Duna Capítulo 13: Mahdi!

Bruno Birth
brunobirth
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3 min readJul 23, 2020

“Naquele primeiro dia, quando Muad’Dib cruzou as ruas de Arrakina com sua família, algumas pessoas no caminho lembraram-se das lendas e da profecia e arriscaram-se a gritar: ‘Mahdi!’. Mas seu grito foi mais uma pergunta do que uma afirmação, pois então só podiam esperar que ele fosse a Lisan Al-Gaib das profecias, a Voz do Mundo Exterior. Concentrarma a sua atenção também na mãe, porque tinha ouvido falar que ela era uma Bene Gesserit, e era óbvio que ela era como as outras Lisan Al-Gaib.”

O artigo a seguir se baseia em minhas reflexões e nas de meus amigos Jonathan Thiago e Marcos Carvalho. CONTÉM SPOILERS DO LIVRO UM.

Como de costume, a princesa Irulan nos faz revelações importantes na abertura do capítulo. No excerto acima ela mostra mais alguns complementos do que já foi mostrado acerca da profecia do Kwisatz Haderach, o messias do mundo de Duna. Os termos “Mahdi” e “Lisan Al-Gaib” só mostram como as lendas das Bene Gesserit transitam por diferentes culturas, sendo essas lendas pelas próprias irmãs disseminadas, como já falamos. Só não sabemos os motivos por trás desse tipo de “evangelização” das Bene Gesserit. Quando Irulan cita que os transeuntes de Arrakina chamavam Paul de Lisan Al-Gaib e logo após afirma que lady Jessica era uma Lisan Al-Gaib, podemos concluir que tal intitulação é uma variação idiomática do termo Bene Gesserit e que, ao chamar Paul assim, os arrakinos estão apenas reverberando o que diz a lenda do Kwisatz Haderach, ou seja, aquele que consegue enxergar a verdade do passado por todas as lentes possíveis, tanto a de esfera masculina quanto a de feminina, o que as irmãs Bene Gesserit não conseguem, sendo limitadas à visão de aspecto feminino, como também já foi dito.
Frank Herbert nesse trecho parece nos fazer uma pequena e importante revisão da lenda, com algumas pitadas de construção de mundo a mais. Essa revisão gira em torno do assunto principal da história, por isso se faz necessária.

Adiante, vemos como a audácia de Leto pode colocar em xeque a turbulenta parceria entre o imperador padixá e os Harkonnen contra os Atreides. Até então, haviam poucas dicas de que essa união existe, tornando a situação dos Atreides um pouco mais complicada e trazendo mistério sobre o porquê de o imperador estar agindo contra o duque Leto. Contudo, se os planos de Leto derem certo, podemos ver um abalo na organização do Landsraad, o que promete.

Então chegamos à desconfiança de Hawat. Já não é mais segredo para ninguém de que há um traidor entre os Atreides. O homem de maior confiança de Leto acaba revelando suspeitas sobre lady Jessica, o que naturalmente enfurece o duque, que forçadamente permite que Hawat vigie os passos de sua concubina. Uma verdadeira situação de cachorro correndo atrás do próprio rabo essa, mas que o duque enxerga algum potencial, uma vez que possa talvez usar essa desconfiança (falsa da parte dele) como forma de o verdadeiro traidor surgir.

Por fim, o duque começa a pensar sobre como os arrakinos trataram Paul. Hawat o entrega um registro com detalhes sobre a religião fremen, suas lendas, algo que esperamos muito ver com mais detalhes em breve. Leto Atreides acha interessante a aura messiânica em torno de seu filho mas à primeiro momento se foca em enxergar o aspecto manipulativo social por trás da tal lenda. Como mencionamos na análise sobre Shadout Mapes, era esperado que o telefone sem fio de Arrakis funcionaria bem após a fremen julgar Jessica como a Bene Gesserit escolhida, portanto, mãe do messias, o Mahdi. Agora, a aliança entre os fremen e Atreides vai cada vez mais ganhando força de modo natural, ainda mais após o episódio ocorrido na reunião do alto escalão do duque. Só nos resta esperar os próximos capítulos.

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Bruno Birth
brunobirth

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