Penny Dreadful — 1a. Temporada

Caio Vechiato
Breaking Cásper
Published in
4 min readOct 9, 2015

Penny Dreadful. Essa é a expressão popular britânica usada para se referir a periódicos baratos que relatam histórias exageradas de crimes sanguinolentos. Tais periódicos eram extremamente populares entre as massas, principalmente na Inglaterra vitoriana, reforçando a espetacularização da violência e da brutalidade (hoje em dia vemos no ID mesmo). Esse tipo de entretenimento violento é certamente encontrado na série “Penny Dreadful”, mas esta não se baseia apenas em sangue e gore. É um seriado exemplar justamente por equilibrar sua faceta Grand Guignol com arcos dramáticos muito bem construídos, dando vida e plausibilidade a seus múltiplos personagens, que incluem figuras originais criadas especialmente para a série em conjunto com nomes icônicos encontrados nos clássicos da literatura de horror, como Dorian Gray e Victor Frankenstein (ou seria Fronkonsteen?).

Nesse primeiro texto, será feita uma brevíssima análise das qualidades de sua temporada de estreia, que, diga-se de passagem, está disponível na íntegra, com seus oito gloriosos episódios no serviço de streaming Netflix. Portanto, sem me postergar ainda mais, vamos logo ao que interessa!

Primeiramente, a narrativa da primeira temporada acompanha:

Vanessa Ives, uma médium/paranormal/deusa/louca/feiticeira com um passado assombroso;

Pensando bem… isso se parece muito com um beck

Ethan Chandler, o cowboy americano com um segredo sombrio e um cabelo sedoso e maravilhoso;

“Yes.”

Sir Malcolm Murray, explorador que procura a filha desaparecida e tem laços conturbados com Vanessa;

Por mim, esse cara podia ter feito mais filmes do Bond.

Dr. Victor Frankenstein, gênio recluso e antissocial obcecado com a linha que separa a vida e a morte;

Profundo!

Dorian Gray, playboy cheio das putaria que também guarda segredos;

“Sorriso, ahhhh!”

Caliban, primeira cria de Frankenstein e cheio das literatura;

Dono dos melhores diálogos e monólogos da série ❤

Sembene, guarda-costas pessoal de Sir Malcolm e muitas vezes a sua voz da razão;

Acredite: esse badass também faz sobremesas maravilhosas.

Brona, amante de Ethan e… bom, vejam a série;

Walter White e Brona Croft: disputando quem tosse mais na TV a Cabo

E por fim, aquele cara que fala “papiro” de um jeito engraçado.

Ai, que delícia cara!

Logo em seu episódio piloto, o roteiro, escrito pelo sensacional John Logan (também responsável pelo roteiro dos dois longas mais recentes de James Bond), estabelece grande parte de seus personagens principais, além de criar muito bem o contexto para seu arco de temporada. Com direção do talentoso Juan Antonio Bayona, de “O Orfanato”, a atmosfera gótica criada no piloto é simultaneamente intimidadora e sedutora. Essa aura se intensifica cada vez mais ao longo dos episódios seguintes, culminando em um clímax arrebatador no sétimo episódio (que a meu ver, talvez ainda seja o melhor da série toda). Somando isso à trilha sonora soberba de Abel Korzeniowski e aos figurinos da veterana Gabriella Pescucci (e mais um sem número de qualidades técnicas), tem-se um esmero raramente encontrado em narrativas televisivas, o que realça a sensação de que estamos vendo algo único, original.

A narrativa focada desta primeira temporada, por muitos comparada à seminal obra de Alan Moore “A Liga Extraordinária”, constrói pacientemente suas personagens em detrimento da ação e violência esperada por muitos dos gorehounds, que seriam uma parcela significativa do público-alvo da série. Essa construção dedicada, porém, faz-se valer a pena completamente, pois todos os momentos de tensão ganham um peso dramático muito maior, deixando o espectador ainda mais investido nos conflitos, além de completamente ansioso para a temporada seguinte, que acelera o ritmo, aumenta os riscos e traz ameaças ainda mais poderosas.

Lyle ❤

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Caio Vechiato
Breaking Cásper

Estudante de Rádio, TV e Internet. É só isso mesmo. Não tô no Tinder pra falar qual meu signo, ascendente e lua.