Quem deve ser cortado em 2019? — Como abrir espaço no salary cap
No primeiro post do Guia da Free Agency falamos sobre o Salary Cap do time e mostramos que o espaço de manobra é relativamente curto — especialmente porque o time terá 9 escolhas no draft de 2019. Deste modo, John Elway vai precisar revisar os contratos que o time tem para a próxima temporada. Os principais alvos são os jogadores que simplesmente não estão à altura do que o time espera, os que têm grandes contratos e aqueles que podem ter algum problema de rendimento ou disponibilidade em 2019. São 3 jogadores na defesa e 3 no ataque. Vamos aos nomes.
O principal candidato a corte é o safety Darian Stewart. O jogador campeão do Super Bowl na temporada de 2015 já é bastante veterano e há muito tempo não vem rendendo o suficiente para se justificar como titular no time. Para completar, o seu contrato prevê um cap hit de US$6.400.000 para o ano que vem. Deste valor, o time consegue economizar US$3.600.00 caso o dispense antes de começar a free agency. O declínio técnico, somado ao pesado contrato, faz com que a sua presença no grupo em 2019 seja absolutamente improvável.
S DARIAN STEWART
Contras: tem jogado muito pouco, quase nada
Prós: não tem
Junto com ele, outro candidato que não faz jus ao seu salário é o inside linebacker Brandon Marshall. Em 2018 o defensor recebeu US$7.000.000 em salários, US$1.000.000 a menos do que o monstruso Luke Kuechly. Com um salário tão alto, ele é mais um jogador que está na mira da tesoura para 2019. Para este ano o seu contrato terá um cap hit de US$9.000.000 e a sua dispensa nos abrirá US$5.000.000 em espaço no cap. Sua dispensa é eminente e o próprio jogador sabe disso. Inclusive, em entrevista no final da temporada, declarou que imagina que o jogo contra os Chargers provavelmente era o seu último com a camisa azul e laranja.
Recentemente o linebacker campeão do Super Bowl 50 declarou que ama jogar nos Broncos e que estaria aberto a reestruturar o seu contrato em prol de sua permanência. Esta é uma atitude louvável. Seu impacto na comunidade de Denver é incrível e ele é um linebacker bem acima da média. No entanto, seu contracheque não é o único problema. Foram 11 partidas jogadas no ano de 2018, sendo apenas 7 como titular. Em 2016 também foram 11 partidas jogadas. Sua disponibilidade tem se mostrado abaixo da ideal e isso pesará na decisão. A permanência do linebacker é tão improvável quanto a do safety Darian Stewart.
ILB BRANDON MARSHALL
Contras: salário e disponibilidade para jogar
Prós: bom jogador e disposição para renegociar o contrato
Dentro da temática dos grandes salários do time podemos encontrar outro defensor campeão do Super Bowl. Derek Wolfe tem o 4º maior cap hit previsto para 2019. O defensive end segue jogando uma enormidade, como sempre, mas algumas outras questões pesam contra. A primeira delas é a frequência das lesões que o jogador enfrenta. Ainda que não tenha perdido nenhum jogo, as lesões são frequentes no currículo do jogador. A segunda questão é a que a linha defensiva é uma das posições mais fortes do time, contando com Adam Gotsis, Zach Kerr (provavelmente voltará com contrato renovado) e Shelby Harris. O terceiro ponto é que o draft 2019 tem grandes opções para a posição, o que facilita a reposição. Ver tudo isso dói o coração porque Derek Wolfe é um dos jogadores que melhor personifica o que foi o auge da nossa defesa.
No entanto, o jogador é um dos motores do time dentro de campo, com sua produtividade e motivação. Assim, ele é um dos líderes do vestiário. Chris Harris Jr. reclamou que ele viu muitos veteranos acomodados com as derrotas e que por isso ele esperava uma grande limpa no time. Derek Wolfe certamente não se encaixa nesta definição. Além disso, a sua produtividade continua em alta. Na última temporada foram 5,5 sacks e diversas jogadas adversárias arruinadas por conta de sua ação. Considerando tudo isso, existe o risco de que o jogador seja cortado ou trocado, mas o mais provável é que John Elway chame o jogador para reestruturar o seu contrato — oferecendo dinheiro garantido no futuro em troca de um valor mais amigável.
DE DEREK WOLFE
Contras: alto salário, lesões e opções de substituição
Prós: bom nível de jogo e liderança
No ataque a questão é um misto de cap hit com lesão. O LG Ron Leary e o WR Emmanuel Sanders são candidatos a corte. O Left Guard corre risco de corte por conta das duas últimas temporadas, que jogou 11 (2017) e 6 (2018) jogos. Sem conseguir se manter em campo, o excelente guard completará 30 anos em 2019 e ainda não conseguiu deixar a sua marca na linha ofensiva do time.
