A incerteza do devir

JoJo
Brazilians in Tech
Published in
6 min readDec 22, 2023

Queridos leitores do Médium e da Brazilians in Tech .

Ó eu aqui de novo…

Vamos ao infortúnio da mente, ao deleite da insanidade!

Texto escrito por Joana Dias

Fonte: Gerd Altmann, Pixabay

Tenho vivido sob tantos dilemas sociais, acadêmicos, morais e espirituais... E no meio disso tudo, tenho sido eu. Eu mesma? E quem sou nessa trajetória de me tornar?

O sentido de minha existência se constrói no cotidiano de minha monotonia. Oras, se considerar a premissa existencialista de que "a existência precede a essência" , eu estou em definição no momento em que eu existo... Além disso, a liberdade de minha escolha me confere o infortúnio das consequências de minhas decisões. Ponderar sobre esses tais pensamentos sartrianos me faz questionar… Sou o que faço? Ou sou o que penso? Como faço para convergir?

Confesso que o exercício diário de me ser tem sido uma boa experiência de viver: é notório que esse ter que ser tem sobreposto em certos momentos o precisar ser. Tenho que ser racional, mas preciso ser se a emoção fluí em meu corpo? Estou em um processo intríseco de combustão emocional, necessito liberar sensações . É uma troca entre o receber e o doar. Conflitos entre a essência e o destino. É o fim de ano chegando...
Diante da semente perdida no meu jardim, preciso semear para florir; bem sei, não tenho sido terreno fértil para os sonhos que existem em mim. Logo, como hei de germinar?

Tantas vestes estou a despir ao se aproximar da face que realmente me identifica. É uma descoberta constante me reconhecer tal como sou. Ainda assim, não me conheço. Não por completo (e nunca saberei, de fato). Há diferentes variáveis dependentes da função "eu sou". Ao breve estado em que me encontro. Estou presa ao dispôr de mim aos simples momentos em que vivo ou vivi.
Há subterfúgios. Substituições completas e parciais. Entretanto, é nesse ponto que a moral e que a ética me convidam a reflexão: o caráter íntegro de um ser social.

A questão é que ao escolher viver o agora, deparei-me com uma decisão que acarretou em minha vida tantas concessões. Quando disse "cursarei engenharia química" disse "sim" a tantas outras situações. Como a cada disciplina que iria cursar, a cada prova que teria de fazer e a cada tempo que seria gasto em usufruto de minha formação. É claro que eu sabia disso, apenas não tinha me dado a noção. Por isso, não me desmorono, mas me edifico ao decorrer de cada pequena vitória. Porque as chances não estavam ao meu favor... É só tomar nota de meus antecedentes frente as probabilidades. Qual é?

Breve apresentação ( JoJo )

Estatisticamente, eu estava bem longe da média de que daria certo. Às vezes, essa decisão me corrói. Ainda posso estar dentro do fator que mais se repete: o trancamento ou até mesmo a evasão do curso, isso nem é moda.
Considera-se avaliar as tendências do ambiente acadêmico na busca de minha predileção o que pode me ajudar a tomar a direção, contudo somente a análise detalhada de mim fará eu ter a ciência dos dados. Poderíamos relatar as informações, porém é tedioso. Sinceramente, desagrada-me o lamento. Lanço apenas a discussão os itens abaixo para que saibas que não está sozinho. Sou parte sua também.

Estados de minha matéria ( JoJo )

De fato, somos um só: o conjunto de algo maior. Mesmo os descrentes de alguma divindade, hão de concordar com a premissa da composição natural. Componentes da natureza, somos. Se quiser medir, tome posse de um paquímetro e meça.

Primeira aula prática - Disciplina Física Experimental I

Pequenas peças na composição de algo distinto e maior... Perfeita semelhança nesse universo a disposição. Somos galhos de cada mensagem deixada. Ramos a fazer conexões dos antepassados com o amanhã através de lições em expressão. Assim, depois de tudo isso, não haverei de ser novamente a mesma. Já entrei, já foi. Porque eu pude compôr a turma, eu pude sentir a alegria em mim no aprendizado de cada conteúdo novo... Eu fui, eu sou...

