Tá na hora de encarar: estamos em um soft rebuild

Pedro Luís
Broncos Brasil feat. Broncast
4 min readOct 1, 2019
John Elway, tu quer enganar quem com esse papo de ganhar já?

John Elway não falou publicamente e ele pode até acreditar que este time foi montado com o intuito de ganhar já, mas a verdade inevitável é que estamos encarando um soft rebuild. Sim, um rebuild. O time que ganhou o Super Bowl não nos pertence mais, pelo menos no mundo físico. Ele só nos pertence no campo das memórias. Parece que faz um milhão de anos que o time comandado por Peyton Manning e Von Miller ganhou o Lombardy Trophy, mas foi em fevereiro de 2016. É duro, meu caro torcedor sofrido.

Mas que diabos é esse soft rebuild? Bom, o rebuild tradicional consiste em se livrar de todo mundo, botando a casa abaixo e construindo um novo time que tenha condições de ser campeão a longo prazo. De certo modo, estamos encarando um rebuild, sim. Peyton Manning se foi, CJ Anderson se foi, Demariyus Thomas também. Posso estar equivocado, mas o único jogador ofensivo daquele elenco que segue entre nós é o veterano WR Emmanuel Sanders. O resto se foi.

Já na defesa, vimos muitos outros irem. Aqib Talib, TJ Ward, Darian Stewart, Bradley Roby, Malik Jackson, Brandon Marshall e Danny Trevathan não estão mais entre nós também. Restaram os veteranos Von Miller, Chris Harris Jr e Derek Wolfe. E só. Temos novas caras e lideranças surgindo no lado defensivo da bola, dando uma nova cara ao time. Bradley Chubb, Shelby Harris, Josey Jewell, Justin Simmons, Kareem Jackson, além do contratado por estrear — Bryce Callahan. Já no lado ofensivo, trouxemos jogadores como Joe Flacco, Phillip Lindsay, Royce Freeman, Noah Fant, Dalton Risner, Andy Janovich, Courtland Sutton, além dos jogadores que precisam estrear na temporada — Ja’Wuan James (praticamente nem estreou), Theo Riddick e Drew Lock.

Basicamente a ideia aqui é: o time é todo novo. Mas não para por aí. A comissão técnica também. Trouxemos Vic Fangio, com uma filosofia vitoriosa do lado defensivo da bola, mas completamente diferente do nosso vovô Wade Phillips. Trouxemos Rich Scangarello, da escola Mike Shannahan. Trouxemos Mike Munchak, pra tentar arrumar a zona que é a nossa linha ofensiva. Mudou muita coisa. Muita mesmo. E tudo isso leva tempo para se ajeitar. Os jogadores precisam aprender o sistema e, além disso, a comissão precisa ver o material que tem em mãos, pra saber quem consegue executar o esquema e quem não consegue.

Este é o ano para termos certeza de que Garett Bolles não consegue dar conta do serviço como LT. É o ano pra ver se Connor McGovern pode ser o nosso Center. Ja’Jwuan James pode acabar com a nossa sequência infindável de péssimos RTs? Noah Fant pode responder a nossa necessidade gritante na posição de TE? Vocês já entenderam o que eu quise dizer. Eu poderia seguir aqui, mas vou apenas apontar nomes que são grandes interrogações, mas que começam a se desenhar conforme se desenrola a temporada. Sanders voltando de lesão, Sutton em seu segundo ano, Flacco e seus 34 anos, Drew Lock e seu processo de virar um QB de verdade, Wolfe buscando provar que tem gás, Chubb e Miller atrás da confirmação de que podem ser o melhor duo de pass rushers da liga, o deserto que é a posição de ILB, a bagunça da DL, Chris Harris Jr chegando a conclusão de que precisa sair de Denver pra ontem, Kareem Jackson virando safety full time (ou o Fangio tentando que isso aconteça) e Simmons em seu último ano de contrato.

Os buracos eram imensos e a offseason tem oportunidades limitadas. Pudemos fazer esforços para LG, RT, TE, QB, CB e S, mas o draft tem um número finito de escolhas e o salary cap impede que contratemos todo mundo na free agency. Eu sei que o Elwau não ajudou com aquela ladainha de ganhar agora, mas com um 4–0 na conta, nos resta assistir aos próximos 12 jogos com o olhar do futuro, procurando os bons valores para construir um time vencedor em um futuro próximo.

E aquela história de soft rebuild? Pois não é um rebuild completo porque o time não trocou as seus veteranos mais importantes, mas se a situação seguir assim, poderemos ver a partida de Chris Harris Jr, Derek Wolfe e Emmanuel Sanders. Assim sendo, coragem e força, caro torcedor sofrido. Coragem e força, mas também um pouco de esperança de que o time pode mais em um futuro próximo porque a comissão tem bons valores e o time tem bons jogadores jovens. Trust the process. Go Broncos!

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Pedro Luís
Broncos Brasil feat. Broncast

Torcedor do Denver Broncos. Editor, produtor e apresentador do Broncast, o mais completo podcast sobre o time em português. Um dos coordenadores do Broncos Br.