As principais lições de 49ers @ Broncos

Pedro Luís
Broncos Brasil feat. Broncast
6 min readAug 21, 2019

O jogo de segunda-feira entre Broncos e 49ers terminou 24–15 para o time da California, mas isso não importa. Como vínhamos insistindo, a galera que joga no segundo tempo será quase toda dispensada em menos de 10 dias e se tornarão contadores, corretores de imóveis e vendedores de seguros. O que interessa é o primeiro tempo, onde jogam os titulares e os primeiros reservas. E nessa parte fomos bem, ganhando a primeira metade de 9–3.

O RESPEITO VOLTOU

Abram o olho que o meu menino Bradley Chubb vem forte!

O que saltou aos olhos do torcedor mais empolgado foi como a defesa passou como um trator por cima de Jimmy Garopollo e seus amigos. A defesa jogou por 15 snaps, cedendo 32 jardas — em uma média de 2,1 jardas/snap. Mas não foi só isso. No jogo aéreo vimos Garopollo tentar 6 passes, completando apenas 1 para um total de 0 (zero mesmo) jardas.

Tudo isso só foi possível por conta da magia de Vic Fangio, que atordoou o ataque adversário com suas jogadas sofisticadas. Começamos pela linha defensiva, com Bradley Chubb comendo a linha ofensiva com farofa. Joe Staley — 6x selecionado para o Pro Bowl — foi simplesmente trucidado pelo nosso menino, que mostrou que vem para uma temporada daquelas. Em uma das jogadas, Chubb apressou o passe, que acabou em uma interceptação do Isaac Yiadom (tô avisando que ele vem bem desde novembro do ano passado). No segundo drive Chubb apressou novamente Garopollo, que lançou um passe no colo do De’Vante Bausby. Ao invés de deixar a bola cair com suavidade no colo, Bausby deixou a bola bater no queixo, perdendo uma pick-six fácil. Não foi desta vez que o líder de interceptações da finada AAF se consagrou. Por último, já contra os reservas dos 49ers, Chubb fez um belo strip-sack em CJ Beathard para selar a sua breve participação no jogo.

Como não amar este homem?

Outro jogador que brilhou foi o NT Shelby Harris. Ele teve 7 passes desviados em 2018, sendo o 10º no quesito em toda a NFL. Ontem, em 15 snaps, conseguiu desviar dois passes de Garopollo, conseguindo infernizar a vida do QB adversário. Sendo 2019 um ano de contrato, que Elway se prepare para abrir a carteira ou para deixá-lo ir embora. Ele é outro jogador que vem forte para 2019. É surreal pensar que Shelby Harris jogou tão poucos snaps em 2018. Só a presença de Vance Joseph explica tamanho absurdo.

Já na secundária, o time esteve voando. Mesmo sem Kareem Jackson e Bryce Callahan, os dois principais defensores adquiridos na offseason, a secundária viu Yiadom e Bausby cumprirem seus papéis com louvor. Não há reparos para colocar na defesa titular de Victor John Fangio.

O ATAQUE DE JOE FLACCO

Há vida no ataque liderado por Joe Flacco e Rich Scangarello. Com corridas dinâmicas de Phillip Lindsay e o jogo cerebral do nosso Checkdown Joe, vimos o time trabalhar o adversário por boa parte do campo para avançar com consistência. Das três vezes que o Elite esteve em campo, em duas o time pontuou e a única vez que o time foi para o punt, foi por causa de uma sequência de faltas lamentáveis. Dá pra dizer que o time evoluiu com consistência em diversos quesitos do ataque.

Eu já disse pra vocês que ele já foi MVP do Super Bowl?

Por parte de Joe Flacco pudemos ver a sua capacidade de trabalhar no meio do campo, algo apontado neste blog desde a chegada do QB. Além disso, vimos a bola distribuída por vários recebedores, como Emmanuel Sanders, Courtland Sutton, DeaSean Hamilton e Tim Patrick. Ao contrário do que esperávamos, os TEs apareceram menos do que o usual.

