Pílulas Hunter: Transparência pró-muro
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TRANSPARÊNCIA PRÓ-MURO
Mundo na expectativa de mais uma canetada de Donald Trump, desta vez colocando em prática uma das suas principais e mais polêmicas promessas de campanha: a construção de um muro separando os Estados Unidos do México. De quebra, ele ainda prometeu — tudo via Twitter, diga-se — ações para barrar a entrada de cidadãos de países considerados foco de terrorismo. A ver.
#inspiração Também pelo Twitter, Trump disse que irá anunciar sua escolha para a Suprema Corte na quinta-feira da semana que vem. Será que Michel Temer decide o caso brasileiro antes disso?
#novilingua Heloísa Trajano mostra, em O Globo, como o presidente americano vem fazendo da vida de intérpretes um inferno. Entre os dramas envolvidos: “frases parecidas se repetem uma atrás da outra, geralmente em alta velocidade, e o seu vocabulário pode ser bastante limitado”. Para quem gosta de uma boa análise de discurso, vale dar uma conferida neste vídeo (em inglês).
#tetodevidro Na Folha, Vinícius Torres Freire vê “pobreza de espírito ou espírito de porco” nos brasileiros que veem a queda do acordo TPP como algo positivo para o país.
#eternidade Eis que, finalmente, o mundo científico resolveu homenagear Donald Trump.
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EM BUSCA DO ANEL
Quanto mais tempo leva para uma definição do nome do novo ministro do STF, mais quem está na lista de cotados acabam sendo escrutinados pela imprensa. Ives Gandra segue em alta, cada vez mais claramente identificado com a pauta conservadora. Na Folha de S.Paulo, Mario Cesar Carvalho traz informações de um artigo escrito em 2012, no livro “Tratado de Direito Constitucional”, no qual o cotado para a Suprema Corte brasileira compartilha e defende pérolas medievais, como a ideia que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos ou que, como não há “bipolaridade sexual” entre dois homens ou duas mulheres, uma união desse tipo é a mesma coisa que uma mulher se casar com seu cachorro ou seu cavalo.
#creditando Justiça seja feita, as pensatas do presidente do TST foram divulgadas primeiro pelo site Justificando, anteontem.
#monitorando Panorama Político, no Globo, conta que Ives Gandra tem hora para voltar para a casa da Opus Dei, onde mora. Se passa do horário, é procurado nas ruas. Já o Radar, da Veja, nos deixa saber que o magistrado é fã de Senhor dos Anéis, a ponto de ter escrito um livro revisitando a jurisprudên… ops, simbologia criada por J. R. R. Tolkien.
#rejeitando Depois de ver suas chances de ser ministro do STF diminuírem, Alexandre de Moraes ganhou status de persona non grata junto ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado ao próprio Ministério da Justiça. Os sete membros do grupo, informou primeiro o The Intercept Brasil, pediram demissão coletiva, inconformados com a política até aqui adotada pelo ministro.
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BRASSÍRIA
O governo de Geraldo Alckmin não consegue se livrar da sombra dos roubos no Estado, o que ainda pode vir a ser um calcanhar de Aquiles caso ele dispute o Planalto no ano que vem. A Folha é quem deixa a relevância dos números mais clara, destacando que os roubos atingiram, em 2016, o maior nível desde 1999. Não é pouca coisa. O crescimento no Estado foi de 5,19% na comparação com 2015. Considerando apenas a capital, também houve alta, de 3,18%. Por outro lado, os homicídios fecharam o ano passado no menor nível da série histórica, iniciada em 2001.
#recordeolimpico Enquanto isso, no Rio, O Globo (sem link) joga na manchete a espantosa informação de que, somente nos quatro principais hospitais municipais da cidade, 2016 registrou um atendimento a baleados a cada oito horas. Foram 1.133 atendimentos a feridos por armas de fogo no ano olímpico da cidade — fora, é claro, aqueles que morrem antes de chegar aos hospitais. Um aumento de 57% em comparação com 2015.
#fogodepalha Situação complicada também em Pernambuco, que, depois de ter sido premiado pela ONU por ter conseguido reduzir homicídios, agora volta à estaca zero, como relata Marina Falcão, no Valor Econômico: o total de assassinatos no Estado cresceu 44% nos três últimos anos.
#fagulhas No UOL, o repórter Flávio Ilha anuncia mais uma tragédia a caminho em presídios, ou nas ruas mesmo. Duas quadrilhas com atuação no Rio Grande do Sul começam a ganhar terreno no Paraguai. Uma delas, a Anti-Bala “combate o grupo ligado ao PCC” no RS, segundo a reportagem.
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SÃO PAULO, 463
A melhor leitura para o aniversário de São Paulo vem do Valor Econômico, que entrevistou a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, da USP. Ela vê uma “regressão” em relação a um movimento que combatia o “confinamento” da população da cidade. Com críticas não militantes a João Doria, Rolnik lembra que “tratar moradores de rua como assunto da esfera da limpeza urbana me parece a pior entrada possível para lidar com o tema”.
#deuruim Na segunda hora de vigência dos novos, e mais altos, limites de velocidade nas marginais, um motorista perdeu o controle do carro e bateu contra um muro na pista expressa da Marginal Pinheiros. O G1 relatou primeiro.
#deuruim2 Reportagem curiosa na Folha mostra que Doria, ao optar por decorar sua cidade linda com flores vermelhas gigantes de ferro, bancos de design arrojado e outros quetais pode estar infringindo a legislação municipal. “Uma resolução municipal exige que ‘intervenções urbanas com exposição temporária de conjunto de esculturas em logradouro público’ passem previamente por aprovação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana”, escrevem Juliana Gragnani e Silas Martí.
