Migrar de carreira é tão difícil assim?

Como fui de Jornalista a Product Designer em um ano com 10 dicas para você fazer sua transição sofrendo menos do que eu neste processo.

Júlia Vasconcelos
BRAVAS In Tech
7 min readJun 27, 2024

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Resumo do Resumo GPT: Minha paixão pelo Jornalismo virou desilusão e me fez a migrar para UX Design após redescobrir o Web Design em um estágio. O TCC sobre migração de jornalistas e networking me ajudaram a conseguir minha primeira vaga. Agora sou Product Designer. Dicas principais: networking, saúde emocional e proatividade são essenciais.

Em junho de 2023 oficialmente migrei para UX Design, um ano após começar a migrar para a área. Porém, essa transição foi muito mais complexa do que parece. Meses de incerteza, sentimento de desilusão, um Trabalho de Conclusão de Curso e um quase Burnout me levaram para um novo rumo: o design de experiência do usuário.

🌱 Como tudo começou…

Desde criança, sempre amei escrever e aos 17 anos a rota mais obvia pareceu ser virar Jornalista. Entrei na Universidade Federal de Pernambuco no curso de jornalismo, porém, entre o segundo e terceiro ano de curso, percebi que muitas das vagas disponíveis eram pra marketing e redes sociais, áreas que não despertavam mais meu interesse. Criei uma aversão crescente a cada dia, junto da sensação de desilusão com a carreira que eu havia escolhido.

Fotos no periodo da graduação e no dia da matrícula após o vestibular. Eu era (e ainda sou!) apaixonada por fotojornalismo!

Foi então que, em um estágio de Growth Marketing no início de 2022, tive a oportunidade de trabalhar com Design, construindo MVPs e protótipos. A experiência reacendeu a chama de um antigo desejo: aos 12 anos meu sonho era ser Web Designer e eu quase prestei vestibular pra área no ensino técnico.

Percebi, finalmente, que escrever era um amor que eu talvez não devesse ter transformado em profissão… E então decidi que precisava migrar de carreira.

Imagina o desespero? Não nasci em uma família rica; muito pelo contrário. Comecei a trabalhar aos 13 anos, dando aulas de reforço para crianças mais novas que eu. Minha mãe? A primeira mulher da família a conseguir uma graduação aos 43 anos e abriu portas para que eu fosse a primeira a ingressar em uma Universidade Federal, logo após estudar em um Instituto Federal.

Naquele momento, eu tinha um emprego em comunicação em uma startup que lidava com questões de Gênero e Mobilidade Urbana. Apesar de ser um cenário ideal (trabalho garantido pós formatura, salário melhor que a maioria e oportunidade de gerir a comunicação de algo que eu acreditava), as perspectivas profissionais no setor de comunicação sempre me deixavam aflita.

Trabalhei muito até alí. Anos sem férias. Não podia jogar fora a graduação só porque sentia que aquela não era a profissão que eu queria. Eu a enxergava como minha única chance de “dar certo”. E, dependendo da sua posição social e contexto de vida, também não recomendo largar a graduação sem um bom plano B.

Então, criei um jeito criativo de me encontrar, terminar minha formação e conciliar vida e trabalho.

👣 Os primeiros passos rumo a nova carreira

Meu TCC, uma série de reportagens sobre o panorâma do jornalismo e profissionais que migraram para UX Writing. Leia aqui.

Com a certeza de que queri continuar trabalhando em algo que me permitisse ajudar pessoas através do mundo digital, encontrei o mundo do UX.

Comecei a estudar sobre ainda no início de 2022 e, em maio, ganhei uma bolsa de um curso de UX Writing pela The Starter. Naquele ano comecei a trabalhar também no meu TCC, que se tornou minha segunda movimentação oficial para migrar de área.

No meu projeto de pesquisa busquei entender como estava o mercado de trabalho para os jornalista e conhecer como foi a migração de área de alguns profissionais para a área de tecnologia, com foco em UX Writing. Escolhi writing devido a correlação entre o jornalismo, uma vez que a profissão que vinha atraindo cada vez mais jornalistas.

Optei por fazer uma série de reportagens para ampliar o alcance do estudo. Meu objetivo era triplo: trazer uma nova visão de mercado para outros estudantes, conhecer mais o universo de UX e ampliar o meu networking.

Foi meu jeitinho jornalístico de explorar novos horizontes.

Se você está curioso para ver o resultado desse trabalho ou também é um estudante ou profissional de jornalismo perdido como eu fui, as reportagens estão disponíveis na íntegra aqui.

🎓Um diploma nas mãos e os dois pés fora do Jornalismo

Algumas imagens deste período: Participando de Bootcamps de UX, Mudança para Belo Horitonte, Formatura em Jornalismo, Minha primeira proposta de emprego como UX/UI e meu primeiro projeto no trabalho como UX/UI Design.

Um mês após me formar, estava de mudança para Belo Horizonte. E, obviamente o caos dos últimos meses pesou bastante no emocional. Com um trabalho que não me satisfazia mais, crises de ansiedade e muita incerteza, precisei reconstruir tudo que eu era. Mas esse assunto fica para depois.

