Veículos de suporte para o mapeamento e conexão de startups.

Ximena Alejandra Flechas
Bridge Ecosystem
Published in
5 min readMay 10, 2021

As grandes empresas, cientes da necessidade de desenvolver produtos e soluções de forma conjunta com outras instituições, identificam as startups como parceiras estratégicas para esta missão. O destaque às startups se deve a várias razões. Primeiro, as startups são geralmente formadas por pessoas altamente capacitadas e muitas têm vínculos com instituições de educação superior (por exemplo bolsistas, pesquisadores ou professores), o que dá acesso a conhecimento de ponta e atualizado. Por outro lado, as startups são entidades muito dinâmicas e enxutas, o que permite um nível de adaptação e capacidade de resposta consideravelmente superior ao das firmas incumbentes. Finalmente, as startups são identificadas como um dos principais agentes criadores de inovações — tecnológicas e de negócio — mais disruptivas na atualidade. Isto em parte devido à sua agilidade, seu know-how especializado e ao suporte e incentivos que órgãos públicos e privados têm outorgado às startups para a criação e desenvolvimento de novas soluções.

No entanto, para as grandes empresas o mapeamento e seleção de startups para desenvolver parcerias não é uma tarefa simples. O aumento progressivo da concorrência entre grandes firmas em selecionar as melhores startups, o crescente comportamento oportunista de algumas startups de querer conseguir recurso sem contrapartida e a falta de conhecimento sobre como avaliar ex ante as capacidades de uma startup e sua aderência com a estratégia organizacional são as principais barreiras que enfrentam as grandes empresas neste processo. Para superar estas barreiras, as empresas estruturam planos que permitam acumular experiência e exposição para criar programas eficazes de mapeamento e seleção de startups. O objetivo deste texto é apresentar oito dos veículos de suporte mais utilizados pelas grandes firmas que contribuem para as atividades de mapeamento de startups e suas soluções.

Foto: Cubo Itaú — Espaço trabalho das startups residentes
  1. Aceleradoras: São entidades privadas, com fins lucrativos que realizam programas cíclicos com prazo fixo (de 3 a 6 meses) que ajudam os times das startups (usualmente não atende empreendedores individualmente) a testar, validar e desenvolver seus produtos, definir o modelo de negócio, aprimorar competências de gestão e apoiar na captação de recursos como capital e novos parceiros. O foco está em atender startups na fase do early-stage para o later-stage. Alguns exemplos de aceleradoras são: Startup Farm, ACE, Darwin Startups, a Overdrives.
  2. Incubadoras: São organizações de caráter fixo ou semi permanente que dão suporte tangível (ex. espaços ou equipamentos) ou intangível (ex. conhecimento ou networking) a novos empreendimentos para que possam sobreviver e crescer. No Brasil, a maioria das incubadoras estão ligadas a universidades. Elas são como uma aula prática e tem como objetivo oferecer apoio técnico e gerencial para os primeiros passos na construção de um negócio de base tecnológica. Algumas incubadoras são mantidas por patrocinadores e também podem cobrar taxas de participação dos incubados. O tempo de incubação é mais longo do que nas aceleradoras (no mínino 1 ano), e o foco está em atender startups no early-stage. Alguns exemplos de incubadoras são: Miditec, Cietec, e Inatel.
  3. Hubs de inovação: São espaços físicos ou virtuais que concentram vários agentes do ecossistema de inovação como: empreendedores, aceleradoras, pesquisadores, investidores, e grandes empresas. Sua principal função é promover a conexão entre os elos da cadeia de inovação que fora desses hubs tivessem dificuldade de se conectar. Dentro dos hubs se promove o matchmaking (entre startups + grandes empresas + academia + investidores) para desenvolver novas formas de pensar, novos negócios, novas parcerias e impulsionar a transformação digital. Os Hubs funcionam como ambiente de trabalho para as startups, e também para profissionais das grandes empresas que atuam na área de inovação. Nos hubs também são feitos eventos como treinamentos, workshops ou meetups que promovem o networking e fortalecem a comunidade. O foco está em atender startups no early e later-stage. Alguns exemplos de hubs de inovação são: Orbi Conecta, Cubo Itaú, InovaBra e Wayra
  4. Labs de inovação: São espaços de colaboração e co-criação de projetos de inovação entre startups, grandes empresas e outras instituições. É esperado que os Labs envolvam times multidisciplinares e diversos (ex. diferentes áreas, níveis da organização, perfis, diferentes instituições). O foco está em atender startups na categoria do pré-startup para o later-stage.
  5. Seed hubs: São programas institucionais com prazo fixo que fomentam a ideação e criação de novas startups. Normalmente finalizam com um Pitch-day ou Demo-day. O Pitch-day (ou demo-day) é uma jornada (um dia) onde várias startups apresentam suas soluções a grandes audiências de empresários, potenciais clientes e investidores. O foco está em atender startups na categoria do pré-startup para o early-stage.
  6. Fast-track: São convocatórias permanentes onde a empresa recebe propostas durante o ano todo de novas startups e soluções que atendam às necessidades divulgadas pela empresa. O foco está em atender startups na casa do early-stage para o later-stage.
  7. Desafios de inovação aberta: São editais periódicos onde a empresa apresenta uma série de desafios pontuais para selecionar a solução mais promissora ou captar recursos chave (como programadores) que atendem específicamente as demandas da organização. Para este fim, podem ser realizados Hackathons (maratonas de programação), ou participar em eventos de outras instituições como Speed-dating. Outro mecanismo interessante é o programa de Open-data onde a empresa libera total ou parcialmente dados para identificar oportunidades para gerar novos projetos de inovação. O foco está em atender startups na categoria do early-stage para o later-stage. A 100 Open Startups é uma das instituições que mais esforços tem feito em relação a ajudar as empresas a desenvolver projetos de open innovation. Ainda mais, ela oferece vários eventos periódicos para as empresas conhecerem startups, apresentar suas necessidades, e ao mesmo tempo permite às startups apresentarem suas soluções.
  8. Canais de relacionamento: São os canais físicos ou virtuais através dos quais a empresa mantém comunicação permanentemente com os diferentes atores do ecossistema. Estes canais podem ser redes sociais, sponsorships com outras instituições como hubs, mídia tradicional, e o objetivo é divulgar os programas da empresa, suas necessidades, editais, e também interagir com o público massivo, conhecer oportunidades e recrutar prospectos. Este veículo não tem foco em atender apenas startups, o foco está na interação com toda a comunidade do ecossistema.

Esperamos que este texto tenha sido do seu interesse. No final deste artigo, poderá encontrar algumas referências acadêmicas, caso você queira se aprofundar no tema! Até a próxima.

Referências.

Bagnoli, C., Massaro, M., Ruzza, D., & Toniolo, K. (2020). Business Models for Accelerators: A Structured Literature Review. Journal of Business Models, 8(2), 1–21. https://doi.org/10.5278/ojs.jbm.v8i2.3032

Hausberg, J. P., & Korreck, S. (2020). Business incubators and accelerators: a co-citation analysis-based, systematic literature review. Journal of Technology Transfer, 45(1), 151–176. https://doi.org/10.1007/s10961-018-9651-y

Rostarova, M., & Janac, J. (2016). Critical success factors of startups accelerators. 22nd International Scientific Conference on Economic and Social Development, 565–571. https://doi.org/10.5817/cz.muni.p210-8273-2016-93

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Uma iniciativa da USP, ISA CTEEP, 100 Open Startups sobre melhores práticas em Gestão de Ecossistemas de Inovação.