Mutirões comunitários transformam a comunidade rural de Lagoa da Baixa
Por Bernardo Carvalho, fotógrafo voluntário da BrazilFoundation
Há apenas dez anos, a população de Lagoa da Baixa precisava precorrer de cinco a sete quilômetros por dia para ter acesso à água potável. A comunidade localizada no município de Cansanção, Bahia, na região semiárida do Brasil, tem um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do Estado.
Graças a um movimento de jovens lideranças locais, Lagoa da Baixa está passando por uma grande mudança. Com um modelo socioeconômico baseado na mobilização social e na colaboração, a Associação dos Pequenos Agricultores está transformando agricultura familiar e revigorando a comunidade.
A união faz a força:
A transformação vem do trabalho colaborativo, também conhecido como mutirão. Por lá os moradores trabalham para ajudar uns as outros voluntariamente, sem qualquer dinheiro envolvido, tudo para o benefício comum da população local.
A associação envolveu 60 pequenos produtores rurais da região na criação de quatro roças produtivas comunitárias e na criação de suínos, caprinos e galinhas caipira. O resultado deu tão certo que o grupo entrou para o programa de aquisição de alimentos da prefeitura, aumentando significativamente a renda das famílias.
A fazenda de ovelhas de Danilson, por exemplo, é administrada por ele com a ajuda de vizinhos voluntários, grande parte deles são jovens interessados em aprender seu ofício. “É uma troca!”- diz ele.
Com apenas 21 anos, Maurício Dias orienta e ajuda os produtores a diversificarem a produção agrícola, de acordo com as necessidades comerciais e individuais.
Co-fundador da associação, ele é formado em engenharia agronômica e também é um forte defensor da educação e geração de emprego.
Os dados mostram que mais de 89 % da população de Cansanção é dependente do Bolsa Família. (DATASUS , 2012)
A vida no Sertão do Brasil:
No sertão nordestino, onde Lagoa da Baixa está localizada, os períodos de seca são muito frequentes — um pesadelo para quem vive da terra.
Enrique Morales do Santos, conseguiu recursos para a construção de uma cisterna com capacidade de 52.000 litros de água, garantia de renda o ano todo. Desde então, ele pode plantar uma grande variedade de legumes como coentro, alface, repolho, cenouras, cebolas e pimentões.
“A construção da cisterna era um sonho meu e da minha família. Hoje nós conseguimos tirar o sustento da própria terra”, diz ele.
Gilvania Borges cria galinhas caipira desde que começou a trabalhar com a Associação dos Pequenos Agricultores. São mais de 100 galinhas.
“Meu sonho é continuar a criar galinhas. Quando eu terminar de vender este lote, vou comprar outro”, ela diz.
Maicon de Jesus Neto também sonha em um dia ter sua própria granja. Enquanto isso, ele ajuda os produtores rurais voluntariamente, como muitos na comunidade.
Migração de jovens para grandes cidades:
Criar oportunidades para que os jovens fiquem na cidade é o principal objetivo de todo o esforço e da grande corrente de colaboração instituída pela Associação dos Pequenos Agricultores. A falta de espaço para qualificação e de trabalho, faz com que os jovens migrem para grandes centros, sem educação, sem dinheiro e sem documentos adequados.
Luciano da Silva, um dos líderes da juventude local, encoraja as pessoas a procurarem emprego na própria região.
Ele compartilha seus conhecimentos com os colegas, apresentando novas possibilidades de trabalho.
Sua gama de habilidades profissionais inclui: trabalhos de alvenaria, agricultura, produção suína e ele sabe até como cortar cabelo!
De olho no futuro:
A Associação dos Pequenos Agricultores quer expandir ainda mais a sua produtividade agrícola e aumentar a renda familiar na área. Depois de criar os mutirões colaborativos e melhorar a renda dos residentes locais, os jovens líderes buscam apoio financeiro e técnico para chegar ainda mais longe. Eles acreditam que o conhecimento e experiência adquirida pode servir como um exemplo para todas as comunidades do entorno.
Como você pode ajudar a fazer a diferença?
A Brazil Foundation investe há 15 anos em muitos projetos e ações sociais como a Associação dos Pequenos Agricultores da Comunidade de Lagoa da Baixa. Com o seu apoio podemos chegar ainda mais longe e financiar um número maior de iniciativas sociais transformadoras.
