Migração de área, Sapatos Novos e Pertencimento

“Não nasci pra exatas” eu disse pra mim durante toda vida praticamente.

Nasci pra ser de humanas, não tenho um bom raciocínio lógico, não sei fazer conta de cabeça, não entendo de geometria. Dessa forma eu me colocava cada vez mais dentro da minha zona de conforto, porque de fato ser de humanas era isso pra mim, era quase como um afago no meio de tanta incerteza. Eu estudava o que eu gostava, o que eu me identificava.

Era difícil? Sim, também não estou falando que ser de humanas é algo fácil não, mas pra mim era o lugar onde eu gostava de estar, não me incomodava ter que aprender algo novo porque era mais natural pra mim estar ali e foi assim que eu escolhi publicidade. Amava branding e tudo relacionado a campanhas, processo criativo e entendi que era ali que eu gostaria de estar, não vou entrar em todas as curvas e tropeços que me ocorreram ao longo do caminho, mas pra explicar como eu cai no mundo da tecnologia preciso explicar que no fundo, estar dentro da sua zona de conforto não é bom nem pro que você ama e se vê fazendo pro resto da vida.

Sempre me considerei uma pessoa bem curiosa, seja na minha vida pessoal ou na profissional, quando estava em atendimento de agência, queria saber de criação e planejamento, quando era do marketing, queria entender da parte comercial e por aí vai.

No meu primeiro estágio, tive a oportunidade de estar no marketing de um produto farmacêutico e precisei lidar com muitos números e dados de mercado, na época achava incrível a área que era capaz de pegar aquele tanto de número e transformar em informação e me deu um clique que eu seria melhor em marketing se também pudesse contribuir dessa mesma forma para a área e foi aí que eu comecei a despertar para a área de inteligência de mercado e data analytics.

O objetivo nunca foi migrar, era apenas agregar conhecimento para a área que eu já estava e conseguir ser uma profissional mais completa. Após me formar, busquei um MBA em Big Data e inteligência de mercado, porém me apaixonei pelo mundo de dados e de tech e com o mercado mudando tão rápido vi que não era mais uma questão de escolha e sim necessidade de estar ali.

O problema de mudar de área, vindo de um lugar “não técnico”, é que além das dificuldades normais de estar aprendendo algo novo, você precisa brigar todo dia contra você mesma e a caixa que você se colocou lá no início da sua vida.

Sair da zona de conforto é como se acostumar com um sapato novo, dói, incomoda e mesmo mancando, você não pode desistir.

Você vai sempre estar nessa posição? Não, uma hora você vai aprender e estar confortável ali, mas a minha dica é: nunca fique confortável, o incomodo que no início dói e faz você se questionar mil vezes e pensar em desistir é necessário, ele mostra que você está evoluindo, crescer dói, aprender algo novo também, mas estar em tech é viver com constantes sapatos novos e no final do dia, aprender a amar as bolhas.

O caminho e o quanto você cresce é mais importante que chegar lá e não importa quantas vozes “contra” você precise silenciar, você de fato não nasceu SÓ para uma coisa, você nasceu pra várias e seu lugar é onde você quiser.

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