Porque eu acabei com meu blog

Pedro Turambar
4 min readOct 6, 2015

E porque essa é uma decisão que irá me fazer produzir muito mais.

Eu comecei a blogar em julho de 2007, com um objetivo muito claro na minha mente: aprender a escrever escrevendo com regularidade. Com isso eu queria escrever uma história, que inicialmente seria um fanzine — co-criado com meu irmão — e queria escrevê-la bem. Quando concebi a ideia inicial da aventura épica num futuro distópico e distante, eu a dividi em três momentos, ou seja, uma saga.

A saga se chamaria O Crepúsculo.

Portanto, no momento de nomear meu blog, nada mais óbvio. O que poderia dar errado, não é mesmo?

Se eu fosse inteligente, teria identificado que, tendo o domínio que tinha — ocrepusculo.com — eu poderia simplesmente transformar meu site no maior portal sobre a saga de Stephenie Meyer do mundo. Sendo que, provavelmente, eu não teria trabalho algum (não seria dificuldade alguma encontrar colaboradores dispostos a escrever sobre isso), ganharia uma boa grana, e venderia o domínio no auge.

Só que eu não tinha maturidade o suficiente para encarar a coisa dessa forma, e preferi lutar contra o que eu achava (ainda acho) uma obra bem fraca e sua legião de fãs. Pois bem, essa época veio e foi-se. Fiz grandes amigos, tive milhões de visitantes únicos nesses oito anos, milhares de comentários, leitores fiéis.

Só que o blog se tornou um estorvo para mim, por vários motivos:

1. Let it go

Você tem que saber a hora de desapegar de certas coisas. Em oito anos, eu me dediquei exclusivamente ao blog durante uns 5 meses, no máximo. Fora isso, foram anos de "vou voltar", "vou criar uma agenda", "vou fazer o blog crescer", "vou me dedicar". Eu nunca consegui fazer isso, e a frustração que isso gera é imensa. Eu achava que o motivo era que eu não tinha a capacidade de fazer isso.

Eu, mais uma vez, havia entendido erroneamente qual era o problema.

O Crepúsculo nunca foi o blog que eu queria que ele fosse. Talvez durante um breve momento em que Naya, Diego e Neto escreviam lá junto comigo. Foi a época de melhor conteúdo, o blog tinha alma, tinha um propósito, tinha todo um universo ao redor dele.

Eu nunca entendi que o blog era aquilo e que, uma vez findado o ciclo, eu deveria ter seguido em frente.

2. Oito anos de sujeira e problemas

Desde o primeiro dia que eu comprei o domínio e contratei uma hospedagem eu tive problemas técnicos com o blog. Gastei uma montanha de dinheiro durante todos esses anos para ele ser bonito, funcional, bacana, interessante e convidativo.

Consegui durante um pequeno e breve momento. Nunca estava satisfeito. Passei por malware, arquivos corrompidos, falhas e mais falhas — nada simplesmente era compatível com meu blog.

Se essa razão aqui não existisse, eu nunca deletaria de vez o blog. Você faz ideia o quanto custa manter um arquivo desse tamanho (e com essa complexidade) num servidor? Não vale a pena para mim fazer isso. Com tudo que o Crepúsculo gasta hoje, eu poderia colocar em prática o meu site pessoal, com mais dois blogs, que não chegaria perto do que ele ocupa.

Tecnicamente é um suplício mantê-lo no ar.

3. Uma questão de conceito

Música, quadrinhos, cinema, séries, redes sociais, propaganda, nostalgia, crônicas, contos, comunicação, humor, política, futebol, ativismo, cultura, sociedade, cotidiano…

Ao não conseguir definir O Crepúsculo, eu simplesmente falava de tudo. E eu já escrevi coisas lá que me arrependo, porque eu tinha uma outra cabeça, não tinha consciência alguma e escrevia mal. Reeditei metade dos posts, deixando certas coisas preconceituosas, machistas e homofóbicas de propósito, com um disclaimer e um lembrete para mim mesmo. Uma lembrança de que é possível evoluir e nunca, jamais, esquecer o tipo de pessoa que eu já fui.

Era importante ter isso lá, mas isso também já passou, não preciso mais dessa lembrança, já a levo comigo.

Ao mesmo tempo, toda vez que vou escrever algo para o blog eu travo. Consigo pensar uns 10 sites em que posso enviar e publicar o texto antes de mandá-lo para o Crepúsculo. Isso só quer dizer uma coisa:

Não tenho mais nenhuma utilidade para meu blog.

4. Não perderei nada importante

O blog já me rendeu tudo que tinha que render: Amigos, oportunidades, conhecimento, experiência, habilidade, técnica e ótimos momentos de diversão…UM LIVRO!

Caso você não conheça: clique aqui.

Sim, eu escrevi um livro de crônicas. Reescrevi, reeditei e compilei vários posts em um livro, publicado de forma independente. Outro ponto de virada, que eu não percebi.

Até porque, nada vai se perder de verdade. Eu não vou apertar o botão "erase the porra toda" e sairei olhando para câmera enquanto tudo explode atrás de mim. Os textos estarão guardados, os posts, tudo certinho. De tempos em tempos postarei novamente os que eu acho que tem alguma serventia.

5. Alvorada

Acabar com o Crepúsculo não quer dizer que vou para de blogar, de escrever, de fazer o que eu amo. Muito pelo contrário. Não conseguir escrever nele me frustrava e eu desistia fácil diante da página em branco, porque nada se encaixava mais.

Eu vou continuar escrevendo no formato blog no meu site pessoal: turambar.com.br (sim). E transformarei, enfim, O Crepúsculo que eu sempre quis em realidade, através do cronicasdocotidiano.com.br.

Fora isso, continuarei escrevendo para o Papo de Homem, sempre que aparecer uma pauta. Vou começar a contribuir para o Puro Pop — que inclusive terá podcast com eu aqui participando — falando de entretenimento. Além do Medium e da newsletter que continuará firme e forte.

Nunca antes estive tão animado e motivado!

:D

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