia um monstro ou outro, é verdade, mas havia muito mais ouro, ah como havia, diziam os rumores. Estava decidido, não iria mais pegar dinheiro emprestado de seus parentes fofoqueiros: iria ficar rico indo para Highfell.

Chegando na cidade o céu estava comum, nada demais. Logo se arranjou numa taverna, junto com outros aventureiros: os experientes Snarf e Esteban, Billi (O’nário, como depois se evidenciou), um misterioso e baleado elfo com algum segredo sombrio, e seus companheiros de estatura: Baixinho raivoso, o Halfling mais bravo que ele já viu e Dwarfecliton. Respetivamente, um primo distante e um Anão muito mal encarado.

Logo o Snarf e Estevam oferecem comida para os novatos e para Billi. Saulo o taverneiro local, que pelo que o halfling percebeu era velho conhecido de todos, oferece um trabalho que não parece muito vantajoso. O nanico não conhecia nada, mas pelo que o povo disse, não parecia legal não. Mas Snarf e Estevan se mostraram como bons patronos, oferecendo uma outra oportunidade: extrair enxofre de uma fonte ainda desconhecida e inexplorada, em uma aventura que não envolvia subir em highfell, mas que parecia bem mais vantajosa para os iniciantes, uma vez que disseram que só a ida pra highfell custava em torno de 50po. Ligeiro Raiz nunca tinha nem visto essa quantia em toda a sua vida. Baixinho, Dwarfecliton (esse idioma anão é complicado, e o halfling tinha dificuldades de pronunciar esse nome, assim como a cidade, thatchum, thcathcum, ou algo do tipo). Parecia um bom negócio, e a oferta decisiva foi a cobertura de todos os gastos de alimentação por parte dos contratantes. Isso foi decisivo.

Topada a empreitada os aventureiros se preparam: rações, água, roupa de frio por que o frio tava lascando a todos. Os mais experientes fazem transações mais ousadas, armadura no preço de um castelo! Tapetes no Preço de 10 cavalos, que o vendedor jurava que voava! O Sr Raiz ja não duvidava de mais nada a esta altura. Antes de sair da cidade ele vê que seu contratante, e doravante patrão Snarf, contrata ainda mais 3 homens, Gotardo do Tridente, Belquior, Auridete, e o Elfo sr, O’nário, um quarto, Valdomiro. Todos prontos, as portas da cidade o generoso sr Snarf paga adiantado o combinado: 100po mais divisão total do que for pilhado, exceto o enxofre e uma futura ida para highfell.

A viagem é tranquila, exceto pela visão de homens do imperador que arrastam o corpo de um antigo conhecido dos aventureiros experientes. Se o Halfling ouviu certo, ele se chamava Marcelo. Sentiu pesar por um conhecido deles terminar nessa situação. Mas não ousou manifestar. Seguindo por alguns dias chegam á uma próxima cidade. Segundo os contratantes, nesta cidade eles teriam mais informações sobre o local onde seria feira a exploração. Ao chegar lá, Billi parece se sentir desconfortável mas todos seguem para uma taverna. A Taverna do senhor Glutão exala fartura e exagero. Um frequentador se gabava de estar bebendo a um dia e meio, e sem sinais de que iria parar. Ao se acomodarem numa mesa, antes mesmo do pedido Ligêro Raiz já ajeita seu lenço no colarinho da camisa esperando o alimento. Negociam uma refeição com muito bom custo-benefício: pés de frango para todo mundo, e isso anima os espíritos dos andantes. Após a refeição Snarf conversa com o senhor Glutão questionando sobre uma lugar com pedras azuis, aves assassinas e forte mal cheiro, o senhor que provavelmente não se levantava do banquinho em que estava a alguns dias o orienta: seguindo mais a oeste e passando os fiordes, logo depois do quarto fiorde, lá pode-se encontrar esse local. Questionado por um dos aventureiros se ele não toparia os acompanhar ja que ele conhecia o local ele educadamente responde: nem fodendo.

