A Corneta Laranja: uma introdução corneteira

Rafael de Nuzzi Dias
Broncos Brasil feat. Broncast
4 min readJul 28, 2019

Fala, Broncos Country! É com muita satisfação que iniciamos uma nova coluna no Broncos Brasil: A Corneta Laranja! Este será um espaço mensal de análise de algum dos principais aspectos a se destacar do Broncão ao longo dos meses de temporada que se aproximam e se seguirão, sempre com aquele viés ácido e amargo que caracteriza o corneteiro bem informado e comprometido com a excelência crítica da reflexão.

Para quem não me conhece, o corneteiro convicto que vos fala se chama Rafael e é um psicólogo e professor universitário do interior de São Paulo, que ama, sofre e acompanha o Broncão desde 2005, e está orgulhosa e prazerosamente no projeto Broncos Brasil desde fevereiro de 2017.

O que esperar do Broncão neste ano? Para quem acompanha as projeções e o noticiário dos principais portais e analistas americanos a resposta é sombria: nada na prática significativamente além do que amargamos nos últimos anos de recordes negativos, isto é, uma campanha sem qualquer protagonismo.

Muitos torcedores iludidos olham para estas projeções com desdém, alguns mais paranoicos acusam má vontade e perseguição da mídia especializada. Contudo, cabe a questão: é realmente tão equivocado assim o amplo descrédito que o nosso amado Denver Broncos têm recebido do mundo da NFL? Creio que não. Vamos aos motivos.

Em primeiro lugar é importante ressaltar que há razões para ter esperança quando se considera que uma das figuras mais nefastas responsáveis pelos recentes fiascos da franquia não nos perturba mais: os tristes tempos do palhaço Vance Joseph se foram para sempre, e Elway teve o bom juízo de trazer para o seu lugar um dos mais premiados e reconhecidos talentos emergentes em termos de coaching na NFL: Vic Fangio, ex-coordenador defensivo do Chicago Bears.

Mais do que isso, foi montado um staff que impressiona pela excelência dos currículos. Contra conta, é claro, o fato de que Fangio, o “cabeça”, assume uma posição que jamais ocupou e isso traz inevitavelmente uma sombra de incerteza. Impossível cravar que dará certo, mas é também inegável que as perspectivas são promissoras. Essa é a parte boa.

Porém, a despeito dos bons ares que sopram da sideline, a verdade é que quem realmente faz diferença são os jogadores que entram em campo, e nesse quesito os Broncos pouco evoluíram em relação ao ano passado, de desempenho a ser esquecido. Uns tantos chegaram e uns tantos saíram, como de praxe, mas, tudo somado, é altamente questionável que hoje temos um time suficientemente melhor do que tínhamos em 2018.

Seguimos com graves problemas em posições-chave, tanto na defesa quanto no ataque, sendo o mais preocupante deles aquele que se refere à principal posição do jogo. Case Keenum não deu certo, foi um fracasso categórico e retumbante e tinha que sair. Nenhuma novidade aqui. Mas Flacco, um quarterback veterano entrando naquela idade em que a decadência é iminente, um cara que não joga em alto nível há meia década, um signal caller que no último ano conseguiu a façanha de perder a titularidade para um rookie meia-boca que jamais encheu os olhos de ninguém, é solução? Evidentemente e infelizmente tudo indica que não.

“Fracco” é melhor que Keenum, mas há melhoras nessa vida que são tão parcas que não implicam em solução. Há upgrades que na prática não alteram seu status e não resolvem o seu problema. Parece-me ser este o caso em relação à aposta de Elway, um general manager que, ironicamente, se notabiliza pelos fracassos na gestão e avaliação de quarterbacks — de fato seu único acerto (e foi um baita acerto, é preciso que se diga) foi apostar com convicção no Peyton Manning pós-lesão.

Lock, o suposto backup, recrutado por Elway numa barganha de segunda rodada no último draft, tampouco inspira qualquer confiança. Trata-se de um jogador fraco e limitadíssimo que, creio com toda a convicção que alguém que acompanha NFL e College há quase 15 anos pode ter, não terá qualquer futuro na NFL. Às vezes o barato sai caro. Nesse caso pelo menos o futuro a médio prazo não foi comprometido.

Resta esperar pelo melhor e torcer para que tudo dê certo. Os jogos de pré-temporada do próximo mês darão uma noção, ainda que vaga, do que está por vir. Estamos em uma divisão muito complicada, discutivelmente a mais difícil da NFL, e não será nada fácil vislumbrar horizontes de vitória e glória em 2019. Ainda assim lutaremos e estaremos juntos com nosso time do coração. Laranja é o coração, laranja é a corneta! Vamos juntos, amigos broncos! Go Broncos, sempre!

--

--

Rafael de Nuzzi Dias
Broncos Brasil feat. Broncast

Psicólogo apaixonado por ciências, artes e esportes. Torcedor fanático do Denver Broncos, do Chicago Cubs e do São Paulo FC. So it goes.