O dia em que o meu semestre acabou…

JoJo
Brazilians in Tech
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4 min readNov 14, 2023

Dos relatos de uma caloura (ou será já veterana?) de Engenharia Química.

Texto escrito por Joana Dias

Foto: Frasco de Erlenmeyer, Autoria própria

Queridos Leitores do Médium e da comunidade Brazilians in Tech !

Chegamos ao fim de mais uma etapa, não sou mais caloura.

Agradeço por me acompanharem no início dessa jornada. Principalmente, pelo incentivo e pela paciência.

Eis minhas emoções a seguir:

O meu primeiro semestre acabou...
Não houve choro nem agonia.
Mesmo que estresse, fadiga e cansaço tenham sido o meu novo estado de ser, eu sobrevivi. Não seria para sempre, eis um fato.
Tudo me anda sendo passagem, nesse desfrute contínuo da vida.
Embora seja uma alegria o desmitificar. De mim. Do meu ego. E da carapuça que ousei vestir - tolo instinto de sobrevivência da vida que me afasta da essência. Abandono.
Estou tão perto do precipício, afirmo; posto que, pude ver me em falta. Completa.
No momento em que me escapou a coragem de ser, de estar e de continuar... arriscar pareceu uma predileção instantânea. Tão pontual. A tendência a uma determinação só, senti-me limitada.
Pertubação essa a ser rotineira. Porque há tanto tempo ando sendo estadia; mas quando, finalmente, poderei ser lar.
Queria rechear o encanto de agonia, contudo não posso a vida embrulhar. Apenas no momento que existiu. Visto que, fez-se parte da jornada; agora, desenvolve-se em mim. Como semente que se planta a fim de dar frutos, seu germinar em mim prospera. Assim, está o destroçar de cada espécie desvalida que reside em meu habitar. Essa mesmice humana que faz pensar quando só deveria ser.
Diante ao reinventar. É só mais um dia. Um de êxtase de tirar preencher meus pulmões de ar. Foi cada dia do semestre. A verdade é que eu estive só em companhia. Poderia eu me acovardar diante da pequenez do "só" . Dessa palavra em entonação. Duas letras que em companhia de outros termos de uma sentença reduzem ao desprezo do contexto. Uma palavra que por si "só" é o mundo.
Duas letras que quando estão sozinhas resultam no encontro a se tocar... Suave agonia essa que me faz marejar. Porque estou em borbulhas nesse meu perder que se faz encontrar. Queria ser na morada - refúgio. Entretanto, apenas sei titular. Compreende?
Gotinha por gotinha. De instante a um segundo. Queria mesmo o estado da braveza de energia que em tudo está. Quando se arremessa ao desejo, vive-se ou se torna escravo da satisfação? Estou a questionar... "Mulher, coragem!" Seja!!!

É nesse transferir que eu me deposito aqui. Letra por letra. Um tecla de cada vez, quem dera fosse tão fácil. Mas nem mesmo escrever é fácil, e sim natural. Como a vida. Como o amor.
Bobice minha seria não falar de amor no meu estado atual. Impossível desvincular... Só posso mesmo gostar de me enganar. Não sou mais caloura, não há mais bom grado.
A questão é que vi a faísca do seu lampejo. Preciso afirmar. Encontrei-me sorrindo diante as possíveis dificuldades que só poderei vivenciar se fincar minha permanência. Preciso minha barca velha atracar. Está na hora. Quando a escolha deixa de ser escolha e se torna decisão?
Almejo mesmo é viver. As múltiplas realidades dessa loucura que é cursar engenharia química. Provas constantes sem desfecho. Cálculos que por vezes me ofertam uma viagem ao espaço numérico. Variados sistemas de programação precisas e detalhadas. Práticas laboratoriais com procedimentos que precisam serem seguidos melimetricamente, além de lições físicas que provocam o questionar da minha própria existência. É isso mesmo? Eu decidi me submeter a tudo isso por escolha própria?
A verdade é que eu era apenas um precipitado. Agora, quero reagir e não quero mais parar... Mesmo que minha massa seja transformada em outra e minha energia seja transferida ao ponto de dissipar: eu quero. Será que depois de todas barganhas que me submeti esse será meu prosperar?
Pela primeira vez, não é o que eu vejo. É o que eu quero. Essa querência constante em simplicidade. Eis o meu pessoal conceito de viver e amar. Pra mim, isso é amar, é simples: devotar-se ao simples instante da vida por livre e espontânea vontade. Uma querência constante em simplicidade, repito. É viver. Amar é viver.

Encerrada essas integrações indefinidas a princípio e definidas por diferentes considerações. Dispostas a tantos intervalos que tive que elencar por partes. Precisei substituir as velhas vestes robustas por conceitos que não me cabem mais. O que antes parecia certo, hoje, apresenta-se impróprio. Estou fracionando... Uma função que assumi para explodir a mente mesmo: transgredir. Errada ou certa, apresenta-se tal como é. Há um vislumbre do que prospero. Estou assustada.
Redefinindo... Posso até não estar onde deveria estar; mas, estou onde eu quero estar.

Chegamos ao fim da última crônica do primeiro semestre do curso de Engenharia Química.

E agora? Vem vindo mais por aí.

Saudosamente, JoJo!

Joana Dias é uma estudante de Engenharia Química, cronista, resenhista literária, escritora e nortista. Sob o pseudônimo de JoJo Dieira, possui textos publicados de variados gêneros literários.

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JoJo
Brazilians in Tech

Joana Dias é uma estudante de Engenharia Química, resenhista literária, escritora e nortista. Sob o pseudônimo JoJo Dieira, possui diversos textos publicados.