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“POSSÍVEL ENXAQUECA”
Polêmica forte à vista no Reino Unido com a decisão judicial que definiu que o Brexit só poderá ser colocado em prática com o aval do Parlamento britânico. A Folha traz uma versão traduzida de um artigo do Financial Times colocando a situação em contexto e informando que, apesar de haver pouca probabilidade de o Brexit ser simplesmente barrado, há forte movimento para que a saída se dê com algumas emendas que mantenham vínculos do Reino Unido com o bloco europeu. “A primeira-ministra não vai querer negociar a saída britânica de mãos amarradas, e irá se opor veementemente a essas emendas”, escreve Sebastian Payne.
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SEM PRESTÍGIO
Vejam como é o exílio de uma presidente deposta. Dilma Rousseff participa de um evento político fora do país cinco meses depois de ter deixado o mandato. Ninguém cobriu, com exceção do El País, que tinha um repórter posicionado em Sevilha. Dilma participou, junto de seu fiel escudeiro José Eduardo Cardozo do seminário “Capitalismo neoliberal, democracia restante”. Em entrevista coletiva, saiu em defesa de Lula e disse que “o segundo golpe, depois do meu impeachment, é impedir que Lula seja candidato”.
#marisa Sobre o estado de saúde de Marisa Letícia, o quadro está em desenvolvimento. Informação mais recente, e mais bem detalhada, é da Vera Magalhães em seu blog no Estadão. Depois do rompimento de um aneurisma e está em coma induzido por medicamentos. Segundo Vera, o estado é crítico, mas “um dos médicos negou a informação de que Marisa estaria sem atividade cerebral”.
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QUE SE VAYAN TODOS!
Enquanto políticos brasileiros pisam em ovos ao tratar de Odebrecht e suas assemelhadas, no Peru, o presidente Pedro Pablo Kuczynski caprichou ao menos na retórica. Ao anunciar que a empreiteira terá de vender seus projetos no país e encerrar suas atividades no Peru, PPC disse que, “lamentavelmente, a burrice da corrupção” atrapalhou a continuidade da empresa no país. “Eles têm que ir embora. Acabou”.
#alternativa Escondido no meio da coluna de hoje de Merval Pereira no Globo está um cenário que ainda não ganhou reportagens maiores, mas que é o principal fato potencialmente novo no impasse sobre a homologação da Odebrecht: Cármen Lúcia poderia homologar diretamenteapenas a delação de Marcelo Odebrecht, que já tem acordo fechado com Sergio Moro, deixando as demais para o futuro relator da Lava Jato.
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MOMENTO V.A.
Preparem-se para momentos de profundo constrangimento, logo mais à noite, quando a seleção brasileira entrar em campo contra a Colômbia, no Engenhão. O UOL mostra que “fracassaram” as vendas de ingressos para o jogo — cuja renda será integralmente revertida para as famílias de vítimas do voo da Chapecoense. Menos de 13 mil, de um total de 44 mil ingressos foram vendidos até ontem à noite, mesmo com o esforço de Tite de convocar uma seleção majoritariamente “carioca”. Lembrando que os colombianos, em novembro, lotaram o estádio do Atlético Nacional numa homenagem impressionante aos brasileiros.
#quemdámais Apesar de amistoso, o jogo pode representar o início de uma nova guerra entre emissoras no Brasil. A Globo, segundo informa a Folha, negocia com a CBF a renovação do contrato de exclusividade para transmissão de amistosos da seleção. Mas os cartolas oferecerão hoje, a outras emissoras, uma “degustação, de olho numa proposta financeira maior”.
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O ESPÍRITO DAS LEIS
Belíssimo trabalho de Tomás Chiaverini na Agência Pública fazendo uma abordagem bastante criativa, e indignante, da positiva lei de alienação parental, que busca impedir que cônjuges divorciados sabotem a relação do outro com o(s) filho(s). Na reportagem da Pública, Chiaverini relata diversos casos de abusos — físicos, sexuais e psicológicos — contra crianças, mas que acabam sendo extremamente difíceis de serem interrompidos em razão da letra fria da legislação. “Numa pesquisa feita nos sites dos 27 tribunais de justiça brasileiros, cruzando-se os termos ‘alienação parental’ e ‘abuso sexual’, foram encontradas 249 ocorrências — número que não abarca os processos de primeira instância, necessariamente mais numerosos”, mostra Chiaverini.
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SAIDEIRAS
Em tempos de teoria da conspiração, mais combustível para os amantes do gênero: a filha de Michael Jackson declara à revista Rolling Stone que o pai foi assassinado.
Saiu ontem a lista dos indicados ao Oscar, mas, para variar, os brasileiros vão ter de esperar um bom tempo para conseguirem assistir (ao menos legalmente) todos os listados para o prêmio. A revista eletrônica Trendr nos dá a data de estreia de cada um deles nos cinemas brasileiros. Ah, e Aquarius, preterido para o Oscar, vai pra briga na principal premiação da França (além de Cannes, claro).
Os editores Flávio Moura e André Conti, da Companhia das Letras, estão deixando a editora para criarem um novo selo editorial, em parceria com outros ex-integrantes da Companhia das Letras. “Não será uma Companhia das Letras, obviamente, mas também não será uma pequena editora independente. É uma casa para concorrer com as editoras literárias”. Boa notícia, especialmente depois do fim da Cosac Naify.
E Michel Temer rendeu-se ao oficialismo, depois de fazer um charme durante alguns meses. Coluna de Sônia Racy deu primeiro: ele posou para a posteridade com a faixa presidencial — e, pela primeira vez na história brasileira, com a bandeira nacional ao fundo. Nossa opinião pessoal: ficou bem esquisito, e com um Photoshop dos brabos. Marcela Temer gostou, diz o Congresso em Foco.
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