Review da temporada — Quarterback play

Victor Matheus
Broncos Brasil feat. Broncast
6 min readJul 3, 2019

Que saudades do meu ex, diria o fã do Denver Broncos. Que saudades do meu ex-Quarterback Peyton Manning. Os últimos 3 anos foram uma total confusão na posição mais importante do jogo para os Broncos e isso, obviamente, refletiu no desempenho do time. Não se vence na NFL com um mínimo de estabilidade na posição de Quarterback.

Anos de Trevor Siemian, Paxton Lynch, Brock Osweiler e, mais recentemente, Case Keenum. A situação era tão alarmante que até Kyle Sloter e Chad Kelly soaram como esperança para alguns torcedores, simplesmente por terem jogado bem nos jogos de pré-temporada com e contra times reservas ou jogadores que nem na NFL estão mais.

Como é de conhecimento geral, essa série de textos está focada apenas no sombrio ano de 2018, então tornaremos nossas atenções para a estrela do nosso texto de hoje: Case Keenum, o homem que teve um 2017 mágico e que provavelmente nunca mais se repetirá. Ganhou um bom contrato na offseason de 2018 como o 2º QB mais cobiçado na janela de Free Agency, perdendo apenas para Kirk Cousins.

Dois homens felizes por terem recebido bons contratos na Free Agency.

Principalmente quando comparado ao QB dos Vikings, Keenum não recebeu um mega contrato. Recebeu um contrato que justificava o que ele havia feito em 2017, esperando-se pelo menos que jogasse perto do apresentado no ano anterior. O que nem de longe aconteceu.

A situação de Keenum nos Broncos era bem mais complicada que nos Vikings, sem dúvidas. Os Vikings de 2017 possuíam 2 alvos de nome e no auge (Adam Thielen e Stefon Diggs), 1 tight end de confiança (Kyle Rudolph) e um jogo corrido tão bom quanto o dos Broncos de 2018, apesar da lesão de Dalvin Cook no começo da temporada. Latavius Murray e Jerick McKinnon deram conta do recado e formaram um dos melhores backfields em 2017. A linha ofensiva foi sólida, na medida do possível, e a defesa dos Vikings é muito boa, talvez até melhor que a dos Broncos de 2017 para cá. Sem falar na comissão técnica com Mike Zimmerman e Pat Shurmur (agora Head Coach dos Giants) que dispensa comentários e é infinitamente superior a Vance Joseph e seus lacaios.

O elenco de apoio a Keenum nos Vikings, portanto, era consideravelmente melhor que dos Broncos em sua curta passagem. Mas isso retira a culpa do nosso ex-signal caller? Evidente que não. Keenum tem sua parcela de culpa e, por ser o “general” do time, a cobrança que recai sobre ele tem que ser maior. Ele é o líder do ataque. O ataque não foi bem. Deve ser cobrado devidamente, principalmente pelo fato de ter conquistado a confiança de Elway a ponto de ter sido o QB escolhido por ele na Free Agency.

Pode-se argumentar que os Broncos sofreram com lesões, principalmente no ataque. Vejamos quando ocorreram as principais lesões:

Semana 4 — Jake Butt (fora do resto da temporada)
Semana 5 — Jared Veldheer
Semana 8 — DaeSean Hamilton, Royce Freeman e Jared Veldheer
Semana 9 — DaeSean Hamilton
Semana 11—Max Garcia e Matt Paradis (ambos fora do resto da temporada)
Semana 14 — Emmanuel Sanders (fora do resto da temporada)
Semana 17 — Phillip Lindsay

Além disso, no Trade Deadline da NFL trocamos o WR Demaryius Thomas para o Houston Texans, reduzindo ainda mais o número de armas disponíveis para Keenum. Mas isso tudo realmente é um motivo para livrar qualquer envolvimento de Case Keenum no insucesso dos Broncos em 2018? Os números não mentem.

Fonte: Site oficial da NFL

A tabela acima mostra o desempenho de Keenum nos primeiros 9 jogos da temporada, antes da bye week, ou seja, jogos os quais não houve baixas importantíssimas por lesões. Nota-se que Keenum lançou para 11 TDs e 10 INTs nesse período. Para se ter uma noção, utilizando como base os 9 primeiros jogos de Keenum como titular em 2017, seus números foram bem melhores: 12 TDs e 5 INTs, como podemos observar abaixo. Outro dado que assusta e comprova a diferença entre os times é o recorde das equipes nesse período da temporada. Broncos com 3–6 e Vikings com 8–2 (Sam Bradford começou como titular em 2017 e ganhou seu único jogo como starter).

Fonte: Site oficial da NFL

A pergunta que vem a tona é: por que Case Keenum não deu certo nos Broncos como deu nos Vikings? Keenum não foi exatamente um sucesso de QB pelos Vikings, mas fez uma temporada consistente e com números sólidos. Não acredito que tenha mudado muita coisa de 2017 para 2018 em relação a Keenum como jogador. O que mudou realmente foi o elenco de apoio e o contexto do jogo.

Em Denver, Keenum foi colocado em situações que os Vikings de 2017 raramente o colocavam. Situações de apuros e de necessidade de virar um jogo difícil não foram rotina na vida de Case em Minnesota, tirando, é claro, o milagre de Minnesota contra os Saints no Divisional Round (jogo o qual garantiu a Case Keenum um contrato gordo na Free Agency).

O grande problema dos Quarterbacks dos Broncos em 2017 era a incapacidade de serem o cara dos momentos nos quais o time não o favorece. Trevor Siemian foi exemplo clássico dessa tese. Enquanto o time estava num bom momento, impôs números que Keenum poucas vezes mostrou usando laranja e azul. Os três trapalhões de 2017 (Siemian, Osweiler e Lynch) não apresentaram essa virtude de ser o líder dos grandes momentos de dificuldade. Keenum chegou para ser esse cara.

Imagens de dor e sofrimento de um passado não tão distante.

Essa virada de chave na forma como Keenum teve que encarar o jogo foi sua derrocada. Muitas vezes parecia afobado ao tentar mostrar serviço demais e se excedendo na participação do jogo. No final das contas, acabou sendo justamente nosso maior pesadelo com as experiências anteriores: o QB que forçava nos momentos errados e custava jogos, exatamente o oposto do QB frio e decisivo que fora em 2017.

Keenum jamais foi tratado como um starter indiscutível. A primeira vez com essa alcunha foi nos Broncos. Não é exagero dizer que pagamos um contrato de um starter medíocre para um cara que no máximo tem qualidade para ser um bom backup na NFL. Apesar de todos os defeitos dos QBs de 2017, ao menos eles eram extremamente baratos. Keenum nos custou Salary Cap em 2018 e também em 2019, mesmo não estando no time.

A cara do torcedor dos Broncos quando lembra que Keenum tem dead cap para 2019.

A troca por Joe Flacco representa muito mais que uma mera mudança na posição. Elway não só vê Flacco como um QB mais pronto para as adversidades, como vê um cara com ampla experiência como titular. Como cara da franquia. Keenum não é um péssimo QB como muitos pregam e tem flashes de liderança, mas jamais passará de um andarilho, buscando sempre um novo lugar para ser um reserva.

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Victor Matheus
Broncos Brasil feat. Broncast

22, estagiário de engenharia elétrica em Furnas. Escrevo para o @Broncos_Br e participo do @broncast_pod regularmente! @FluminenseFC @realmadrid @Broncos