Embora haja o êxtase do encontro ao caminho do lecionar, de minha jornada em me encantar com esse universo acadêmico em desafio. O que me traz aqui é o meu recuo. Simplesmente, pisei no freio e voltei. Como assim?
Oscilei! Fora da minha posição de equilíbrio é evidente dotada da timidez que me aflige. Vítima de um fenômeno banal. De súbito, eu disse não. O não surgiu mais rápido que o sim. Por ser mais leve e conferir menos responsabilidade, o não torna-se constante. Não é drama se adotar o poder do vocábulo. Eu dispensei a oportunidade de permitir ser instrumento da palavra, ou vice-versa.
Apesar de ter parecido indolor, não foi; porque a energia ainda está concentrada em mim. Como artista, eu fico enraivecida sim. Uma vez que, não posso voltar ao 'não' e até mesmo dizer 'não' de novo (ou posso?). Fazia um tempo que esse fenômeno de "travar" não me acontecia;
Como pude evitar de recitar? Eu poderia e queria fazer isso, mas não fiz. É engraçado, posto que ser solícito as aventuras do mundo foi o que me trouxe exatamente aqui. O problema foi pensar demais, ao invés de somente realizar. Fato explícito: o indivíduo fora acometido de um certo constrangimento. Pronto. Bem sei, isso não se repetirá mais. Talvez, nem mesmo a oportunidade virá a ocorrer novamente... Fazer o quê? Fui tola!
Pude aprender no errar. Estou aqui para isso mesmo. Concedo-me tal liberdade. Quem nunca hesitou? Logo de início mesclar a escrita com a engenharia química apresentou-se bobo. Mas por ironia das minhas afinidades de estudos é prazeroso. Infinito. Relatar os algarismos significativos de minha experimentação. Em teoria, havia muitas possibilidades de erro, entretanto eu precisava arriscar. E estou me expondo... Uma conversação íntima na conservação de nossa doce troca de energia. Tátil ao teclado, filosófico na construção mental. Um verdadeiro alívio, logo não irei parar.

Do pensamento, prestes ao exercício... Desmacaro as minhas deduções. Talvez, por reserva, nesse finalzinho do ano tenho estado em resguarde para o há de ser. O tal por vim que ainda não sei do que se trata. Aquele medo do desconhecido voltou a bater e não sei bem o que fazer...
Temo as promessas de fim de ano, pois não posso viver de promessas. Quero mesmo é sentir. Viver. Posso ser eu no hoje. Sempre fui melhor no cumprir. A decisão sempre me coube muito bem. Gosto de me arriscar, sou fascinada pela pura evolução. Nesse ponto de minha existência, gostaria de dizer que continuar é um deslize. Aparentemente, muito perdida. Todavia para a raiva da vida adulta, a problemática é que eu quero ver qual destino esse curso em minha vida terá.
Faz um tempinho que esse desejo floresce em meu âmago. Era só um experimento. Porém, nem a mim mesma posso enganar: eu estou amando. Quem sabe engenharia química tem sido a minha paixão do ano, quem sabe dessa construção um dia eu possa a essa área do saber amar... Quem sabe? A incerteza — o devir!

Por hoje, é só…

Caso queira mais, continue acompanhando do nada surge

Ao falar de minha consciência,

Até breve!

Joana Dias é uma estudante de Engenharia Química, cronista, resenhista literária, escritora e nortista. Sob o pseudônimo de JoJo Dieira, possui textos publicados de variados gêneros literários.

--

--

JoJo
Brazilians in Tech

Joana Dias é uma estudante de Engenharia Química, resenhista literária, escritora e nortista. Sob o pseudônimo JoJo Dieira, possui diversos textos publicados.