Os cogumelos mágicos que inspiraram “Duna”, de Frank Herbert

Bruno Birth
brunobirth
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3 min readSep 13, 2020

Qualquer pessoa que tenha lido Duna, o clássico romance de ficção científica de Frank Herbert, terá refletido sobre a inspiração para a fictícia especiaria mélange, descrita no livro como supostamente a mercadoria mais valiosa do universo. Esta droga natural só pode ser encontrada no planeta Arrakis e há um imenso interesse em torno desta especiaria, pois sua química provém aos seus usuários maior consciência, longevidade e a chamada “presciência”, ou seja, a capacidade de ver o futuro.
Mélange também é a fonte de energia para as gigantescas espaçonaves de transporte da Guilda Espacial, os chamados “paquetes”. A droga permite a um piloto que guie um paquete com segurança durante um longo percurso, sob o processo chamado “transe de navegação”.
Em suma, se trata de uma droga útil. A desvantagem? A especiaria leva ao vício, tendo como um dos efeitos colaterais o tingimento completo dos olhos do usuário recorrente em um azul luminoso. A abstinência pode ser fatal.

Na época da publicação do livro Um, em 1965, muitos pensaram que Herbert estava fazendo referência ao LSD, algo que o cineasta Alejandro Jodorowsky considerou quando planejou uma adaptação cinematográfica da obra na década de 1970. Jodorowsky declarou o seguinte sobre a concepção da especiaria em seu filme:

“… às pessoas que usavam LSD naquela época, a especiaria podia dar as alucinações da droga, sem que precisassem de fato tomar LSD.”

Contudo, a verdade é que Herbert estava fazendo uma referência aos psicodélicos. Em particular, sua própria predileção por cogumelos mágicos, como Paul Stamets explica em seu livro “Mycelium Running: How Mushrooms Can Help Save the World”.

Leia um trecho da declaração de Stamets presente no livro sobre Frank Herbert:

“Frank Herbert, o conhecido autor dos livros da saga ‘Duna’, me contou sua técnica para usar esporos. Quando o conheci, no início dos anos 1980, Frank gostava de coletar cogumelos em sua propriedade perto de Port Townsend, Washington. Um ávido colecionador de cogumelos, ele sentiu que jogar seus cantarelos silvestres que não fossem perfeitos no lixo não fazia sentido. Em vez disso, ele colocava alguns cantarelos mais rústicos (por exposição ao clima) em um balde de 5 galões de água, acrescentava um pouco de sal e, depois de um tempo, despejava essa pasta de esporos no solo na base dos abetos recém-plantados. Quando ele me disse que os cantarelos brilhavam em árvores com menos de 10 anos de idade, não pude acreditar. Ninguém havia relatado anteriormente sobre cantarelos surgidos perto de árvores tão jovens, nem sobre seu crescimento como resultado do uso deste método em específico.

Claro, funcionou para Frank, que simplesmente estava seguindo o caminho da natureza.

A descoberta de Frank agora foi confirmada na indústria de cogumelos. Sabe-se agora que é possível cultivar muitos cogumelos usando pastas de esporos de cogumelos mais velhos. Muitas variáveis ​​entram em jogo, mas, de certa forma, esse método é apenas uma variação do que acontece quando chove. A água dilui os esporos dos cogumelos e os transporta para novos ambientes. Nossa responsabilidade é facilitar esse caminho. Assim é a natureza.

Frank passou a me contar muito da premissa de ‘Duna’. A especiaria mágica (esporos) que permitia a curvatura do espaço (alucinação), os vermes gigantes (larvas que digerem cogumelos), os olhos dos fremen (o azul cerúleo de cogumelos de psilocibina), o misticismo das guerreiras espirituais femininas, as chamadas ‘Bene Gesserit’ (criação influenciada pelos contos de Maria Sabina e os sagrados cultos de cogumelos do México). Tudo veio da percepção que Frank Herbert teve do ciclo de vida dos fungos, e sua imaginação foi estimulada por suas experiências com os uso de cogumelos mágicos.”

O artigo acima é uma tradução livre do artigo MAGIC MUSHROOMS INSPIRED FRANK HERBERT’S “DUNE”. Leia o artigo original (em inglês) clicando AQUI.

A aguardada adaptação cinematográfica do livro Um de Duna chegará aos cinemas em dezembro de 2020, sob a direção de Denis Villeneuve (A Chegada e Blade Runner 2049).
Se você já leu o livro Um ou planeja lê-lo antes do lançamento filme, convido-o a acompanhar meus artigos de análises dos capítulos em meu perfil aqui no Medium. Leia a resenha do capítulo um de Duna clicando AQUI.

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Bruno Birth
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