A esta altura decidem permanecer esse último dia na cidade do Limiar, enquanto o irrequieto e mal encarado anão Dwarfeclison decida ganhar algum ouro pela cidade. Ele verifica que estão pagando 50 po para cada dia trabalhado quebrando pedra. Ele topa, e enquanto isso descobre uma valiosa informação: existe um atalho para o local em que eles estão indo. Um dos fiordes é ligado a outro, e é possível cortar caminho pelo subterrâneo. Claro que esta trilha tem seus problemas, como bandoleiros que cobram pedágio e etc, e mas ainda assim se economiza um bom tempo de viagem. Ao retornar e contar aos companheiros as novidades, os aventureiros concordam que é a melhor opção. Preparam mais algumas coisas: negociam carroças e proteção para o frio para os animais que a puxarão, Mulas e um Jegue, negociam a cobertura da carroça com lona, preparam tábuas para eventualidades geográficas que impossibilitassem a passagem da carroça, garantem mais comida, água, e um barril de carne com gordura pois não se sabe como serão as coisas. Tudo preparado, aventureiros prontos, animais alimentados, carroça pronta e devidamente coberta, empregados em frente, e seguem viagem.

Se aproximam do primeiro fiorde e verificam um grupo de pessoas que parecem mercadores, que logo somem ao longe parecendo adentrar um túnel subterrâneo. Identificam lá o início do citado atalho identificado pelo Mal encarado Anão. Avançam e entram. A temperatura vai mudando, e logo os animais precisam ser descobertos, e aventureiros tiram seus trajes de inverno. A escuridão é insana, e ouvem conversas e risadas à frente, que ecoam pelo túnel onde seguem. Uma hora vêem um grupo de humanoide pequeninos que logo identificam como gnomos, um grupo bem precário, é verdade, que pedem pedágio: 10 po por cabeça sem negociação. Snarf chora com eles sobre esse pedágio e acerta uma quantia menor. Aproveitando que eles estava mais solíticos após o tilintar do ouro os aventureiros ainda negociam uma espada curta de prata para Snarf, e mais um cantil de água, além de descolarem a informação de que os misteriosos Volsectums são os verdadeiros donos do local. Seres estranhos e gelados, que só podem ser feridos por prata, e que pedem grandes quantias para quem transita pelos túneis. A voz dos gnomos era horrível. Eles abrem passagem e a caravana segue.

Seguindo em frente um grande salão se abre, com tochas iluminando, com paredes forradas de seteiras. O ambiente é claramente hostil. Uma voz que sai de um local na parede diz: “Aventureiros! Vocês que passam por aqui, devem pagar o devido pedágio para passarem com vida!” Ao ser questionado pelo valor a voz logo diz: 100 po por cabeça. Snarf toma o tempo da voz misteriosa enquanto o sr. Raiz tenta sorrateiramente se aproximar de onde vêm a voz, mas logo é percebido. Depois da negociação uma condição é dada: podem também deixar alguém como pagamento. O Clima fica tenso. Sr Raiz logo exclama: “Sr Snarf, não tem jeito, temos que voltar por onde viemos, não há outro caminho”. Snarf negocia uma pequena quantia como pedido desculpas pelo incômodo e logo eles vão retornando. Retornando e pensando sobre o que fazer para que o investimento não sejam em vão, se deparam com algo brilhante no chão. O Ligero Raiz se aproxima e o brilho se revela uma pedra com uma runa. Cuidadosamente a cutuca com o pé, e nada o corre. Então se abaixa e a pega. Logo percebe que ela diminui o peso carregado. Os outros suspeitam que este local deva ter algo mais, e começam a tatear e olhar as paredes. Ao fazer isso, Ligero Raiz percebe um contorno em forma de porta que se desenha em uma parede, com um buraco do tamanho de uma moeda no meio. Um empregado coloca uma moeda, e esta porta começa a abrir para dentro, mas logo depois começa a retornar. Os aventureiros rapidamente se jogam para dentro deixando alguns empregados tomando conta dos animais e da carroça, mas antes da porta fechar, Baixinho Raivoso a emperra com bolas de gude, impedindo-a de fechar e garantindo a passagem para todos.

