Drew Lock: O quarterback de Denver para 2020

Pedro Silva
Broncos Brasil feat. Broncast
5 min readDec 10, 2019

Faaala torcedores dos Broncos, tudo bem com vocês? Animados depois do jogo de domingo? O que acharam da atuação do nosso QB novato em sua segunda partida como titular na NFL? É sobre isso que vamos falar agora.

Para quem assistiu os dois jogos de Lock, percebeu algumas diferenças não só na posição, mas também no time como todo, as chamadas intangíveis relacionadas a posição (e que afetam todo mundo). Claro, quanto aos erros, alguns são normais de calouro (nesses casos nós vamos passar um pouco o pano, a experiência vai ajudar a corrigi-los), já outros são erros observados desde o college e precisam ser resolvidos rápido para que o novato possa se tornar um bom quarterback na NFL.

Energia para o time

Uma coisa que eu não sentia em Brandon Allen (muito menos em Joe Flacco) era energia, mas não estou falando de preparação física, estou falando de motivar o time, de ser o capitão da tropa, o último a perder as esperanças, e, ao olhar para a sideline e ver Lock (principalmente no jogo contra os Chargers, que foi definido no final), vejo um general, alguém que quer vencer e quer motivar suas tropas para o mesmo, e isso vai muito além do que acontece dentro de campo, é algo que você não vê só olhando boxscore, vai além disso, e é algo extremamente importante para o esporte (principalmente se tratando da principal posição do jogo).

Não quer dizer que vai ser sempre assim, nem que isso é a única coisa que deve ser vista ao escolher um franchise quarerback, mas, sem dúvida é algo que deve ser colocado na conta (a meu ver, foi uma das coisas que fez com que Cleveland escolhesse Baker Mayfield e não Sam Darnold), e nesse aspecto, Drew Lock já passou uma óima primeira impressão.

O passe de segurança: os TEs e RBs

Outra coisa que ficou bem aparente (principalmente no jogo contra Houston) é a importância dos passes para tight end e running back, a bola de segurança.

Um cara que sempre gostou muito de passar pra TE foi o Joe Flacco, e, ao herdar o playbook, Drew Lock se adaptou muito bem (algo que fez muita diferença é que temos ótimos TE recebendo a bola). Logo no seu primeiro passe no jogo contra os Texans, Lock achou Noah Fant, que ganhou um caminhão de jardas após a recepção. Em vários momentos chave da partida, lá estava o passe de segurança (seja ele pro TE seja pro RB). Os três passes pra td foram para TE e RB (Fant, Heuerman e Freeman, 1 cada um).

Manter essas jogadas de passe curto e jardas após a recepção para esses jogadores é fundamental para o playbook dos próximos jogos e da próxima temporada.

A importância do play action

O nosso jogo corrido não foi tão bem quanto estamos acostumados nos últimos dois jogos (o que mostra mais a importância de Lock nas vitórias), mas mesmo assim, quando o play action era acionado, funcionava muito bem (Lock foi bem efetivo nessas jogadas). 14 das 55 tentativas de passe nos dois últimos jogos foram chamadas de play action, o equivalente a aproximadamente 25,5% dos passes, foram 132 jardas (uma média de 9,4 (!!) por passe). O ideal é que Scangarello coloque um pouco mais de play actions no playbook (não a ponto de deixar previsível, claro, mas para aproveitar melhor o fato de Lock ter se dado bem no PA e de o nosso jogo corrido ser respeitado).

Apenas um detalhe a ser levantado, aproveitando que falei do play action:

Por mais importante que ele seja, não queremos um quarterback que seja dependente disso (alô Jared Goff, alô Trubisky), e de fato Lock não foi, pois, mesmo jogando contra as fortes defesas de Houston e LA, nenhum dos tds veio através do PA, e em muitas situações obvias de passe, o jovem QB mostrou capacidade de concluir a jogada sem depender dos RBs.

Os problemas…

Algumas coisas ainda precisam ser corrigidas, claro. Obviamente não vamos crucificar o novato por causa de alguns errinhos, mas eles devem ser apontados para então, serem corrigidos.

A progressão de passe não me pareceu um problema — ok, parte disso vem das jogadas bem desenhadas, onde a primeira leitura estava aberta e com janela para o passe — mas em situações onde era necessário passar para o recebedor 2 ou até três em algumas jogadas, ele foi bem e fez as leituras corretamente.

O problema veio na mecânica, em algumas situações onde estava sob pressão, Lock — apesar de ter ido bem, inclusive foi algo que elogiei no twitter durante o jogo — deixava a base do lançamento muito aberta, e confiava muito na força do braço, podendo prejudicar a precisão em algumas situações. O ideal é que durante os treinamentos e a próxima off season isso seja trabalhado para que erros derivados da precisão não apareçam em situações de pressão.

Outra coisa que apareceu foi a falta de precisão em algumas situações, mas não essa derivada da mecânica, apenas um mal posicionamento da bola, um problema que já era visto de vez em quando no college e precisa ser corrigido. Essa falta de precisão pode ser vista melhor em duas situações de passe errado: a primeira é um passe para o WR C. Sutton, onde a bola vem alta e para a direita demais, e nesse passe, o QB não estava sob pressão. A segunda situação é a interceptação de Lock, um passe forçado numa janela pequena — o que não é um problema, o primeiro td também foi lançado numa janela pequena e foi um baita passe — onde a bola chega mais pra trás do que deveria (under throw) e a esquerda do recebedor (deixando assim, fácil para o safety interceptar).

No geral, o quarterback sai com um saldo extremamente positivo dos dois jogos (e provavelmente com a titularidade de 2020 garantida). Existem problemas para corrigir? Sim, mas no final, quem não tem. O importante agora e focar em corrigi-los e melhorar os outros pontos negativos do time no draft. Lock tem uma ética de trabalho invejável, então, com o talento (que claramente ele tem) e com muito trabalho, o torcedor de Denver tem muitos motivos para ter esperança.

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Pedro Silva
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Guitarrista, estudante de economia e apaixonado pela bola oval, torcedor do Denver Broncos e redator no Broncast. Falo groselhas la no podcast Quarta Decida.