Data Literacy: Por que a alfabetização em dados pode ser crítica em ecossistemas digitais?

Ana Facin
Bridge Ecosystem
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4 min readJul 27, 2021

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Nesse texto vamos falar sobre a alfabetização em dados (Data Literacy), e como ela pode alavancar novos negócios em ecossistemas digitais. Uma definição genérica para alfabetização em dados é a de um conjunto de habilidades em torno do uso de dados, que inclui a capacidade de compreender, encontrar, coletar, interpretar, visualizar e apoiar um argumento (ou decisão) usando eticamente os dados.

A alfabetização em dados tem se tornado cada vez mais importante para indivíduos, empresas e governos para a compreensão e o pensamento crítico do ecossistema digital no qual estamos cada vez mais envoltos.

A falta de alfabetização em dados coloca indivíduos suscetíveis a riscos e a danos pessoais, sociais, físicos e financeiros, além de limitar também sua capacidade de ser proativos em uma sociedade cada vez mais baseada em dados. Deficiências na alfabetização de dados podem ter como resultado a desinformação e má informação, da mesma forma como acontece quando temos deficiência na alfabetização em nossa própria língua.

Neste contexto, programas recentes de alfabetização em dados têm sido implementados na área da educação e também em empresas, “voltados para compreender os dados e desenvolver recursos de análise, incluindo inteligência artificial, o que exige que os desenvolvedores e consumidores ‘falem sobre dados’ como uma linguagem comum”, diz Valerie Logan, ex-diretora analista sênior da Gartner (uma das mais conhecidas empresas mundiais especializadas em pesquisa e consultoria em tecnologia da informação). Valerie Logan reforça que “as empresas que tem liderança em dados têm de promover a alfabetização em dados da força de trabalho como um facilitador dos negócios digitais e como um segundo idioma.”

Para ser considerado alfabetizado em dados, ser capaz de criar valor a partir dos dados e entender os resultados da ciência e da análise de dados, é necessário desenvolver algumas habilidades, entre elas:

(i) uma compreensão básica dos usos e aplicações dos dados;

(ii) capacidade de acessar e encontrar informações em várias fontes de dados, e estar ciente das informações nelas contidas;

(iii) habilidade para organizar, explorar e perceber os múltiplos tipos de dados em um determinado contexto;

(iv) compreender como diferentes tipos de dados são relevantes para diferentes problemas e ser capaz de priorizar os dados para uso;

(v) ter noção de como coletar e analisar informações e dados ou ser capaz de procurar alguém que possa ajudar a fazer isso;

(vi) ter conhecimento de ferramentas e técnicas comuns de análise de dados e ser capaz de selecionar e aplicar as adequadas; e ainda,

(vii) ser treinados em técnicas e opções de visualização de dados e ser capazes de avaliar criticamente as representações gráficas dos dados para relevância e erros.

Para participar dos chamados ecossistemas baseados em plataformas digitais, cada organização deve identificar como a alfabetização em dados vai melhorar sua capacidade de inovar e prosperar nesse novo ambiente, que exige cada vez mais destreza digital e um espaço nas organizações para trabalhar estratégias focadas em negócios digitais. O ritmo da mudança nessa direção está se acelerando e empresas que até pouco tempo atrás não eram tradicionais em negócios digitais, como Magazine Luiza, por exemplo, tem declarado em sua página de relações com investidores que seu objetivo estratégico é “transformar o Magazine Luiza, passando de uma empresa de varejo tradicional com uma forte plataforma digital, para uma empresa digital, com pontos físicos e calor humano”.

A palavra humano nessa declaração, nos remete a questão de que uma força de trabalho digitalmente habilidosa é a chave para progredir nesse novo ecossistema de negócios e de inovação. E segundo uma pesquisa da Gartner, “as organizações que se destacam no fornecimento de um local de trabalho digital — e estão, portanto, alimentando a destreza digital da força de trabalho — ganham vantagem competitiva significativa na medida em que as transformações digitais se aceleram. Implementar, corretamente, um espaço de trabalho digital como estratégia, ajuda a tornar os colaboradores mais analíticos, criativos, colaborativos e inovadores. Isso tem que acontecer por meio do uso de ferramentas, treinamento e incentivo”.

Referências

CARMI, Elinor et al. Data citizenship: Rethinking data literacy in the age of disinformation, misinformation, and malinformation. Internet Policy Review, v. 9, n. 2, p. 1–22, 2020.

https://policyreview.info/articles/analysis/data-citizenship-rethinking-data-literacy-age-disinformation-misinformation-and )

https://quanthub.com/data-literacy-program/

https://www.qlik.com/pt-br/services/data-literacy-program

https://www.gartner.com/en/doc/3860965-fostering-data-literacy-and-information-as-a-second-language-a-gartner-trend-insight-report

https://ri.magazineluiza.com.br/ShowCanal/Nossa-Estrategia?=LZKRKYC4fKjk6oPPJL7+xw==

https://www.gartner.com/en/documents/3848874/the-secret-to-digital-transformations-is-analog-why-a-di0

https://www.dimins.com/blog/2020/02/27/improving-data-literacy/

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Uma iniciativa da USP, ISA CTEEP, 100 Open Startups sobre melhores práticas em Gestão de Ecossistemas de Inovação.