Ao adentrar os aventureiros se deparam com uma ampla sala iluminada com uma tocha, à frente estava uma estante com armas, à direita na parede norte uma estante de livros ladeada por duas poltronas, e a esquerda, na parte mais escura formas humanoides. Snarf conversa com o que quer seja que lá exista, que se apresenta como o Rei do Universo. “Eu sou Carlos Bosta, o Rei do Universo e que Conheço Tudo” “Já que conheces tudo ó grande rei, onde podemos encontrar ouro, prata ou enxofre por essas bandas?” O sujeito era completamente insano, e logo se verificou que ele era um prisioneiro: ao iluminar a área ele era o único sobrevivente dentre outros, que estavam recém mortos, em um estado completamente calamitoso. O caridoso Snarf dá a ele água e cobre seu corpo enquanto que os outros começam a esvaziar a sala, pegando livros e armas, e outros ainda começam um minucioso exame. Ao verificar a estante de livros na parede norte, Ligêro Raiz descobre outra porta no mesmo formato da anterior. Um pequeno debate ocorre mas todos querem ver o que esta porta esconde, e logo esquecem do coitado Carlos Bosta, Rei do Universo.

Um empregado coloca a moeda lá, e a porta logo se revela um covil de criaturas que os mais experientes indicam como os temidos Volsectuns. Baixinho Raivoso que havia comprado algumas flechas de prata as divide, uma para cada, entre Estebam e Ligero Raíz, ao mesmo tempo Snarf se lança à frente da porta impedindo-a de abrir com sua grande força. Três golpes de espadas resvalam próximo a ele, mas nenhuma sequer o arranha (embora o suor frio se fizesse presente). Os outros se afastam para a porta por onde entraram enquanto Snarf grita para que eles fujam. Bolas de gude, ânforas de óleo acesas e tochas, armas prontas, tudo à mão conforme recuam. O plano é tácito e claro: se afastar enquanto Snarf segura a porta, e quando ele soltá-la e fugir, arremessar, ascender, golpear, disparar tudo o que está preparado para em seguida… correr desesperadamente.

Todos estão prontos em posição de recuo, e lâminas frias rasgam a pele de Snarf. Golpes suficientes para matar ou três iniciantes, mas a sorte estava com ele, e ele permanece de pé, apesar do frio da lâmina que gela a alma e a vontade da vítima. Quando percebe que situação está insustentável saca sua espada de prata negociada com os gnomos e rasga a carne de um dos demônios. Apesar de parecer físico, é como se acertasse fumaça e água. O bicho cambaleia e Snarf inicia sua fuga. Billi já estava lá fora vazando com seu Jegue, e assim que Snarf sai do raio de ação da artilharia de parafernália dos aventureiros tudo é arremessado e a sala e corredor se tornam um alvoroço de gritos e blasfêmias em línguas antigas e esquecidas, potes de vidro e cerâmica quebrando, fogo, óleo incendiado respingando nas paredes enquanto bolas de gude rolam no meio de óleo acesso e setas disparadas voam. Isso os alivia por um tempo, mas não dá para carregar nada: carroças, mulas e jegues ficam para trás, e eles começam a correr tanto quanto podem.

Correr no calor do subterrâneo é pior, e o ar quase não existe, mas as maldições e imprecações maléficas das línguas antigas continua os perseguindo, ecoando pelos corredores. Os aventureiros mais carregador, Estebam e Snarf ficam para trás e são os que mais sentem a espinha gelar com a aproximação dos monstros. Não sabem a quanto tempo correm, e nem por quanto tempo ainda o farão. Quando não é mais possível correr, fazem uma última curva, preparando-se para lutar até a morte certa quando vêem a luz do dia, e as vozes perseguidoras somem. Respiram, enquanto agradecem por suas vidas e fazem a viagem de volta, que apesar dos problemas não é nada comparado ao que passaram na caverna. Levam consigo alguns livros e armas, e chegando de volta, vendem tudo e dividem o ouro.

Enquanto descansam ao chegar na cidade, não sai da mente deles a ultima coisa que chamou atenção antes do ataque dos Volsectuns: um grande quadro de um Imenso dragão negro, feito com o maior esmero, e da semalhança desse dragão com o brasão usado pelos monstros.

Texto por Romulo Porto

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