Mas se o ataque avançou com vigor pelo campo, duas áreas causam preocupação. A primeira delas é a linha ofensiva. Em 2018 a proteção ao passe foi algo crítico, que perturbou a saúde do mais paciente torcedor dos Broncos. Já o jogo corrido funcionou de maneira milagrosa até a fatídica lesão de Emmanuel Sanders. O que podemos dizer é que em 2019 vemos Flacco com mais tempo para fazer as jogadas — muito pela sua própria capacidade de manipular o pocket e estender as jogadas — enquanto os bloqueios para o jogo corrido passam a preocupar. Cada vez que o Royce Freeman encostou na bola foi engolido muito próximo à linha de scrimmage. Isso é algo que preocupa para 2019.

A segunda área de preocupação é a eficiência na redzone. O time titular dos Broncos ainda não marcou um TD durante os dois jogos de pré-temporada que disputou. O que vimos até aqui foi uma chuva de field goals e pudemos constatar que o kicker Brandon McManus segue afiado. Como destacou Deivis Chiodini no Twitter, esta foi uma área de preocupação para os 49ers de Scangarello em 2018 e parece que vai ser uma preocupação para 2019. Espero estar errado.

NOAH FANT NÃO É O GEORGE KITTLE

Muito comparado ao TE dos 49ers por terem vindo da mesma universidade e serem tight ends com grande atleticismo, temos que deixar claro que Noah Fant não é o George Kittle. A primeira coisa que temos que pontuar é a diferença de velocidade entre os dois e a segunda é o polimento que o jogador dos 49ers adquiriu com o tempo.

Mas não é isso o que importa nesta análise. O que importa é o que já avisamos há algum tempo: TE leva mais tempo do que a média para se adaptar ao jogo da NFL. Quais foram os últimos TEs que você se lembra de terem brilhado demais na temporada de rookie? Lembrou de algum? Se lembrou, com certeza é uma exceção. Noah Fant não deverá ser diferente. O jogador ainda não consegue se destacar nos jogos e vai levar um tempo até colocar o seu potencial em prática. Em tempo: sua lesão neste jogo foi leve e logo ele estará em campo com o time.

OS SPECIAL TEAMS NÃO TÊM NADA DE ESPECIAL

Os special teams serem terríveis não é novidade. Isiah McKenzie sempre tá por aí pra nos lembrar disso.

Nesta segunda vimos a defesa proteger vigorosamente cada jarda de campo, sem ceder avanço ao adversário, enquanto o ataque avançou lentamente, mas com constância. Se tudo isso é alentador, nos special teams o time cedeu tanto espaço que os avanços dos 49ers foram medidos em hectares. A cobertura de punts e kickoffs foi tinhosa de ruim, dando excelentes posições de campo para o ataque dos 49ers passar vergonha.

Eu não gosto de fazer inquisição, mas talvez seja hora de a gente se perguntar se valeu a pena demitir todos os coordenadores do Vance Joseph e manter o coordenador dos special teams. Pelo jeito Colby Wadman vai ter que chutar os punts pela lateral e o Brandon McManus vai ter que chutar a bola pelo fundo do campo para não dar chance de retorno. Melhor deixar os adversários começarem na linha de 25 jardas do que na linha de 45 após um retorno gigantesco.

RESUMÃO

O jogo de ontem foi para dar esperança ao torcedor. A defesa voltou a fazer jus ao talento reunido em Denver e o ataque passou a funcionar minimamente. Depois de Case Keenum até a chuva de checkdowns do Flacco é legal de ver. De modo geral o time vai bem, mas o diabo mora nos detalhes.

Já era sabido por todos que acompanham o blog que o time tinha buracos demais para ser bom já em 2019. Head coach ruim, LBs abaixo da média, CBs fracos, QB horrível, linha ofensiva fraca, TEs abaixo da média, recebedores inexperientes e ausência de retornadores — só pra começar a lista. Não tinha como tudo isso ser resolvido de uma vez só. O principal melhorou, mas existem dificuldades importantes a serem contornadas. Linha ofensiva preocupa, assim como os special teams. Às vezes um retorno vigoroso do rival é suficiente para botar um jogo a perder.

Há alegria e há otimismo, mas é um otimismo cauteloso. Go Broncos!

Como não se empolgar com o nosso vovô?

--

--

Pedro Luís
Broncos Brasil feat. Broncast

Torcedor do Denver Broncos. Editor, produtor e apresentador do Broncast, o mais completo podcast sobre o time em português. Um dos coordenadores do Broncos Br.