Foi somente com muito apoio dos meus pares que criei coragem para deixar a comunicação social e migrar para UX/UI Design. Logo em seguida, consegui minha primeira oportunidade naquela mesma startup em que reencontrei minha paixão pelo design, em 2022, para atuar com Visualização de Dados para produtos de Business Intelligence e Inteligência Artificial. Uma vaga que só consegui cultivando um bom networking e entregando bons trabalhos por onde passei.

Hoje, trabalhar com UX Design me permite continuar ajudando pessoas através do mundo digital, algo que sempre foi uma prioridade para mim. Cada projeto desenvolvido é uma oportunidade de melhorar a experiência das pessoas usuárias e tornar a tecnologia mais acessível e intuitiva para todos.

Então se você também está passando pelo processo de migração, aqui vão alguns conselhos:

  1. Cultive um networking de longo prazo onde quer que você esteja. Independente de onde você conheceu a pessoa ou de quanto tempo não trabalha mais com ela, é extremamente importante se fazer presente e contribuir para ser lembrada nos momentos em que precisar. E, claro, quando ela precisar também. Foi assim que consegui alguns empregos nessa vida!
  2. Cuide do seu emocional. Se você está desejando migrar de carreira já imagino que talvez sua saúde mental não esteja tão bem assim (rindo de desespero). O proceso é difícil sim, mas não precisa ser sofrido e doloroso. Então buscar ajuda profissional e encontrar pessoas para te apoiar nesta jornada é essencial para não desistir. #MeMandaUmOi
  3. O que você ama fazer não precisa ser sua profissão — e tudo bem. Esteja aberto para encontrar as tarefas que você gosta de executar (ou que tolera, se for o caso) dentro de áreas que te permitam crescer sem sofrimento emocional durante o processo.
  4. Conheça bem a área que você quer entrar. Às vezes temos uma visão muito idealizada da profissão que desejamos. Por isso, converse com quem já está nesta realidade para esclarecer as tarefas diárias, requisitos e habilidades a fim de definir os passos que você precisa seguir para chegar lá também.
  5. Identifique suas habilidades “universais”. Muitas das coisas que aprendemos em uma carreira é aplicável em diferentes áreas. Conheça elas e valorize tudo que construiu até aqui! Nada é perdido neste processo. No meu caso, saber como escrever bons textos, entrevistar e contar histórias foi crucial para minha transição para Product Design.
  6. Desenvolva seu plano de carreira a partir dos requisitos necessários. Agora que você já entendeu o que você já tem e o que precisa ter, é preciso mapear como chegar lá. Idependente de onde estiver, lembre-se sempre que o dono da sua carreira é você!
  7. Crie um cronograma de estudos que envolva a aplicação prática. Muita sabe bem onde quer chegar, mas fica apenas no estudo teórico e não consegue desenvolver um bom portfólio para alcançar seus objetivos. Por isso, recomendo construir seu plano de estudos com base no seu plano de carreira e executá-lo enquanto põe a mão na massa. Muitas vezes você só precisa saber fazer o básico bem feito.
  8. Invista recursos em treinamentos. E com recursos não estou falando apenas de dinheiro, mas sim (e principalmente) de tempo! Sair de uma área para entrar em outra exige um grande comprometimento para desenvolver e melhorar habilidades técnicas, sociais e emocionais. Você consegue encontrar muito material gratuito disponível na internet que vai te ajudar a dar os primeiros passos demandando somente sua disponibilidade.
  9. Seja corajoso e cara de pau. Sim, cara de pau! Mudar de carreira é desafiador e até mesmo assustador, mas é importante ter persistência e perder a vergonha de entrar em novos ambientes e falar com novas pessoas. Somente assim você poderá chegar em lugares inesperados.
  10. Seja ativo na comunidade. Encontre redes colaborativas de UX e faça parte. Colaborar com outras pessoas, entrar em eventos, cursos, trabalhos voluntários e outras ações online podem te ajudar a abrir portas para sua primeira oportunidade.

Participe da Comunidade de Tecnologia BRAVAS In Tech

Por falar em comunidade, sou Fundadora da BRAVAS In Tech, criada para valorizar, impulsionar e promover a conexão de meninas e mulheres que querem ingressar ou já fazem parte do mercado de trabalho no setor de tecnologia.

Então se você é de programação, design e produto, ciência de dados, cyber segurança, jogos, redes e cloud, qualidade ou áreas relacionadas da TI, faça parte!

Em que momento da sua transição você está agora?

Me chama para conversar no meu LinkedIn. Quem sabe posso te ajudar neste processo?

Outras formas de entrar em contato comigo são meu email contatojuliavasconcelos@gmail.com e o meu site juliavasconcelos.com.br

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Júlia Vasconcelos
BRAVAS In Tech

UX/UI Designer graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco. Escreve sobre vida, carreira, tendências e pautas de gênero.