Em sua carreira de 6 anos na NFL, Leary só conseguiu jogar todas as partidas da temporada regular em 2013, com o Dallas Cowboys. Com um contrato de US$9.375.000 para 2019 e um dead cap de apenas US$1.750.000, o veterano é um dos principais candidatos a corte no time de ataque do Denver Broncos. Se seu contrato for encerrado por John Elway, isso deve ocorrer logo no começo da free agency, já que seu contrato prevê US$5.350.000 em salário garantido se o jogador estiver no time a partir do dia 18 de março. Se o time pode economizar quase 8 milhões ao cortar o guard, o que conta ao seu favor é a dificuldade de produção da linha ofensiva em Denver.
LG RON LEARY
Contras: salário e lesões em abundância
Prós: é um excelente jogador em uma unidade carente de qualidade
Enquanto o problema do Ron Leary são as lesões do passado, a questão do Emmanuel Sanders é a dúvida que paira sobre seu futuro. Na semana 14 o jogador rompeu o seu tendão de aquiles durante o treinamento. Esta lesão é uma das mais graves que um atleta pode sofrer em termos de tempo de recuperação e risco à sua carreira. O atleta perderá os OTAs e o Training Camp por conta de sua recuperação e é possível que não esteja apto a jogar na semana 1.
Sendo o único WR veterano do time, sua presença se faz fundamental para que o time tenha estabilidade na posição. Assim, o mais provável é que Sanders seja dispensado na free agency em favor de um WR que possa participar da temporada de treinamentos e que esteja pronto para a semana 1. O seu contrato também não ajuda neste caso, já que o seu salário de US$12.937.500 para 2019 não é garantido e o dead cap é de US$2.687.500. Caso seja cortado até o dia 12/3, o time economizará mais de 10 milhões de dólares, o que deve ser suficiente para a contratação de outro WR experiente.
WR EMMANUEL SANDERS
Contras: pode não estar disponível na semana 1, pode não voltar a jogar no mesmo nível
Prós: excelente recebedor
Este último jogador é bem menos provável e talvez a gente esteja jogando para a torcida, mas há uma esperança. O quarterback Case Keenum não tem conseguido render o esperado desde que foi contratado. É evidente que o coordenador ofensivo é horroroso e o ataque sofreu uma chuva de lesões, mas pode ser que o time tenha em mente que cada um siga o seu caminho. A editoria não vê nenhum QB da free agency que possa resolver o nosso problema, mas uma campanha negativa e uma troca de treinador pode fazer com que a coisa mude de figura.
Muitos apontam que trazer um novo QB na free agency é inviável porque Keenum tem um dead cap de US$10.000.000 em caso de dispensa. Entretanto, existe uma outra possibilidade. Caso o time se interesse, há a possibilidade de trocar o QB e ter apenas US$3.000.000 em dead cap. E esta operação é bem possível de ser feita porque Case Keenum já teve uma boa temporada no passado e porque está em último ano de contrato, ou seja, pode ser facilmente dispensado caso não agrade. Daí o leitor se pergunta: quem pagaria alguma coisa pelo Keenum. Bom, em último caso, os Broncos podem enviar o QB para o time de destino trocando escolhas equivalente — como, por exemplo, cada time manda para o outro uma escolha de 5ª rodada. Todo mundo ganha.
QB CASE KEENUM
Contras: simplesmente não é bom o suficiente
Prós: deixo essa para a nação laranja decidir.
Se o time começará a free agency com cerca de US$33.000.000 para gastar, a coisa pode e deve mudar de figura após os cortes que serão feitos por John Elway. Para ilustrar como ficaria o nosso cap, fizemos alguns cenários para deixar mais claro que proporção a coisa pode tomar.
Cenário 1: corte do Brandon Marshall e do Darian Stewart. Este é o cenário mais óbvio. Primeiro porque são os candidatos mais óbvios, mas também porque ambos já tem substitutos no time. Para ILB o time conta com Todd Davis e Josey Jewell e para FS o time conta com Justin Simmons.
Cenário 2: cenário 1+ corte do Emmanuel Sanders e do Ron Leary. Aqui o furo é mais embaixo. São dois jogadores que têm uma chance razoável de serem cortados, mas a economia vai gerar novas necessidades a serem preenchidas. Sanders com certeza vai precisar de um substituto na free agency e Leary pode ser substituído na free agency ou no draft.
Cenário 3: cenário 2 + corte do Wolfe. Este seria o cenário mais extremo. Caso Elway mude de ideia e decida fazer um rebuild, é assim que o cap vai ficar.
Neste caso dos cenários nós não consideramos o caso do Keenum por duas razões. A primeira é que seria uma movimentação altamente improvável. A segunda é que a saída dele acarretaria na chegada de um jogador de salário equivalente. Não haveria mudança de cap significativa, na prática.
No fim das contas, fica claro que há como reverter a situação de salary cap curto. Com algumas movimentações é possível ir de um salary cap de 33 milhões para 52 milhões de maneira relativamente simples. É claro que dói cortar na própria carne, mas o General Manager recebe um salário polpudo justamente para tomar as decisões difíceis. Vamos ver o quanto John Elway imagina que necessitará deste valor e o quão profunda vão ser as mudanças no elenco para 2019.
Você está em um post da série do Guia da Free Agency. Se você quiser ver mais, aqui estão listados os outros capítulos do guia.
