A Corneta Laranja: tristeza esperada, não menos dolorosa

Rafael de Nuzzi Dias
Broncos Brasil feat. Broncast
4 min readSep 10, 2019

Fala, Broncos Country! A temporada 2019 dos Broncos começa na mesma toada que marcou os últimos dois anos. Derrota desanimadora para os Raiders, um dos mais fracos que enfrentaremos, num jogo em que não ameaçamos vencer em momento algum, com direito até a quase meio quarto de garbage time no final, quando conseguimos, aliás, nosso único e melancólico touchdown. O mais assustador é que o nosso inofensivo ataque — afinal, vai ganhar de quem anotando field goals quando se está tomando de 14 pontos desde o segundo quarto? — foi o “ponto positivo” da noite, já que esteve perto do que penso ser o seu alcance máximo. Quero dizer, o jogo corrido deve melhorar, mas Flacco vai vacilar, então dará no mesmo. A defesa, por outro lado, teve performance lamentável, flertando com o piso da desgraça. Vamos por partes.

Flacco entregou o que de bom se pode esperar dele. Acredito que em alguns meses esta ficará conhecida como uma das melhores atuações dele com a camisa dos Broncos. E o que fez Flacco, perguntará o torcedor que não viu o jogo. Respondo: não cometeu erros bizarros e administrou um ataque sem inspiração, com uma linha ofensiva frágil, e um jogo corrido que não produziu nada de relevante. Acertou também uma porcentagem digna de reconhecimento dos seus passes curtos que não levaram o time a lugar nenhum (falo da endzone adversária, é claro); só no garbage time, para ser justo, mas garbage time vale menos que paçoca mofada. Flacco é isso aí mesmo: não é playmaker, não é jogador decisivo, não é o diferencial que muda a história de um jogo, não é, enfim, o cara de que precisamos. Seu teto é ser ordinário, comum, sem comprometer. Foi o que ele fez ontem. Não fará sempre; a tendência é piorar.

No mais, com exceção da boa atuação de Sutton, ninguém do ataque merece destaque positivo. Quem não foi mediano foi mal. Vimos drops miseráveis (Hamilton que o diga), wide receivers sumidos (Sanders saiu mesmo do departamento médico?), corridas previsíveis, chamadas “engraçadinhas” que não enganaram o adversário e tampouco entusiasmaram mesmo o mais tolo otimista. Vimos um ataque triste e insosso, que não mete medo em ninguém. É o que temos. Surpreendeu zero pessoas que não cultivam fetiches por ilusões levianas.

Em relação à defesa a coisa piora, sobretudo em função das altas expectativas que foram criadas. Cansei de alertar no nosso grupo de whatsapp que Fangio, a despeito de ter sido uma ótima aposta, um dos poucos acertos de Elway nos últimos anos, era uma incógnita. Uma coisa é ser coordenador defensivo de sucesso, outra bem diferente é se firmar como head coach. Chuck Pagano está aí para provar. Pois bem, nossa defesa em Oakland passou longe, mas muito longe, de ser elite. Dois vilões são óbvios (Yiadom e o pass rush), mas é preciso dizer que o conjunto como um todo foi desalentador e a responsabilidade disso deve recair sobre a comissão técnica.

A facilidade com que o nada brilhante Derek Carr obteve números que figurarão entre os melhores da sua carreira foi estarrecedora. O que fez Carr de impressionante? Absolutamente nada. Fez com competência e sem erros o arroz com feijão do futebol americano. Carr não precisou fazer nada, pois os Broncos entregaram de bandeja uma partida mamão com açúcar para ele. Nenhum sack! Nenhum! Mas piora… não houve praticamente nenhum rush, isto é, Carr não foi nem mesmo pressionado quase o jogo todo. Chubb, Miller… procura-se estes supostos monstros do pass rush. Foram mesmo para a Califórnia? Cabe perguntar. O pocket foi para o signal caller dos Raiders o seu playground. Era só relaxar e fazer o simples. Onde estava o simples (e chegamos ao segundo vilão)? O simples era onde estava Isaac Yiadom. Desastrosa partida desse cornerback fraco que ontem nos fez perguntar diante da TV como é possível que um sujeito desses se torne jogador profissional. Não acertou quase nenhuma cobertura. Um fiasco vergonhoso!

Enfim, não quero me estender mais, caro amigo leitor e torcedor de coração e sangue laranja. Estou desolado e se você não está então esta coluna não é para você. É triste ter razão no pessimismo corneteiro, e será deprimente ver mais uma vez o nosso amado Denver Broncos se arrastar pela temporada como coadjuvante, um coadjuvante com dignidade na melhor das hipóteses. Se os golfinhos estão virando os marrons de ontem, os Broncos, dói dizer, estão substituindo os golfinhos. Não passaremos de oito vitórias nesse ano; repetir o horror do ano passado é perfeitamente possível. Enquanto Elway for nosso general manager infelizmente não vejo futuro. Mas isso é assunto e corneta para outra oportunidade. Sofreremos.

Go Broncos!

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Rafael de Nuzzi Dias
Broncos Brasil feat. Broncast

Psicólogo apaixonado por ciências, artes e esportes. Torcedor fanático do Denver Broncos, do Chicago Cubs e do São Paulo FC. So it goes.