Duna Capítulo 47: Santa Alia da Faca

Bruno Birth
brunobirth
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4 min readOct 7, 2020

“E Muad’Dib se apresentou diante deles e disse: ‘Apesar de darmos os prisioneiros como mortos, ela ainda vive. Pois sua semente é minha semente, e sua voz é minha voz. E Ela enxerga as regiões mais longínquas da possibilidade. Sim, até o vale do incognoscível ela enxerga, por minha causa.”

O artigo a seguir se baseia em minhas reflexões e nas de meu amigo Marcos Carvalho. CONTÉM SPOILERS DO LIVRO UM.

Eis que o barão Vladimir Harkonnen é levado à presença do imperador padixá Shaddam IV, da Casa Corrino. O encontro acontece no acampamento militar dos Sardaukar em Arrakis. Os preparos para o ataque contra a seita de Muad’Dib são lançados sob a vasta proteção da muralha escudo.
A situação é tensa. Uma incerteza percorre os olhos de todos. Sem dar muitos detalhes, os membros da Guilda estão em polvorosa pois, como Paul Atreides esperava, os representantes do monopólio logístico do imperium sabem que os fremen possuem a capacidade de destruir a reserva de melangé de Arrakis. Se os nativos do planeta desértico destruíssem a especiaria acabariam com o combustível principal dos transportes a englobar absolutamente todas as necessidades da galáxia.
Recaiu sobre o imperador a responsabilidade de resolver esse problema que à primeira instância foi menosprezado mas que agora reclamava sua devida importância. Padixá sente a intensa cobrança de atitude por parte da Guilda Espacial e desconta sua frustração no barão Harkonnen, que neste capítulo (em resultado de todo o desenrolar de enredo em torno de sua ignorância sobre o planeta Duna) se revela um completo desavisado sobre tudo envolvendo Muad’Dib, a revolta dos fremen e o despertar de Arrakis.

Em um movimento de muita inteligência, por meio de seus soldados Sardaukar, o imperador conseguiu colocar suas mãos em Alia, a irmãzinha de Paul e (aparentemente) matou Leto II, o filho de Paul com Chani. Os três anos de espionagem em Arrakis por parte de padixá surtiram efeito.
Só quando a garotinha aparece em na reunião, chamada por padixá, e revela tudo o que está acontecendo do modo mais presunçoso possível a uma criança é que o barão percebe o que esteve acontecendo em Arrakis nos últimos três anos. Os fantasmas dos inimigos mortais do barão haviam voltado para assombrá-lo.
É importante ressaltar o retorno da Reverenda Madre Gaius Helen Mohiam ao livro. A Bene Gesserit de confiança de Shaddam IV só havia aparecido no capítulo Um, quando foi a Caladan para repreender Jessica por ter dado a luz a um menino, contrariando as regras explícitas da irmandade Bene Gesserit de dar a luz só a meninas aos Atreides. O plano era cruzar a filha dos Atreides com Feyd-Rautha Harkonnen. Dessa linhagem as irmãs acreditavam poder extrair o Kwisatz Haderach e extinguir a querela entre os Atreides e os Harkonnen.
Mas tudo foi por água abaixo e as Bene Gesserit desconsideraram completamente a possibilidade de Paul Atreides ser o Kwisatz Haderach. Contudo, como já falamos tanto, o que é o destino senão uma construção? Uma tentativa de domar a aleatoriedade existencial a fim de ensinar um indivíduo a convergir sua vida para os aspectos “predestinatórios” do destino? Dessa relação surgiu Paul Muad’Dib, um vaso moldado por lady Jessica para conter dentro de si a água da vida do messias de Duna.
A Reverenda Madre Gaius Helen se assusta absurdamente com Alia. A menina demonstra maturidade extraordinária e ameaçadora, uma filhote de bruxa para todos os efeitos dos conhecimentos místicos das Bene Gesserit.

O barão? Tenta em vão se explicar ao imperador enquanto ainda absorve o choque da descoberta de que Paul Atreides, além de estar vivo, “está indo pegá-lo”, como Alia avisou com sua arrogância infante.
Mas antes de qualquer chance de remissão do barão Vladimir Harkonnen, a paciência de Paul Muad’Dib e dos fremen chega ao fim e uma série de explosões atômicas absurdas botam a muralha escudo abaixo. Um ataque inesperado e avassalador acontece e só mesmo lendo para se ter noção do quão épica é essa cena, então não detalharei mais.

Quando Santa Alia da Faca era citada ao longo de umas poucas passagens do livro eu ficava pensando porque “da faca”. A resposta é bem marcante e assustadora, na verdade. Com toda a certeza a pequena Alia parece ainda ter muito a realizar em sua vida. Ao contrário do barão Vladimir Harkonnen, que acabou sofrendo o veneno mortal do Gom Jabbar dos Atreides.

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Bruno Birth
brunobirth

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